Cultura de Dados e a criação de soluções que agregam valor

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Entre os vários movimentos que envolvem a aplicação da tecnologia para melhoria dos processos, principalmente com foco em usuários, o elemento data-driven, ou seja, a utilização de ferramentas que, por meio de dados, conduz o negócio a melhores tomadas de decisão, é um dos principais pilares a serem considerados. Por outro lado, ainda se faz pouco uso de um olhar de dados como premissa de Cultura e não somente de ferramentas — seja em big data, seja em Inteligência Artificial (IA), por exemplo.

Ser uma organização que se pauta em dados é apropriar-se do entendimento do comportamento humano para orientar as decisões de negócio, seja para aumento de vendas, seja para melhoria de produtos e serviços. Curioso, ainda, foi nos depararmos com uma questão: “E quando queremos tomar uma atitude perante um problema, mas não temos nenhum dado sobre ele?”.

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É difícil pensar que não haja dados ou acesso a determinadas informações, quando falamos dessa ampla tecnologia disponível atualmente.

Mas foi o que aconteceu recentemente na DeÔnibus, quando, dentro do Comitê de Diversidade e Inclusão, decidimos fazer algo referente a um assunto delicado que surgiu: assédios (sexual ou moral) e importunação sexual a mulheres viajantes, enquanto se deslocam para seus destinos — rotineiros ou a lazer. Fomos profundamente impactados com um relato específico de uma mulher, que, durante uma viagem realizada por um concorrente nosso, sofreu assédio dentro de um ônibus durante o trajeto São Paulo-Belo Horizonte.

Após ouvirmos o relato e, considerando que temos como missão “tornar a experiência do viajante rodoviário única”, decidimos lançar um movimento aberto e colaborativo, para ajudar pessoas que sofrem algum tipo de invasão ou agressão, e também orientar as pessoas que presenciam algum fato dentro dessas categorias.

Cultura de DadosFonte: Shutterstock

Ao começarmos a debater "como ajudar" e iniciarmos uma pesquisa em diversos meios de comunicação, incluindo legislação e órgãos reguladores, como Agência Nacional de Transportes Terrestres (ANTT) e ouvidoria das viações, descobrimos não haver nenhum dado referente a esse assunto.

Perguntas como “quantas pessoas são assediadas em viagens rodoviárias?”, “quando assediadas, o que fazem?”, “qual é o papel do motorista se buscado a ajudar?” ou até mesmo “qual o papel das polícias em investigar o infrator?” estavam sem respostas. Conversando com atuantes do mercado, entendemos que o assunto nem sequer é pauta, já que na ausência de dados e fatos, é entendido que situações de importunação não acontecem.

E aí vem a lacuna entre ter tecnologia para dados, mas não uma Cultura de Dados. Será que “assédios não são computados” por que “não existem” ou não são computados por que não há ferramentas próprias para a coleta dessas informações? Será que não existem dados sobre isso, por que, de novo, inexistem casos, ou por que as vítimas se sentem intimidadas e desencorajadas a denunciar?

Assim, decidimos testar e, no movimento, começar a captura de informações. Não foi uma surpresa quando, nos primeiros dias de divulgação da Cartilha DeÔnibus contra o Assédio, as histórias de mulheres assediadas começaram a virar dados e evidências de que, infelizmente, situações como essa acontecem, e nosso papel é trabalhar para serem combatidas.

Portanto, não é sobre ter ou não tecnologia, mas desenvolver um modelo mental, de abrangência cultural, que viabilize o compartilhamento de informações, para que elas então sejam transformadas em dados. Na era da transformação digital, enganam-se aqueles que pensam que é só sobre tecnologia: o ser humano nunca esteve tão no centro das soluções e nunca foi tão relevante para que as tecnologias estejam a favor dele — e não o contrário.

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Mariana Malveira é apaixonada por viagens, empreendedorismo e tecnologia. Combinando a formação em Design e a experiência com negócios e gestão, fundou com seu irmão, Breno Moraes, a DeÔnibus — um dos principais marketplaces de passagens rodoviárias do Brasil.

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