Review: smartphone Lenovo Vibe K6

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A Lenovo tem atualmente duas linhas de smartphones distintas no mercado brasileiro: uma com sua própria marca e outra sob o nome da Motorola. Por isso, não deveria ser uma surpresa para você o fato de o novo intermediário da linha Vibe, o K6, ser muito parecido com o mais recente intermediário da linha Moto, o Moto G5. Os dois aparelhos são produzidos pela mesma empresa e são bastante similares.

Nesta análise, a gente vai falar do Vibe K6, que representa a segunda geração do bem-sucedido Vibe K5, celular que esteve no mercado nacional até o ano passado. A fabricante demorou a renovar o dispositivo, mas agora ele veio com algumas novidades interessantes. Resta saber se elas serão o suficiente para destacar o K6 nesse segmento tão concorrido.

Boa aparência

No que diz respeito ao design, o celular da Lenovo tem um aspecto bem interessante. Boa parte da sua carcaça é de metal fosco, o que garante uma boa sensação de qualidade quando você o pega nas mãos. Ao mesmo tempo, entretanto, isso o torna bem escorregadio. Durante meu tempo de testes com o aparelho, ele escorregou muitas vezes e caiu na mesa. Felizmente, nenhum dano foi registrado, mas isso é um bom indicativo de que você precisa usá-lo com uma capa.

Deixando isso de lado, posso dizer que considero o Vibe K6 bonito. Ele tem uma aparência bem elegante, com as bordas e os cantos curvados e alguns detalhes brilhosos para destacar o leitor de digitais e a câmera. Os botões são de plástico, bem como essas faixas nas extremidades inferior e superior da tampa traseira. Os botões de navegação do Android são capacitivos, e vale notar que o de voltar e o de acessar apps recentes estão invertidos.

No geral, esse aparelho é bem diferente do Moto G5 no aspecto visual e também não é muito parecido com a sua geração anterior, o Vibe K5.

Estranho desempenho

Esperava que o celular da Lenovo fosse tão ágil quanto o da Motorola nas tarefas diárias

Se você comparar as tabelas de especificações do Moto G5 e do Vibe K6, vai notar que o hardware interno é praticamente o mesmo. Por isso, eu esperava que o celular da Lenovo fosse tão ágil quanto o da Motorola nas tarefas diárias. Contudo, não foi bem isso que percebi. O K6 apresenta vários pequenos engasgos aqui e ali na sua interface, especialmente na hora de alternar entre um app e outro.

Isso não chega a comprometer a experiência do comprador a ponto de tornar o smartphone inutilizável, mas é bem decepcionante experimentar esse tipo de coisa em um celular da marca. Outro problema é a sensibilidade da tela, que poderia ser melhor nas extremidades.

Ao acessar a área de notificações com movimentos rápidos, por exemplo, essa dificuldade faz com que você tenha que arrastar o dedo de cima para baixo várias vezes até conseguir realizar a tarefa. Isso é bem irritante.

Por outro lado, o celular se saiu bem em nossos testes de benchmark, mostrando que seu hardware intermediário tem, sim, poder de fogo suficiente. Portanto, acredito que uma atualização de software possa tornar o K6 bem mais ágil e menos “bugado” no futuro.

Em testes com games, foi possível rodar PinOut, Horizon Chase e Uncharted: Fortune Hunter sem nenhum problema de desempenho. Claro que os gráficos não ficam tão interessantes quanto em smartphones top de linha, mas nenhum desses games mostrou quedas inesperadas de frames ou engasgos durante a jogatina. Tudo foi sempre bem liso. No fim das contas, o desempenho do Vibe K6 é um de seus pontos mais estranhos.

Os números

Para a realização desta análise, o Vibe K6 Pro foi submetido a três aplicativos de benchmark. São eles: 3D Mark (Ice Storm Unlimited), AnTuTu Benchmark 6 e Vellamo Mobile Benchmark (HTML 5 e Metal).

O teste Ice Storm Unlimited, do 3D Mark, é utilizado para fazer comparações diretas entre processadores e GPUs. Fatores como resolução do display podem afetar o resultado final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Um dos aplicativos de benchmark mais conceituados em sua categoria, o AnTuTu Benchmark 6 faz testes de interface, CPU, GPU e memória RAM. Os resultados são somados e geram uma pontuação final. Quanto maior a pontuação, melhor é o desempenho.

