Como fotografar o pôr-do-sol (e o nascer também)?

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Parece fácil, não é mesmo? O sol se aproxima do horizonte aos poucos, o céu assume cores fantásticas, com tons dourados, alaranjados e vermelhos. Você tira sua câmera da bolsa de proteção, mira, aperta o botão e... nada do que você estava presenciando se mostrou na imagem.

Esse é um acontecimento do início da vida fotográfica da maioria das pessoas. Não é raro encontrar gente que – por azar, falta de preparo ou mesmo preguiça – perdeu o registro de uma das ocasiões com maior potencial de emocionar o observador.

Para que isso não aconteça mais com você, tenha em mente sempre essas pequenas dicas que servem tanto para quem vai fotografar com a câmera do celular quanto para quem possui uma dSLR último modelo.

Às cinco da tarde

WsilverEsteja sempre preparado. Com a câmera na mão, antes do sol descer, observe seu entorno, teste enquadramentos, verifique o local para conseguir o melhor lugar para fotografar. Se você esperar para se preparar nos poucos minutos em que o sol realmente está se pondo, você não conseguirá boas fotos. No momento em que o sol realmente se pôr, você já deve estar com tudo pronto, e fotografando. Tirar atenção da cena para pegar a câmera, para trocar a lente ou o cartão de memória tem o mesmo efeito de não sair para fotografar.

Com tudo pronto, enquadramentos já pensados – mesmo que durante a tomada das imagens você resolva mudar, pelo menos um ponto de partida você já tem – e equipamento preparado, vamos fotografar.

O Cenário

Independente de você estar numa praia deserta, numa enorme área de preservação ambiental ou mesmo numa grande avenida de sua cidade, é possível fazer belas fotos tanto ao nascer do Sol quando no fim do dia. Em ambas as ocasiões, você perceberá que a qualidade da luz que o Sol emite é muito diferente daquela encontrada durante o dia. São essas diferenças de iluminação que causam a estranheza – e a beleza – dessas imagens. Graças à refração e à reflexão da luz solar nos gases da atmosfera (e nos poluentes particulados suspensos nesses gases), o céu toma matizes de cor únicos.

MagneraPortanto, é importante relacionar o momento do pôr-do-sol com o lugar em que ele acontece. Ainda que o principal da imagem seja o céu e suas cores, deixe um primeiro plano nítido, com árvores, pessoas ou construções em contraluz. Outra maneira interessante de explorar o primeiro plano é através dos reflexos do céu em lagos, no mar ou até mesmo em janelas.

Lembre-se também que nuvens e outros fenômenos atmosféricos interagem com o sol em seu caminho para o horizonte de maneiras diferentes. Assim sendo, não pense apenas em fotografar quando o céu estiver limpo. O efeito da luz nas nuvens pode valer a pena.

Mas é importante lembrar que mesmo o céu mais lindo e multicolorido que você consiga fotografar precisa de referências para ser entendido como tal. Sem algo que mostre ao observador que a sua foto foi feita em um lugar específico, toda a cena retratada acaba por tornar-se uma imagem abstrata. Com isso, além de cores e reflexos você também terá uma história para contar, de um dia que acabou bem.


O equipamento

Você já pensou em que pontos quer fotografar e já sabe o horário em que o Sol começa a se pôr na região escolhida para as fotos. A bateria da câmera está carregada, o cartão de memória foi recém-formatado. Tudo pronto, certo?

Agora só é necessário tomar alguns cuidados sobre como fotografar, e isso varia muito de acordo com o seu equipamento.

A câmera do celular

Badr Nassem

Já existem celulares com excelentes câmeras de 5 Mp e até mais, em alguns casos. Mesmo assim, não existe a menor chance de uma foto feita com o celular chegar perto – em qualidade – de uma feita com câmeras compactas, que dirá então de dSLRs. Mesmo assim, como lembrança, ou até mesmo para fazer um fundo de tela para seu aparelho, fotografar com o celular é possível.

Os cuidados aqui são principalmente em relação ao ruído que aparece quando a iluminação não é ideal. Como o sensor dos telefones tem limitações de tamanho, quando você fotografa com eles no escuro, a imagem vem com muitos pontos “imaginados” pelo equipamento, normalmente em verde e em vermelho.

Ao fotografar o pôr-do-sol, então, é importante procurar situações em que a claridade seja máxima, evitando deixar muita informação em contraluz.

Caso a câmera do seu telefone permita selecionar o modo de cena, prefira utilizar os modos de paisagem, pelo foco no infinito que aumentará a qualidade total da sua fotografia, ou de fotografia noturna – que trabalhará melhor com a situação crítica de iluminação.

As câmeras compactas

*L*u*z*a*

Aqui a coisa começa a ficar mais fácil de fazer. Mesmo as compactas mais simples já permitem uma série de ajustes mais detalhados que as câmeras de celular não disponibilizam. Também a qualidade das lentes e sensores influencia positivamente essas câmeras em relação aos telefones.

Para quem ainda não é muito familiar com os ajustes manuais e as personalizações possíveis com sua câmera, para fotografar um pôr-do-sol pode obter resultados muito bons apenas regulando a câmera para o modo paisagem. Com isso, o foco da imagem será levado ao infinito e a imagem estará numa condição ideal de visualização.

