Imagem feita por brasileiros mostra como funcionam os para-raios

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Imagem: Diego Rhamon/Inpe/Divulgação.

Estudando relâmpagos de forma sistemática desde 2003, com câmeras de vídeo ultrarrápidas, o físico brasileiro Marcelo Saba descobriu que, mais do que dedicação e equipamento, a captura da imagem de um raio depende de estar no lugar certo no momento exato da descarga. Foi o que ocorreu com uma imagem raríssima, registrada no ano passado e reproduzida na capa da revista científica Geophysical Research Letters de dezembro.

Feita em parceria com o doutorando Diego Rhamon, a imagem mostra uma cena inédita da descarga de um raio na qual aparecem claramente os detalhes de sua conexão com diversos para-raios localizados nas imediações. A cena, ocorrida em São José dos Campos (SP), mostra um raio caindo a uma velocidade de 370 quilômetros por segundo.

Qual a importância da imagem capturada pelo físico?

A imagem foi obtida 25 milionésimos de segundo antes do impacto do raio sobre um dos prédios, disse Sabá à Agência FAPESP. A cena impressiona, pois, quando a descarga estava a algumas dezenas de metros do chão, diversos para-raios e saliências de edifícios próximos começaram a produzir descargas positivas, porém em sentido ascendente, em uma espécie de competição para conectar com o raio que descia.

Ao contrário do que muitos imaginam, afirma Saba, um para-raios não atrai e nem repele raios. A única coisa que o equipamento faz é oferecer à descarga elétrica "um caminho fácil e seguro até o solo."

Isso porque as cargas elétricas sempre buscam o caminho mais fácil, ou seja, aquele que oferece menos resistência, e não o trajeto mais curto, que seria uma linha reta. Como a atmosfera não é homogênea, com diferentes características elétricas, os raios tendem a assumir aquela forma ramificada à qual estamos acostumados.

O perigo dos raios

Estrago produzido na chaminé atingida pela corrente de 30 mil amperes. (Fonte: Sabá et al./Divulgação.)Estrago produzido na chaminé atingida pela corrente de 30 mil amperes. (Fonte: Sabá et al./Divulgação.)Fonte:  Sabá et al. 

Á Agência FAPESP, o pesquisador explica que um raio nasce do atrito entre partículas de gelo, gotículas de água e granizo. Isso libera cargas e gera polaridades entre diferentes regiões das gigantescas nuvens. A discrepância do potencial elétrico pode ir de 100 milhões a 1 bilhão de volts.

De acordo com Saba, embora composto de várias descargas de apenas frações de milésimos de segundo, um raio pode durar até dois segundos e alcançar 100 quilômetros de comprimento, produzindo correntes entre 30 mil e 300 mil amperes.

A temperatura de um raio, que chega a 30.000º C, é cinco vezes maior que a da superfície do Sol, diz o cientista, ressaltando a importância dos equipamentos de proteção.

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