Para que serve a roupa de um astronauta?

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*Este texto foi escrito por um colunista do TecMundo; saiba mais no final.

Para que serve a roupa de um astronauta?

Esse questionamento, que pode parecer simples, pode também nos levar a conclusões e reflexões sobre o quão inóspito é o ambiente espacial. A Nasa, agência espacial americana, anunciou recentemente que, depois de 40 anos, os trajes espaciais seriam renovados. A expectativa é que os astronautas possam utilizar o novo traje já na missão Artemis, que pretende levar a humanidade novamente para a Lua em 2024.

A mudança ocorrerá para que os trajes espaciais sejam mais duráveis e para que os astronautas possam ter maior mobilidade em suas missões. Os trajes atuais têm massa de aproximadamente 127 quilos, enquanto estão na superfície da Terra, e os astronautas demoram, em média, 45 minutos para vesti-los. É claro que, um astronauta na Lua não sentiria esse peso todo, uma vez que a aceleração da gravidade por lá acaba sendo aproximadamente 6 vezes menor do que na Terra.

Astronauta na Lua, onde o peso sentido de seu traje é aproximadamente 6 vezes menor do que na superfície da TerraAstronauta na Lua, onde o peso sentido de seu traje é aproximadamente 6 vezes menor do que na superfície da TerraFonte:  Shutterstock 

Porém, algumas características básicas do traje atual devem ser mantidas, como o fato de ser branco, já que, assim como é sabido em nosso conhecimento popular, o branco "esquenta menos" por refletir a luz do Sol e fazer com que os astronautas fiquem protegidos de temperaturas extremas que variam de 150 graus Celsius, quando estão diretamente sob a luz solar, até -150 graus Celsius na "sombra".

Além das temperaturas extremas, o traje espacial tem a função de proteger os astronautas da baixíssima pressão que existe no vácuo espacial. Considerando que o corpo humano é feito, em grande parte, de água, um humano desprotegido no espaço, teria boa parte da água de seu corpo entrando em ebulição instantaneamente, devido à baixa pressão que estaria submetido.

Para melhor entendermos o efeito que o vácuo causaria no corpo humano, podemos traçar um paralelo com a temperatura necessária para ferver água, que varia de acordo com a pressão atmosférica. Isto é, a nível do mar, essa temperatura é maior do que no alto de uma montanha, uma vez que a quantidade de ar sobre quem está a nível do mar é maior.

Por isso, no vácuo, onde a pressão é próxima de zero, é praticamente impossível de a água permanecer em seu estado líquido. Esses são apensas os dois exemplos mais comuns das dificuldades de povoarmos qualquer planeta ou satélite que não seja a Terra.

Quando pensamos na exploração espacial, podemos pensar em todos os benefícios que ela pode gerar para nossa espécie como um todo. Para citar um exemplo,  temos a possibilidade de realizar experimentos científicos que não seriam possíveis na Terra, coletando dados cruciais para diversas áreas de pesquisa. Além disso, sempre que avançamos nosso entendimento da natureza, o trabalho e empenho dedicados para entender como esse novo conhecimento pode ser aplicado em nosso cotidiano, é algo benéfico para cientistas de todo o mundo.

Mas, quando pensamos na exploração espacial, e nos damos conta o quão pequenos somos na imensidão do universo, podemos refletir também sobre como é raro encontrar vida, pelo menos da maneira como nós a conhecemos. Na Terra, pelo menos por enquanto, temos as condições perfeitas atmosféricas de temperatura e pressão para nossa vida, o que é evidente, já que foi aqui que a vida evoluiu e se adaptou. E a preservação dessas condições depende de nós, não individualmente, mas enquanto espécie.

Cientistas de todo o mundo passam muito tempo procurando planetas capazes de abrigar vida, em grande parte para que possamos entender melhor de onde viemos ou mesmo para onde vamos. Mas essa busca deve ser associada ao entendimento e apreciação de que a Terra é o melhor planeta para se viver.

Rodolfo Lima Barros Souza, professor de Física e colunista do TecMundo. É licenciado em Física e mestre em Ensino de Ciências e Matemática pela Unicamp na área de Percepção Pública da Ciência. Está presente nas redes sociais como @rodolfo.sou

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