Caso nesse modo de cena você perceba que as cores estão um pouco estranhas, ou não correspondendo ao que você vê no céu, você pode mudar o modo de cena para Nublado. Como a luz do sol está alterada quando ele está muito próximo ao horizonte, o balanço de branco – como a máquina reconhece as influência da luz nas cores – no modo nublado pode ser mais apropriado. No caso de usar qualquer modo que não o de paisagem, deve-se ter cuidado com o foco, pois o mecanismo de focalização automática das câmeras compactas costuma não funcionar corretamente quando o fundo de uma imagem tem objetos muito brilhantes. Se sua câmera não tiver opção de foco manual, prefira manter o modo de cena em paisagem. Algumas câmeras, inclusive, apresentam um modo de paisagem noturna que é excelente para esse tipo de fotografia.

É importante tomar cuidado para não apontar a câmera diretamente para o sol, pois a intensidade da luz pode prejudicar o funcionamento do sensor. Mais crítico ainda é o cuidado em não olhar diretamente pelo visor (para as câmeras que têm essa possibilidade). Prefira manter a visualização pela tela de LCD, como garantia.

As câmeras compactas possuem zoom de diversos níveis, e vale a pena experimentar com todos. Em zoom curto, o cenário como um todo será o motivo principal, destacando as cores e sombras que formam a paisagem. Ao fechar o ângulo – alongando o zoom – o sol, seus reflexos ou algumas contraluzes que ele produz passam a ocupar o papel principal na fotografia.

As dSLRs

Mike Baird

Quem já tem uma reflex digital terá certamente uma maior facilidade em fotografar esses momentos de pôr-do-sol. Além dos sensores de maior qualidade e as diversas opções de lente, essas câmeras permitem maiores ajustes que possibilitam explorar cada cena ao máximo.

Nos modos criativos – pré-configurados nas câmeras – de fotografia noturna ou paisagem, fotografar um pôr-do-sol ou uma alvorada é muito simples. O maior cuidado ao se utilizar esses modos de cena, é a exposição. Aliás, isso também vale para as câmeras compactas um pouco mais avançadas. Para garantir a melhor exposição da fotografia, o ideal é fotometrar – medir a luz existente na cena – com o sol fora do centor do quadro. Para isso, aponte a câmera para o lado do enquadramento que você queria, deixando o sol sempre à direita ou à esquerda e trave a exposição com o botão que trava a exposição, normalmente marcado por um *, e reposicione a câmera no enquadramento pretendido. Com isso, o sol parecerá realmente brilhante, mas as cores do céu serão mantidas.

Também é possível fotografar em modo manual, mas aí o que conta é muito mais a experimentação e a experiência do fotógrafo.

Outras dicas valiosas

Isso tudo escrito aí em cima é apenas o básico para se obter boas imagens de pôr-do-sol. Mas existem várias outras coisas que vale a pena lembrar sempre, quando você estiver fotografando nessas condições.

  • Pôr-do-sol refletido nas janelas de um prédio de escritóriosA primeira delas é, sempre que possível, ter um tripé à disposição. Em alguns lugares a quantidade de luz que chega – em especial quando fotografando alvoradas – só irá permitir exposições muito longas, às vezes de vários segundos. Sem um tripé, a foto nessas condições certamente ficará tremida.

  • Lá no começo do artigo, foi comentado que você deve estar sempre preparado para fotografar, conhecendo o lugar com antecedência, sabendo horários, e já com algumas ideias de onde fotografar para o melhor efeito. Ainda que isso seja um excelente ponto de partida, não hesite em fotografar de surpresa também. Principalmente em viagens de carro ou ônibus é comum presenciar o pôr-do-sol ou seu nascer em lugares nos quais você dificilmente teria tempo de fazer todo o preparo. Estando com sua câmera sempre à mão, você aumenta muito suas chances de ter belas fotografias.

  • Olhe para o outro lado. A luz e as cores oferecidas pelo sol próximo ao horizonte podem dar um charme diferente a cenários muitas vezes conhecidos. Em parques e na cidade, principalmente, é possível se aproveitar dessa luz especial para a obtenção de efeitos únicos.

  • Para quem mora nas grandes cidades, uma última dica. Suba para a cobertura de seu prédio, e veja o pôr-do-sol do alto. Perceba como a luz se espalha nos diversos níveis da cidade. Ainda que os visuais litorâneos sejam os mais famosos quando se fala de fotografia de pôr-do-sol, existem muitos outros lugares que oferecem oportunidades para lindas imagens.

  • Caso você queira fazer um retrato de alguém, usando o pôr-do-sol como fundo, use o flash para iluminar a pessoa.

  • Se você achar necessário, trate sua imagem no Photoshop, GIMP ou seu editor de imagens favorito sem medo algum. O mais importante é ter a fotografia que você quer, mesmo que para isso, uma "puxadinha" na cor tenha que ser feita via software.

Com essas dicas e disposição de procurar um lugar onde o pôr-do-sol oferece vistas incríveis, certamente você começará a criar uma bela galeria de imagens.

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