Comunicação: 5 mitos sobre o desenvolvimento dessa competência

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A comunicação é uma dança que nunca é dançada sozinha, e é por isso que a entendo como habilidade de se relacionar com nosso entorno. Assim como uma dança, a comunicação é o som, o movimento, o toque, é o fio (nada invisível) que mantém a conexão entre duas ou mais pessoas.

Nos comunicamos com o olhar, com o corpo, com a fala. Inclusive, o som e intensidade de uma respiração comunica por nós.

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Durante esses anos com a DeÔnibus e em conversas sobre o desenvolvimento da comunicação pessoal, percebi algumas crenças limitantes ou mitos. São eles:

Mito 1: pessoas extrovertidas se comunicam melhor

Pessoas extrovertidas podem se sentir mais confortáveis e ter mais naturalidade para expressar suas ideias, inclusive com interlocutores desconhecidos, mas isso está longe de ser uma regra para se comunicar melhor que pessoas introvertidas, por exemplo.

Todos os perfis conseguem desenvolver uma comunicação eficiente, com autoconhecimento, estudo e treino. Conhecer a si mesmo é essencial para que cada pessoa consiga ser autêntica e encontrar o melhor caminho para desenvolver tal competência de acordo com seu perfil.

Armadilhas comuns são pessoas introvertidas acharem que precisam se tornar expansivas para ganhar espaço e pessoas extrovertidas acharem que se comunicam com eficiência por não terem medo de falar em público: vamos quebrar essas crenças e paradigmas.

Mito 2: é preciso dominar gramática e a norma culta para me comunicar bem

Ter o domínio da gramática e norma culta não significa, necessariamente, ter uma comunicação eficiente.

Segundo Vivian Rio Stella, doutora em linguística, devemos olhar cada vez mais para uma linguagem que pense em contexto, sociedade, história e não somente as regras formais, muitas vezes inacessíveis e não inclusivas à população na totalidade.

A linguagem vai além das regras e traduz fenômenos sociais e expressões culturais que muitas vezes se manifestam na língua e são marcadas não oficialmente, como expressões, jargões, gírias e adaptações, como temos visto acontecer com a linguagem de gênero neutro (x, @, e). Ser correto gramaticalmente, ou não,  é um artifício que a sociedade criou para atender a alguma necessidade de comunicação.

Mito 3: estou te ouvindo, logo estou te escutando bem

Ouvir o outro é algo que fazemos grande parte das vezes, em algum nível, afinal, é parte do processo mecânico da audição. Entretanto, a escuta vai além; envolve a presença intencional na mensagem que está sendo passada, atenção, assimilação do conteúdo antes de concordar, discordar ou se posicionar.

É comum que a atenção vá para outro lugar quando alguém começa a falar. Pensamos no que achamos sobre o tema, sobre como podemos responder; que parte da história que está sendo contada nos leva a lembranças particulares, quando será nossa hora de falar, entre outros.

Comunicação corporativaNa comunicação a linguagem corporal é importante e, por isso, é essencial também observarmos as expressões corporais de quem escuta.Fonte: Gettyimages

Para evoluirmos o "ouvir" para o "escutar", é necessário entender a escuta como  um ato ativo, que requer prática, para tornar-se um hábito e para que então cumpra sua essência de ser intencional, genuína. Quando conversamos fazendo mais atividades ao mesmo tempo, como ler mensagens no celular, escrever um e-mail ou escolher o que comer do cardápio, não estamos com atenção 100% na conversa e as chances são enormes de termos ruídos de comunicação nesse momento.

Precisamos nos concentrar no que a outra pessoa está falando sem dividir a atenção, tirar as dúvidas e mostrar interesse. E não é preciso questionar o tempo todo para mostrar que está ouvindo, podemos fazer isso através de expressões corporais e pelo contato olho no olho.

Mito 4: as pessoas não entendem porque não querem

Como falamos na abertura do artigo, a comunicação não é via de mão única. Uma vez que rotulamos uma comunicação malsucedida com um julgamento sobre o outro, perdemos a oportunidade de buscar novos caminhos, evoluir nossa forma de passar uma mensagem e empatizar com o interlocutor.

Se há uma falha de comunicação, podemos avaliar o quão adequados estamos na nossa comunicação, se nos preparamos suficientemente para a conversa e, então, identificar os ruídos para contorná-los de maneira assertiva, retomando a conexão com nosso interlocutor.

Uma dica que pode ajudar também a evitar ruídos ou desentendimentos é perguntar o que a outra pessoa entendeu do que foi passado e trabalhar com uma síntese do que foi dito. Assegurar que o objetivo da comunicação foi cumprido cabe a todos nós e é uma atitude que exige mais autorresponsabilidade e menos culpabilização ou julgamento externos.

Mito 5: o importante é o que eu falo

A comunicação é composta de diversos tipos interligados, e apenas um deles é a fala. Não é importante apenas o que se fala, mas como se fala.

A consistência e harmonia entre uma escuta ativa, poder de síntese, tom de voz, comunicação verbal e linguagem corporal é essencial para uma comunicação eficiente e genuína.

Se falamos algo sério e nosso corpo passa outra mensagem, é inconsistente. Se falo que estou bem, com uma voz brava e trêmula, por exemplo, é inconsistente. Se não escuto ativamente outra pessoa e faço um discurso "lindo" sobre algo que não tem relação ao que foi dito, é inconsistente, e inconsistência gera desconfiança e desconexão.

Assim como a linguagem corporal de quem fala é importante, é essencial também observarmos as expressões corporais de quem escuta. Isso, entre outros sinais, nos ajuda a entender se estamos sendo compreendidos, se o tom da comunicação está adequado e, claro, se estamos sendo consistentes.

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