Estudo mostra quais doenças o exercício físico pode tratar efetivamente

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Imagem: Getty Images
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Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

Em novo estudo inédito e recém-publicado na The Lancet, pesquisadores reuniram as maiores evidências sobre exercício físico para 45 doenças crônicas. Saiba quais são as doenças e um mecanismo que promove os efeitos positivos do exercício sobre nosso corpo descoberta recentemente.

Quais doenças o exercício apresenta efeitos e quais não?

As evidências que apoiam o efeito dos exercícios foram identificadas em 25 doenças, não foram claras em 13 doenças e em uma não sugeriram nenhum efeito. As evidências com efeito positivo do exercício físico são sobre as doenças:

  • Fibrilação atrial;
  • Demência;
  • Desordens da próstata;
  • Doença inflamatória intestinal;
  • Bronquiectasia;
  • DPOC (doença pulmonar obstrutiva crônica);
  • Artrite;
  • Hipertensão;
  • Problemas com álcool;

Além de: doença cardíaca coronária, doença de Parkinson, asma, câncer, condições dolorosas, abuso de substâncias psicoativas, osteoporose, depressão, COVID longa, esclerose múltipla, doença do tecido conjuntivo, doença vascular periférica, síndrome do ovário policístico, AVC e doença renal crônica.

sssSegundo o estudo divulgado pela revista, The Lancet, a prática de exercícios físicos pode auxiliar no tratamento de algumas doenças crônicas.Fonte:  Getty Images 

Segundo o estudo, as evidências ainda não são claras para 13 doenças: anemia, anorexia, ansiedade, constipação, diabete mellitus, enxaqueca, endometriose, epilepsia, esquizofrenia, glaucoma, hepatite, síndrome da fadiga crônica e síndrome do intestino irritável. Para doença hepática crônica, o exercício não mostrou efeito. Ainda, não há evidências de efeitos do exercício sobre as doenças: sinusite crônica, diverticulose, doenças de Menière, psoríase, doenças da tireoide e indigestão.

Como o exercício faz bem para saúde?

Há algum tempo sabemos que o exercício faz bem para nossa saúde. Os esforços científicos são concentrados agora, para saber como isso ocorre, ou seja, os mecanismos.

São muitos processos que vão desde a diminuição da inflamação, passando pelo reparo e manutenção das células. O exercício também estimula as células a liberarem moléculas sinalizadoras que transportam uma série de mensagens entre órgãos e tecidos, o que é chamado de crosstalk: das células musculares aos sistemas imunológico e cardiovascular e também ao cérebro.

Essas moléculas foram recentemente chamadas de exercinas – substâncias liberadas a partir da contração muscular e são liberadas para agir no organismo. A coreografia molecular que ocorre a partir do exercício é exuberante.

O lactato, uma substância que antigamente era vista como vilão e responsabilizada erroneamente pela dor muscular, é uma reconhecida exercina que facilita a comunicação entre músculos e cérebro. Ele é produzido nos músculos, viaja pela corrente sanguínea até o cérebro e diferente de outras substâncias, consegue atravessar a barreira hematoencefálica.

No cérebro, por meio de diversas reações químicas, o lactato consegue ativar a expressão de BNDF no hipocampo, esse que é um fator de crescimento para a saúde cerebral. Quando realizamos uma pesquisa com praticantes de CrossFit, observamos o aumento dos níveis de BNDF após o esforço, bem como uma relação positiva com o aumento de lactato.

Conhecer de forma mais nítida a respeito da coreografia de moléculas que ocorre no corpo a partir de exercícios pode revelar novos alvos terapêuticos para possíveis medicamentos para doenças. 

Os efeitos multisistêmicos das exercinas induzidas pelo exercício físico são razões pelas quais o exercício provavelmente não será completamente mimetizado em cápsula, através das "pílulas de exercício".

E se uma pílula reunisse os efeitos do exercício?

É possível mimetizar os efeitos do exercício físico em uma cápsula?É possível mimetizar os efeitos do exercício físico em uma cápsula?Fonte:  Getty Images 

Daisy Motta, estudiosa da área, afirma que seria até nobre se conseguíssemos isolar em cápsula uma substância que vá fazer bem para uma pessoa que não consegue fazer exercício, mas hoje a mídia divulga a possibilidade de uma pílula que simule os efeitos do exercício, a cada descoberta de uma nova substância, feita isoladamente.

 “As pessoas ficam animadas com essa perspectiva, especialmente aquelas que ainda não encontraram uma modalidade que gostem para praticar. Porém, nunca iremos conseguir fazer essa pílula, devido à complexidade dos efeitos do exercício”, afirma a pesquisadora.

Músculos são um órgão endócrino

A ciência tem superado a visão do músculo apenas como um item estético do corpo para elegê-lo como um gigante órgão endócrino, o que caracteriza um dos maiores avanços científicos recentes na biologia humana.

Há um foco atual sobre o exercício, demonstrada pela publicação de uma nova edição da famosa revista científica Nature, em que temos na capa a frase “Efeitos do exercício – Mapeando as mudanças moleculares induzidas pelo treino de resistência” e a imagem de um rato correndo em uma roda.

Capa da última edição da Nature com o tema exercício físicoCapa da última edição da Nature com o tema exercício físicoFonte:  Nature 

Mesmo para as doenças que diretamente o exercício não apresente efeito comprovado, é importante ressaltar o exercício como um comportamento que pode melhorar a qualidade de vida em geral das pessoas, com ou sem doenças.

Precisamos falar mais de exercício físico. Além disso, gerar mais oportunidades para todos se movimentarem, com boas experiências. Elas são ingredientes fundamentais para querer repetir o que foi feito, pois só assim poderemos colher os benefícios do que foi plantado em cada dia de exercício físico praticado.

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Fábio Dominski 
é doutor em Ciências do Movimento Humano e graduado em Educação Física pela Universidade do Estado de Santa Catarina (UDESC). É Professor universitário e pesquisador do Laboratório de Psicologia do Esporte e do Exercício (LAPE/UDESC). Faz 
divulgação científica nas redes sociais e em podcast disponível no Spotify. Autor do livro Exercício Físico e Ciência - Fatos e Mitos.

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