Como funciona a bomba atômica?

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Um dos filmes de maior repercussão atual é o biográfico “Oppenheimer”, do diretor Christopher Nolan. O filme trata da vida do físico americano Julius Robert Oppenheimer, um dos responsáveis pela criação da bomba atômica.

Oppenheimer é conhecido por, após a explosão da primeira bomba atômica da história, se mostrar arrependido e ter dito a frase da escritura hindu Bhagavad Gita: “Agora eu me torno a Morte, o destruidor de mundos”.

Qual o motivo desse tipo de armamento ser tão poderoso?

O poder destruidor da bomba atômica está literalmente nos átomos. Mais especificamente, em seus núcleos onde encontramos partículas de carga elétrica neutra (nêutrons) e partículas de carga positiva (prótons). Os prótons deveriam, por possuírem cargas de mesmo sinal, se repelir. Porém, dentro dos núcleos existem as chamadas forças nucleares que mantém os átomos e, consequentemente, nós mesmos e tudo o que vemos, coesos.

Essas forças nucleares guardam consigo quantidades imensas de energia. Quando um nêutron externo colide com o núcleo de um átomo de Urânio-235 (elemento utilizado nas primeiras bombas atômicas), as forças nucleares não conseguem manter o núcleo coeso e ele se separa em dois outros. Assim, libera muita energia e mais dois nêutrons que podem colidir com outros núcleos e causar uma reação em cadeia responsável por liberar toda a energia destruidora da bomba.

Representação da reação em cadeia que "quebra" o núcleo atômico liberando energia e partículas capazes de quebrar outros núcleos.Representação da reação em cadeia que "quebra" o núcleo atômico liberando energia e partículas capazes de quebrar outros núcleos.Fonte:  GettyImages 

A energia armazenada nas forças nucleares é, nesse contexto, utilizada para uma finalidade terrível. Entretanto, esse mesmo tipo de energia é responsável por tudo o que temos. Isso pois, o Sol – fonte de toda a nossa energia –, funciona exatamente através de reações de fusão de núcleos atômicos que ocorrem constantemente em seu interior.

A energia liberada na produção de átomos é tão grande ou maior que a liberada na quebra dos núcleos. Tanto que a fusão nuclear ainda é muito pesquisada e considerada por alguns cientistas como uma forma de energia limpa de um futuro próximo da humanidade.

Contudo, algo que deve ser discutido e é inevitavelmente associado com os armamentos nucleares, são as implicações éticas desse e de todo trabalho científico. Enquanto cientista, cada pesquisador deve se perguntar a finalidade de seu trabalho.

Esta pesquisa visa ajudar a melhorar o conhecimento e beneficiar a forma de vida da espécie humana? Existem riscos na implementação dessa nova tecnologia para a vida humana? Os benefícios superam os riscos?

Oppenheimer é lembrado por demonstrar um sentimento de “culpa” causado pela sua invenção. Em uma reunião com o presidente americano Harry Truman, o físico disse que sentia haver “sangue em suas mãos”. Entretanto, a demonstração do sentimento veio após as bombas já terem sido lançadas sobre o Japão no que acabou encerrando a Segunda Guerra Mundial.

Um cientista menos famoso, e cabe nos perguntarmos o motivo, é Joseph Rotblat. Rotblat também foi participante do Projeto Manhattan que criou a bomba atômica. Todavia, ao se dar conta do objetivo do projeto ele se retirou e dedicou sua vida no ativismo antinuclear, ganhando o prêmio Nobel da paz em 1995. Em seu discurso, Rotblat afirma que, após esse episódio, a “Ciência passou a ser identificada como morte e destruição”.

É, no mínimo, interessante pensarmos que Oppenheimer acabou ficando mais famoso que Rotblat. Ainda mais quando avaliamos em perspectiva que, ao que tudo indicava, a guerra já iria terminar de qualquer forma e a inteligência americana tinha conhecimento de que os japoneses estavam prestes a se render e que os alemães não estavam, sequer, próximos de produzir o seu próprio armamento nuclear.

Esse caso é apenas mais um que ilustra perfeitamente a necessidade, não apenas por parte dos cientistas, mas de toda a sociedade de possuir um conhecimento mínimo do fazer científico para que tenhamos conhecimento dos riscos e benefícios que o progresso científico pode nos trazer.

Essas questões são cruciais para que tenhamos o entendimento da importância de se continuar fazendo Ciência de todos os tipos. Tendo sempre em vista a melhoria das condições de vida como um todo.

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