NASA quer usar Sol como telescópio para observar superfície de exoplanetas

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Imagem: NASA Ames/SETI Institute/JPL-Caltech

A ideia parece tirada de uma história de ficção científica, mas não apenas é factível, como foi projetada pelo próprio Albert Einstein: se conseguirmos levar um telescópio espacial até uma região do nosso Sistema Solar na qual a luz vinda de trás do Sol é focada, sem ser curvada pela gravidade da nossa estrela, poderemos construir um supertelescópio.

Esse local, a cerca de 550 Unidades Astronômicas (UAs) do Sol, segundo os cálculos do pai da física moderna, poderia abrigar um instrumento óptico capaz de observar as superfícies de exoplanetas, eliminando a necessidade de telescópios espaciais massivos. Na época, Einstein descartou o projeto, reconhecendo que "é altamente improvável que consigamos chegar perto o suficiente dessa linha central".

No entanto, quase cem anos depois, a ideia de usar o Sol como telescópio ganhou aprovação no programa NIAC (Conceitos Inovadores Avançados da NASA), onde um estudo de como tirar esse projeto do papel já se encontra na fase III.

Usando a lente gravitacional do Sol para observar exoplanetas

Representação artística de uma imagem do telescópio Solar Gravitational Lens.Representação artística de uma imagem do telescópio Solar Gravitational Lens.Fonte:  Slava Turyshev/NASA 

A primeira pessoa a propor uma missão espacial para construir o hipotético telescópio de Einstein foi o engenheiro elétrico da Universidade de Stanford, Von R. Eshleman, falecido em 2017.  Em artigo publicado na revista Science em setembro de 1979, o pioneiro em ciências planetárias e rádio explicou como o dispositivo poderia funcionar.

"O campo gravitacional do Sol atua como uma lente esférica para ampliar a intensidade da radiação de uma fonte distante ao longo de uma linha focal semi-infinita", diz o estudo. Isso significa que um telescópio espacial instalado em qualquer lugar nessa linha poderia teoricamente “observar, escutar e se comunicar em distâncias interestelares”.

Von R. Eshleman e sua equipe afirmavam que, na época do estudo, já havia equipamento disponível para realizar esse tipo de observação. A questão era (e ainda é) como chegar lá. Colocar um observatório "atrás" do Sol, da perspectiva do objeto que queremos observar, permitiria usar o poder de magnificação da gravidade do Sol (100 milhões de vezes uma onda de rádio de 1 milímetro), para obter imagens muito mais detalhadas.

Quando observaremos exoplanetas em um telescópio atrás do Sol?

Ponto de lente gravitacional solar.Ponto de lente gravitacional solar.Fonte:  NASA 

Embora já tenhamos tecnologia para usar lentes gravitacionais e ver objetos incrivelmente distantes, ficamos meio que dependentes da "sorte" de existir um objeto massivo na posição certa quando observamos. Mas colocar um telescópio no lado oposto do Sol nos daria uma espécie de lente gigante "personalizada", que permitiria observar exoplanetas distantes com riqueza de detalhes.

Levando-se em conta que a sonda Voyager I percorreu mais de 160 UA no espaço interestelar desde que foi lançada em 1977, a distância descartada por Einstein parece hoje mais atingível. Nesse sentido, o projeto da NASA propõe uma “arquitetura de enxame”, na qual pequenos satélites com velas solares poderiam chegar na posição projetada pelo físico em menos de 25 anos.

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