O Brasil é um dos países com a maior cobertura florestal do mundo, com a Floresta Amazônica representando cerca de 60% do território nacional. Ela é fundamental para o equilíbrio climático global, porque é um dos principais sumidouros de carbono do planeta — o que significa que a Amazônia pode capturar e armazenar abundantes quantidades de carbono, ajudando a reduzir as emissões de gases do efeito estufa.
O crédito em carbono é uma ferramenta importante para a redução da emissão desses gases e para a mitigação dos efeitos do aquecimento global e o Brasil tem todas as condições para liderar o mercado de crédito de carbono, devido à sua matriz energética renovável e às suas vantagens geográficas e climáticas.
O que é crédito em carbono?
Créditos de carbono são uma forma de compensação por emissões de gases do efeito estufa (GEE). As empresas, governos e outras organizações podem investir em projetos que reduzem essas emissões ou capturam carbono da atmosfera, a fim de obter créditos para compensar suas próprias emissões. Cada crédito de carbono representa a redução de uma tonelada de emissões de dióxido de carbono (CO2) equivalente.
A floresta amazônica cobre boa parte do país e é um dos sumidouros de carbono mais importantes do mundoFonte: Getty Images
O conceito de créditos de carbono foi estabelecido pelo Protocolo de Quioto em 1997, que determinou metas para a redução das emissões de gases de efeito estufa. Desde então, muitos países aderiram ao mercado de carbono, e o Brasil pode liderar esse mercado devido às suas vastas áreas de florestas, que podem ser utilizadas para a realização de projetos de compensação de carbono.
Saiba como funciona o crédito em carbono
Os créditos de carbono são gerados através de projetos de redução de emissões ou de captação de carbono, que visam reduzir as emissões de GEE ou remover o CO2 da atmosfera.
Alguns dos projetos podem incluir, por exemplo, a utilização de energia renovável em vez de combustíveis fósseis, a implementação de práticas agrícolas sustentáveis, o reflorestamento ou a conservação de florestas existentes.
Um país ou empresa que consegue reduzir suas emissões de CO2 abaixo de um determinado limite recebe créditos de carbono que podem ser vendidos para outros países ou empresas que não conseguem atingir esse limite.
Essa é uma forma de incentivar a redução de emissões de carbono, premiando aqueles que conseguem fazer isso de forma eficaz e correta, com lucros financeiros.
Entenda por que o Brasil pode liderar o mercado
Como já mencionado, o Brasil tem uma das maiores coberturas florestais do mundo. Isso significa que temos o poder de capturar e armazenar grandes quantidades de carbono, que irão ajudar a reduzir as emissões de gases do efeito estufa — e coloca o país com uma grande chance de liderar o mercado de créditos de carbono.
O Brasil também é o maior produtor de biocombustíveis do mundo, especialmente de etanol e biodiesel, que são alternativas mais limpas aos combustíveis fósseis. A produção desses biocombustíveis pode gerar créditos de carbono, pois a queima de combustíveis fósseis é responsável por uma grande parte das emissões de gases do efeito estufa.país também possui vantagens em relação à sua matriz energética. Ele é um dos maiores produtores de energia renovável do mundo, com destaque para a energia hidrelétrica, que representa mais de 60% da matriz elétrica brasileira. A geração de energia a partir de fontes renováveis é fundamental para a redução de emissões de gases e, consequentemente, para a geração de créditos de carbono.
A energia proveniente de hidrelétricas é largamente usada no Brasil e é considerada renovávelFonte: Getty Images
Além disso, o país também possui o Programa de Redução de Emissões por Desmatamento e Degradação (REDD+), cujo objetivo é reduzir as emissões de gases de efeito estufa por meio da conservação e do uso sustentável das florestas, além de outros programas com a mesma finalidade, como Programa Nacional de Apoio à Geração de Energia Renovável (Proinfa), cujo objetivo é estimular a geração de energia elétrica a partir de fontes renováveis, como biomassa, eólica e pequenas centrais hidrelétricas.
Para que o Brasil possa, de fato, liderar o mercado de créditos de carbono, é fundamental que sejam criados mais incentivos e mecanismos de financiamento para projetos de redução de emissões.
Isso pode ser feito através de parcerias com o setor privado, por meio de investimentos em empresas que desenvolvem projetos sustentáveis e que geram créditos de carbono, ou mesmo através de investimentos governamentais em projetos de infraestrutura verde.
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