A vida no Universo é comum?

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Ao longo dos séculos seguintes ao surgimento da ciência moderna, o estudo do Universo revelou aos cientistas um fato incontestável: o planeta Terra não é necessariamente especial. Nosso planeta, há muito considerado imóvel e com posição central no Cosmos, é apenas um dos muitos planetas e corpos celestes que orbitam o Sol.

Nosso Sol, por sua vez, é uma estrela regular e extremamente comum, uma entre centenas de bilhões encontradas na Via Láctea. A própria Via Láctea é apenas uma entre cerca de 2 trilhões de galáxias espalhadas pela extensão do que conhecemos como universo observável.

Aglomerado de galáxias Hydra.Aglomerado de galáxias Hydra.Fonte:  Angus Lus 

Uma vez que a Terra está repleta de vida – incluindo nós, seres humanos inteligentes e dotados de uma capacidade tecnológica inovadora e criativa – não seria razoável inferir que tudo o que é comum aqui é abundante em todo o universo?

Com uma extensa diversidade de exoplanetas já descobertos (já passamos da casa dos 5 mil) e com tantos outros descobertos rotineiramente, é inevitável pensar quantos deles podem abrigar vida e até mesmo vida inteligente. Quão exóticas seriam as formas de vida em outros cantos da galáxia e do Universo?

Exemplos de moléculas orgânicas à base do carbono.Exemplos de moléculas orgânicas à base do carbono.Fonte:  GettyImages 

Da forma que a conhecemos aqui na Terra, a vida é baseada em cadeias de átomos de carbono. Provavelmente isto não é um acidente: o carbono é um dos elementos mais abundantes e um dos que possuem propriedades químicas mais ricas da tabela periódica. Outros elementos envolvidos na vida – hidrogênio, oxigênio e nitrogênio – também encontram-se em vasta abundância no Cosmos.

Outro ingrediente-chave necessário para permitir reações bioquímicas é a água no estado líquido, fundamental para desempenhar o papel de um solvente. Não há escassez de água na maioria dos planetas extrassolares, mas esta se encontra quase sempre congelada ou vaporizada se o planeta estiver muito longe ou muito perto da estrela.

Representação artística do exoplaneta GJ 9827, onde vapor de água foi detectado na atmosfera.Representação artística do exoplaneta GJ 9827, onde vapor de água foi detectado na atmosfera.Fonte:  NASA 

Os astrônomos estimam que cerca de 20% das estrelas da Via Láctea têm planetas do tamanho da Terra com temperaturas da superfície permitindo a existência de água líquida. Expandindo esse raciocínio para o Universo, dentre 1022 estrelas que existem no universo observável, isso equivaleria a cerca de 1021 planetas potencialmente habitáveis.

Sim, são muitos planetas. Mas o número destes planetas, realmente habitados por criaturas vivas, é mais difícil de avaliar. Novamente, tal qual conhecemos, os organismos vivos são caracterizados pela sua capacidade de se reproduzir e de sofrer a evolução darwiniana.

Uma vez iniciada a evolução, as espécies proliferam e se adaptam às mudanças ambientais. Isto torna a vida muito resiliente: a vida na Terra sobreviveu a uma série de mudanças climáticas catastróficas induzidas por impactos de asteroides, enormes erupções vulcânicas e diversas outras intempéries.

Representação artística e fora de escala da Terra primitiva.Representação artística e fora de escala da Terra primitiva.Fonte:  Getty Images 

Mas para que a evolução avançasse, o primeiro organismo vivo teve que ser formado de alguma forma. Como isso pôde acontecer é atualmente um dos grandes mistérios e um assunto de debate científico contínuo. Imagina-se que a vida começou com uma cadeia molecular relativamente curta, que possuía a capacidade de se replicar. Mas a probabilidade de tal cadeia surgir por acaso de uma matéria inanimada é extremamente pequena.

Outro obstáculo no caminho para a vida é a origem do código genético e da complexa maquinaria molecular que constrói proteínas – das quais todos os organismos vivos são feitos – seguindo as instruções codificadas no DNA.

Até onde sabemos, não podemos excluir a possibilidade de que as variações necessárias para a evolução da vida sejam tão raras que a vida na Terra é a única vida que já evoluiu dentro de todo o nosso horizonte cósmico.

Formas alternativas de configurações bioquímicas também têm sido levantadas pela astrobiologia como hipóteses para diferentes formas de vida além da Terra. Por exemplo, a vida poderia ser baseada em silício, ao invés do carbono, e usar amônia como solvente, ao invés da água.

Representação da vida na Terra há cerca de 100 milhões de anos.Representação da vida na Terra há cerca de 100 milhões de anos.Fonte:  Getty Images 

Mesmo que a vida primitiva seja abundante no universo, as chances de que ela se desenvolva a ponto de evoluir a inteligência são ainda mais incertas. Isso podemos verificar por aqui mesmo: os dinossauros vagaram pela Terra por mais de 150 milhões de anos e nem por isso desenvolveram uma civilização tecnológica. Milhões de outras espécies poderiam ser dadas como exemplos.

Em breve, é possível que a humanidade tenha uma ideia melhor do quão difundida é a vida (em todas as suas formas) no Universo. A pesquisa científica tem aumentado exponencialmente os programas de observações em busca de sinais de vida no Cosmos e tem se aproximado cada vez mais de novas respostas fundamentais acerca da nossa existência.

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