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Ciência

Telescópio James Webb captura imagem de protoestrelas gêmeas

O James Webb captou a imagem do objeto HH 797, uma região de gás e poeira associada ao nascimento de estrelas jovens que, no caso, são duas.

Avatar do(a) autor(a): Jorge Marin

schedule29/11/2023, às 11:00

Telescópio James Webb captura imagem de protoestrelas gêmeasFonte:  HST/NASA 

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Divulgada recentemente, a Imagem do Mês do telescópio espacial James Webb (JWST) é um objeto Herbig-Haro, nome dado a pequenas regiões de gás e poeira normalmente associadas a protoestrelas jovens em seu processo de formação. Batizado de HH 797, esse tipo de objeto é formado quando jatos de gás expelidos pelas estrelas recém-nascidas interagem com o gás e a poeira circundantes. 

Como tem o poder de enxergar dentro desses casulos de gás e poeira que abrigam protoestrelas jovens, o JWST apontou sua Câmera de Infravermelho Próximo (NIRCam) e fez uma descoberta surpreendente: o que se pensava ser uma única protoestrela é na verdade um sistema estelar binário, ou seja, duas estrelas se formando simultaneamente, dentro da mesma nuvem molecular.

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Essa fase "gestacional", em que as estrelas estão acumulando massa, pode durar até 500 mil anos. Durante esse período, o gás que cai na superfície da estrela gera choques e, embora elas não tenham começado a fazer fusão em seu núcleo, já liberam energia através de jatos gêmeos de gás ionizado. É essa energia que ilumina o objeto Herbig-Haro e o torna visível.

Os objetos Herbig-Haro são comuns no espaço

Objeto Herbig-Haro HH 24, na constelação de Órion, capturado pelo Hubble.Objeto Herbig-Haro HH 24, na constelação de Órion, capturado pelo Hubble.

Comuns no espaço, os objetos Herbig-Haro estão localizados perto (3,26 anos-luz) da protoestrela (ou protoestrelas) que emite os jatos que os iluminam. Só na Via Láctea, já foram identificadas mais de 1 mil desses objetos. 

Seus característicos jatos de gás parcialmente ionizados viajam a centenas de quilômetros por segundo e colidem com as nuvens moleculares próximas. 

Em termos cósmicos, os objetos HH são efêmeros, durando apenas algumas dezenas de milhares de anos. Os astrónomos só conseguem observá-los quando eles se afastam de sua fonte em direção ao meio interestelar

Como o James Webb conseguiu fotografar o objeto HH 797?

Telescópio comuns não conseguiriam observar o HH 797, pois esse objeto não se apresenta em luz óptica. O que ocorre é que os jatos energéticos emitidos pelas protoestrelas excitam o hidrogénio molecular, o monóxido de carbono e outras moléculas existentes na região, que passam a emitir luz infravermelha, facilmente captada pelo JWST.  

As cores que aparecem na imagem vêm, além do hidrogénio molecular e do monóxido de carbono, também de outras moléculas como ferro, metano e hidrocarbonetos aromáticos policíclicos. Estes últimos são moléculas complexas compostas por anéis de carbono interligados que, por sua relativa estabilidade, são considerados potenciais precursores de compostos orgânicos complexos, inclusive os relacionados a construção da vida.

Posteriormente, pesquisas terrestres mostraram que o gás associado ao HH 797 se move em velocidades e sentidos diferentes. A porção que aparece em vermelho (no canto inferior direito da imagem) está se afastando de nós, e a parte deslocada para o azul (no canto inferior esquerdo) está se movendo em nossa direção. Quanto às assimetrias de velocidade apontadas, os astrônomos ainda não sabiam que estavam medindo fluxos de duas estrelas.

Mantenha-se atualizado sobre as últimas novidades do James Webb aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite descobrir como as lentes dos telescópios contribuíram para a evolução da astronomia.