Para você enxergar muito bem

Smartphones intermediários que ficam na faixa dos R$ 1 mil vez ou outra trazem telas bem ruins. Tome como exemplo o LG K10 Novo, que tem um display bem inferior ao do Vibe K6 e, ainda assim, custa mais caro. A Lenovo definitivamente acertou nessa tela, que não é maravilhosa nem nada, mas está muito boa para a sua faixa de preço.

A reprodução das cores é bem realista, sendo que a calibração do display não é muito saturada em nenhum dos aspectos possíveis. Mesmo assim, ainda estamos diante de uma tela LCD, que não consegue representar pretos com muita qualidade. Contudo, isso é algo que não dá para resolver nessa faixa de preço. Por enquanto, só a Samsung consegue “fazer milagre” e colocar telas AMOLED nessa categoria.

Interface: entre dois mundos

O Vibe K6 vem com dois launchers distintos que você pode usar de acordo com o seu gosto. Um deles é mais similar ao do Android Puro, trazendo uma gaveta de apps e uma estrutura mais familiar. O outro launcher é bem mais personalizado e nós não recomendamos que você se aventure com ele.

O visual geral da interface não é muito distante do Android original e isso é bom

Seja como for, o visual geral da interface não é muito distante do Android original e isso é bom. A interface continua relativamente bonita, com elementos compreensíveis e, na maior parte do tempo, com animações ágeis.

O problema é que as modificações da Lenovo não adicionam nenhuma função relevante ao Android. Para que se dar ao trabalho de mexer em uma interface se não é para melhorar alguma coisa? Para completar, o novo visual nem é tão interessante assim. Ou seja, nada aqui justificou essas alterações. Mesmo assim, o software não ficou difícil de mexer.

Há pouquíssimos apps extras pré-instalados, o que sempre é um ponto muito positivo. O lado negativo, por sua vez, é o fato de o celular vir com Android 6.0.1 quando a Google já está se preparando para lançar o 8.0 nos próximos meses. Ou seja, o SO está defasado.

Saia bem na foto

A qualidade das câmeras do K6 não impressiona, mas elas certamente conseguem realizar um trabalho decente na maioria das vezes. As fotos feitas com o celular normalmente ficam com uma boa reprodução de cor, mais realista do que no LG K10, por exemplo. Contudo, o app de câmera aqui é bem inferior ao que a coreana oferece em seu modelo.

Se você gosta de selfies e não quer gastar muito, esse aparelho aqui talvez seja uma boa escolha

No geral, as fotos acabam saindo boas em condições de iluminação favoráveis e vão perdendo a qualidade conforme a luz vai ficando mais amarela e mais fraca. Essa é a sina de todo smartphone dessa faixa de preço, mas o K6 tem um trunfo. Todas as selfies que fizemos com ele ficaram boas na — medida do possível —, algo que não é tão comum na categoria. Portanto, se você gosta de selfies e não quer gastar muito, esse aparelho aqui talvez seja uma boa escolha.

O app de câmera da Lenovo, apesar de ser um tanto mais simples que o da LG, oferece uma boa quantidade de recursos. Há funções especiais para ajudar na qualidade das fotos noturnas, como o modo “Arte com vista noturna”. Isso não chega a fazer milagres, mas pode abrandar um pouco os problemas inerentes a fotos com pouca luz.

O dia todo longe da tomada

A bateria de 3.000 mAh do K6 consegue garantir que você fique um dia todo longe das tomadas sem maiores preocupações caso esteja usando o smartphone moderadamente. Um pouco de jogo e de fotografia também não deve afetar muito a autonomia. Ainda assim, você terá que carregar seu aparelho todos os dias, já que, à noite, não sobra mais que 25% ou 20% de bateria.

Em um teste mais metódico, eu consegui esgotar uma carga do Vibe K6 com 6 horas e 40 minutos de execução de vídeo no YouTube com o brilho da tela no máximo e WiFi ligado. Essa marca foi obtida através de uma amostra de vídeo de 1 hora, período no qual foram feitas três medições para avaliar a descarga da bateria.

