O que é uma cultura humanizada: por que as empresas devem olhar para isso

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No meu artigo de abril deste ano, aqui no TecMundo, sobre “Cultura de Dados”, falei que “na era da transformação digital, enganam-se aqueles que pensam que é só sobre tecnologia: o ser humano nunca esteve tão no centro das soluções e nunca foi tão relevante para que as tecnologias estejam a favor dele — e não o contrário”.

Naquele momento abordei nossos aprendizados ao ouvir usuários para melhorar nosso produto e experiência, e como a Diversidade e a Inclusão são importantes nessa jornada. Refletindo a partir daquele artigo, entendi que nosso time só é capaz de gerar valor humano aos nossos viajantes, porque antes de "irmos para o mercado", mergulhamos dentro da nossa Cultura — e é sobre isso que quero conversar hoje.

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Quando, há quase dez anos, eu e meu irmão iniciamos a DeÔnibus tínhamos muita certeza de que gostaríamos de impactar positivamente a vida de viajantes rodoviários, e que para isso precisaríamos sempre estar apoiados de pessoas incríveis — só não sabíamos ao certo como fazer.

Crescemos de maneira orgânica, passagem a passagem, venda a venda. E foi em 2016, quatro anos após lançarmos a empresa, que uma crise financeira nos ensinou na prática o conceito de ‘humanização nas relações de trabalho’.

Impactados pelo baque da crise que nos assolou, decidimos conversar abertamente com o time sobre os desafios que teríamos pela frente. Depois da conversa franca, em que imaginávamos perder boa parte das pessoas, por medo ou insegurança diante do cenário, fomos surpreendidos com maior engajamento, entusiasmo e, então, resultados incríveis em curto espaço de tempo.

Sempre li que "toda crise é uma oportunidade", mas vivemos isso nesses 10 anos ininterruptamente, pois, sendo uma startup, entendo que quanto mais base tecnológica sua empresa tem, mais volátil seu negócio pode ser, e seu único ativo, no final, são mesmo as pessoas.

Nessa primeira grande crise experimentamos a verdade em relação a ‘culturas humanizadas’, porque enquanto várias empresas se apropriam da pressão por resultados para ‘apertar’ as pessoas, o que funcionou foi justamente o contrário: quanto mais humano nos permitimos ser, na nossa vulnerabilidade, fragilidade, inseguranças e medo, mais humanidade recebemos de volta.

De 2016 para frente, a superação da primeira grande crise virou um ensinamento que transformamos em nossos valores inegociáveis: Transparência, Honestidade, Otimismo e Respeito; e nenhum desses você pode comprar, adquirir ou automatizar.

Por mais tecnologia que tenhamos, o potencial que ela tem é proporcional ao potencial que as pessoas exercem. E para as pessoas prosperarem em seus talentos e vocação, é preciso abertura e verdade em um ambiente que permita que todos sejam quem são e como são; a começar por nós mesmos: founders, líderes ou empreendedores de empresas de tecnologia.

Além de priorizarmos valores humanos como inegociáveis nas relações, criamos rituais diários e semanais que possam reforçar os comportamentos desejados da nossa Cultura, como, por exemplo, as reuniões nas tardes de sextas-feiras, em que todo o time se reúne por até 1h30 para reforçar os valores e competências e estabelecer conexão que desenvolva todo o time, de maneira voluntária e colaborativa.

Hoje, depois de superarmos algumas crises — inclusive a recente e atual, causada pela pandemia de covid-19 — de que nada substitui o talento humano, principalmente, a capacidade que o indivíduo tem de fazer a diferença em momentos desfavoráveis.

Aliás, antes da pandemia de covid-19 buscamos sistematizar essa Cultura com o apoio de parceiros externos, tanto que desde 2019 implantamos na empresa a pesquisa "Humanizadas", cujo objetivo é entender como está o clima entre os colaboradores, e também com os clientes e parceiros, para poder melhorar, a partir de uma premissa do capitalismo consciente.

Com a pesquisa, descobrimos que em 2021, por exemplo, 84% dos colaboradores estão engajados e satisfeitos com a empresa. Em comparação com a experiência anterior, eram 68% dos colaboradores satisfeitos. Outro dado incrível que descobrimos é que 96% das relações são positivas e bastante saudáveis, tanto do público externo quanto interno. O índice de referência do "Humanizadas" é de 95% para o público interno e 91% para o público externo.

O resultado é a avaliação final que é entregue por meio do Rating Humanizadas, que é calculado a partir de algoritmos. A classificação conta com 11 níveis evolutivos de Rating (AAA, AA, A, BBB, BB, B, CCC, CC, C, D e E), sendo o primeiro nível (“AAA”) mais desenvolvido. Aqui na DeÔnibus estamos no nível BBB por dois anos seguidos, mostrando que mesmo com a pandemia de covid-19, em que tivemos várias adaptações da forma de trabalho e consequentemente das relações com os colaboradores, nos mantivemos firmes.

Esse resultado direciona o time de Pessoas e toda a liderança no crescimento da empresa. Assim, conseguimos focar o detalhe de onde precisamos nos dedicar para continuarmos evoluindo com a Cultura Humanizada.

Para finalizar deixo vocês com uma reflexão: em um mercado que está crescendo como o de tecnologia, será que trabalhar numa grande empresa ou ter um bom salário é o suficiente para reter grandes talentos? O que realmente importa para quem você quer no seu time? Esteja próximo da sua equipe, escute eles, faça o possível para melhorar o clima dentro da sua empresa, nem sempre é preciso um grande investimento financeiro para isso, basta querer ser quem se é.

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