Talvez você não esteja familiarizado com o nome Margaret Heafield Hamilton – cientista de computação responsável por desenvolver o conceito moderno de software e criar o programa de voo utilizado na Apollo 11 (a primeira missão tripulada à Lua).
Em 1960, as mulheres não eram encorajadas a estudar assuntos técnicos ou computação, porém isso não foi um empecilho para que Hamilton se aprimorasse. Com apenas 24 anos, ela foi trabalhar como programadora no MIT, o Instituto de Tecnologia de Massachusetts, depois de obter um diploma em Matemática. Nesse período, o Projeto Apollo foi lançado pela NASA, e toda a ajuda de engenheiros, programadores e matemáticos estava sendo requisitada.
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Logo Hamilton estava dentro do projeto, contribuindo em um dos laboratórios do MIT com os códigos de voo que seriam necessários para levar o homem à Lua. Hamilton levava a pequena filha Lauren (de somente 4 anos) ao escritório nos finais de semana e quase todas as noites para poder trabalhar mais na programação da Missão Apollo 11.
Dedicação e determinação para ser bem-sucedida
É de se imaginar alguns dos desafios que Hamilton enfrentava – além de estar entre as poucas mulheres do projeto, quase sempre estava acompanhada pela filha nos sábados e domingos. Enquanto isso, o marido estudava Direito na Universidade de Harvard. Muitos podem se surpreender hoje ao saber que, na verdade, o pai do software moderno é uma mãe.
Margaret ao lado dos códigos de programação do software da Apollo 11
Margareth logo foi promovida ao cargo de diretora de programação dos projetos Apollo e Skylab. Liderando a equipe de matemáticos e engenheiros do MIT, ela estava com a nada simples incumbência de programar a nave para pousar e navegar pela Lua. A própria Margaret foi encarregada de escrever os códigos para o primeiro computador portátil do mundo em conjunto com Hal Laning e Dick Batton – isso em um período em que faltavam mais de 10 anos para a Microsoft ser fundada e muito mais para a computação em geral se popularizar.
O mundo não estava preocupado com o desenvolvimento de softwares. Aliás, os documentos da Missão Apollo sequer listavam a palavra – mas eles precisavam de um que fosse suficientemente inteligente para garantir a segurança e o sucesso do projeto. O sucesso da missão dependia da equipe de Margaret que, em 1968, já contava com mais de 400 pessoas trabalhando no software da Apollo.
Testes, testes e mais testes
Simulações de todas as situações possíveis deveriam ser realizadas antes que a nave voasse para que o computador conseguisse pilotá-la de modo bem-sucedido, independente do que acontecesse. De acordo com Don Eyles, engenheiro que também foi membro do projeto, essa foi a primeira vez que um computador recebia tamanha responsabilidade. Sem ele, Neil Armstrong jamais teria pisado no solo da Lua – sem o software escrito por Hamilton, Eyles e todo o time de engenheiros do MIT.
Margaret dentro de um modelo réplica do painel de controle da Apollo 11
O trabalho dessas pessoas, principalmente o de Margaret Hamilton, foi capaz de evitar que o pouso da Apollo 11 na Lua fosse abortado. Quando faltavam somente três minutos para a nave pousar, vários alarmes começaram a disparar, o que fez com que o computador ficasse sobrecarregado com as atividades do radar e de aproximação (dispensáveis naquele momento).
Contudo, graças à arquitetura do software desenvolvido, o sistema fez com que as atividades prioritárias interrompessem as secundárias, permitindo que o computador funcionasse tranquilamente. Como o software fora programado para desconsiderar as tarefas desnecessárias no pouso, não houve problema algum.
Hoje, Margaret Hamilton é creditada por ter criado a expressão engenharia de software, além de já ter recebido inúmeros prêmios e homenagens e publicado mais de 100 artigos científicos da área. Ela merece todo esse reconhecimento, principalmente por ter desempenhado um papel tão importante em um campo dominado quase que 100% por homens nos anos 60, porém que hoje, felizmente, está mudando.
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