Esse resultado é bom para a categoria. Para título de comparação, LG K10 Novo e Moto G4 mal passaram das 4 e 5 horas, respectivamente, nesse mesmo teste.

Extras

O grande extra desse smartphone é a qualidade dos seus alto-falantes, que formam um sistema estéreo de alta qualidade

O grande extra desse smartphone é a qualidade dos seus alto-falantes, que formam um sistema estéreo de alta qualidade e de volume bastante interessante. Ele conta com certificação Dolby Atmos e, no máximo, parece que você está lidando com uma caixinha de som daquelas que se conectam ao celular via Bluetooth. A qualidade é boa, mas não excelente. Isso vale também para o fone de ouvido que vem na caixa.

Como já foi comentado, o leitor de impressões digitais é rápido e preciso, dando problemas só bem de vez em quando. Ele fica posicionado na traseira do celular, o melhor lugar para esse tipo de sensor em minha opinião.

O que vale ser criticado aqui é o fato de o K6 ser dual-SIM, mas contar com uma gaveta compartilhada. Isso quer dizer que, em um dos espaços para chip de operadora, você pode instalar também um cartão de memória. Isso força você a escolher: dois SIM sem possibilidade de expansão de memória ou um SIM e espaço para micro SD. Felizmente, o celular da Lenovo vem com 32 GB de espaço nativo, o que elimina a necessidade de cartões de memória em muitos casos.

Vale a pena?

O Moto G5 comum ainda está sendo analisado, mas, pelas primeiras impressões que o TecMundo teve, o smartphone parece ser mais interessante que o Vibe K6. O preço dele também está mais atraente em comparação com o do celular da Lenovo. De qualquer forma, o K6 tem seu apelo por conta do som de alta qualidade. Isso realmente é um diferencial para quem gosta de ouvir música alta. Só não faça isso dentro do transporte coletivo, por favor.

Não fossem os problemas de desempenho que encontramos no K6 — o que inclui as pequenas travadas aqui e ali, além da falta de sincronia entre áudio e vídeo na hora de assistir a conteúdo em apps de streaming —, eu poderia recomendá-lo sem receio.

Isso porque ele tem uma boa qualidade de construção para a categoria, tira boas em comparação com os concorrentes e tem uma tela interessante. Esses são pontos bem positivos e importantes para quem busca um intermediário de baixo custo. Mas é necessário considerar que as dificuldades de desempenho realmente comprometem o K6: já pensou passar um ano inteiro vendo vídeos fora de sincronia com o áudio no celular caso a Lenovo não corrija a falha?

Se isso não o incomoda, realmente o K6 pode ser uma boa escolha, especialmente por estar custando algo entre R$ 800 e R$ 1 mil. Contudo, o Moto G5 — que tem as mesmas qualidades e, supostamente não possui os defeitos comentados acima — é sem dúvida a melhor escolha nessa faixa de preço.

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Perguntas dos leitores

R: Se você for analisar a questão de desempenho, o K6 é mais interessante. Ele tem mais armazenamento, processador mais moderno, entre outras coisas. Fora isso, a presença do leitor de digitais é um ponto bem interessante do celular mais novo. Portanto, vale a pena trocar um pelo outro, caso você não curta o Moto G5.

R: O Som do K6 é melhor que o do K6 Plus. O aparelho desta análise aqui tem som estéreo e alto-falantes com saídas bem amplas. É possível que o som do K6 também seja mais alto. Seja como for, ambos possuem certificação Dolby Atmos, o que já garante uma qualidade interessante.

R: A Lenovo ainda não deu nenhum prazo para liberar a atualização do Android 7.0 para este celular. Infelizmente, não dá para saber nem se ele de fato receberá o novo software eventualmente.

R: A gente espera que a Lenovo libere sim uma atualização para corrigir a falha do áudio atrasado. Contudo, como é um problema que não está acontecendo com todos as unidades, é possível que a correção demore. Quem comprou o celular online há menos de sete dias, é melhor devolver e pedir um novo, torcendo para que o problema não se faça presente na segunda unidade.

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