Chuva de areia? James Webb revela a intrigante atmosfera do exoplaneta WASP-107b

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Imagem: Achrène Dyrek / Michiel Min / Leen Decin / European MIRI EXO GTO / ESA / NASA

De acordo com um estudo publicado na revista científica Nature, o Telescópio Espacial James Webb (JWST) descobriu um planeta com uma beleza natural que parece ser impossível na Terra; o WASP-107b, onde chove areia. A partir de dados coletados pelo Instrumento de Infravermelho Médio (MIRI) do JWST, os cientistas conseguiram detectar alguns detalhes interessantes da sua atmosfera.

Originalmente, WASP-107b foi descoberto em 2017, contudo, uma equipe de astrônomos europeus se aprofundou no estudo da atmosfera a partir dos dados do James Webb. Eles descobriram que literalmente chove areia no exoplaneta; diferentemente da Terra, onde a água esfria e congela, os pesquisadores descobriram que há vapor de água, dióxido de enxofre e até nuvens de areia de silicato na atmosfera do exoplaneta.

Por meio dos dados de baixa densidade do exoplaneta, em comparação com observações de planetas como Júpiter, os cientistas conseguiram observar detalhes da atmosfera com aproximadamente 50 vezes mais profundidade — a baixa densidade o deixa fofo, por isso, alguns o chamam de planeta algodão-doce.

"Ao vermos essas nuvens de areia elevadas na atmosfera, isso deve significar que as gotículas de chuva de areia evaporam em camadas mais profundas e muito quentes, e o vapor de silicato resultante é eficientemente transportado de volta para cima, onde se recomprimem para formar novamente nuvens de silicato. Isso é muito semelhante ao ciclo de vapor d'água e nuvens em nossa própria Terra, mas com gotículas feitas de areia”, disse um dos autores do estudo, Michiel Min.

Inicialmente, eles descobriram a presença de dióxido de enxofre, por conta de ser um objeto cósmico menor e maior frio. A região emite uma fração pequena de fótons de luz de alta energia, contudo, a baixa densidade permite que os fótons penetrem mais profundamente na atmosfera de WASP-107b, resultando no dióxido de carbono.

Tá chovendo areia

Os astrônomos também observaram que o exoplaneta possui nuvens de alta altitude que são compostas por partículas finas de silicato, ou seja, um tipo de areia com a granulação extremamente fina. Possivelmente, as nuvens se formam de maneira semelhante às nuvens da Terra, a grande diferença é que não chove exatamente água.

O exoplaneta WASP-107b (ilustração) está localizado a cerca de 200 anos-luz da Terra e, aparentemente, sua atmosfera possui nuvens que cria chuvas de areia.O exoplaneta WASP-107b (ilustração) está localizado a cerca de 200 anos-luz da Terra e, aparentemente, sua atmosfera possui nuvens que cria chuvas de areia.Fonte:  Achrène Dyrek / Michiel Min / Leen Decin / European MIRI EXO GTO / ESA / NASA 

No caso da chuva de areia, quando as 'gotas' caem das nuvens, elas entram em camadas mais quentes do planeta e se tornam vapor de silicato. Quando elas se tornam vapor, elas voltam para as nuvens e todo o processo acontece novamente.

"O JWST está revolucionando a caracterização de exoplanetas, fornecendo insights sem precedentes em uma velocidade notável. A descoberta de nuvens de areia, água e dióxido de enxofre neste exoplaneta fofo... é um marco crucial. Isso redefine nossa compreensão da formação e evolução planetária, lançando nova luz sobre nosso próprio sistema solar", disse um dos autores e associado da Universidade Católica de Leuven, na Bélgica, Leen Decin.

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