Mulheres com mais autocompaixão têm menor risco de doença cardiovascular
Conclusão é de estudo da Universidade de Pittsburgh que analisou dados de quase duzentas mulheres
02/01/2022, às 09:00

Fonte: OPAS OMS Brasil | Facebook
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Um estudo da Universidade de Pittsburgh indicou que o risco de doenças cardiovasculares é menor para mulheres que praticam autocompaixão. A relação não pôde ser explicada por fatores demográficos, fatores de risco tradicionais ou sintomas depressivos.
As pesquisadoras analisaram dados de quase 200 mulheres com idade entre 45 e 67 anos. Para avaliar o risco de doenças cardiovasculares, foi verificada a espessura da artéria carótida, vaso sanguíneo do pescoço que leva sangue e oxigênio ao cérebro.
A artéria carótida é medida via ultrassom, e seu espessamento é considerado preditor de doenças cardiovasculares. A diferença de espessura entre mulheres com mais e menos compaixão foi semelhante à diferença entre pessoas com e sem fatores de risco tradicionais, como obesidade e triglicerídeos elevados.
Segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia, doenças cardiovasculares são a principal causa de mortes no Brasil, muitas das quais poderiam ser evitadas ou adiadas com mudanças no estilo de vida, como prática de exercícios físicos e alimentação saudável.
Material de divulgação da OMS lista mudanças comportamentais para prevenção de doenças cardiovasculares.
Os achados do estudo apontam para a autocompaixão como possível área promissora para intervenção e promoção de saúde física e psicológica. Destaca-se sua importância para a mulher na meia-idade e na menopausa, que está especialmente vulnerável ao humor negativo e à rápida piora na saúde cardiovascular.
O que é autocompaixão?
A autocompaixão é a capacidade de ter compaixão consigo mesmo, frequentemente durante períodos de sofrimento. A definição é da pesquisadora Kristin Neff, referência na área, segundo a qual seriam três seus componentes básicos:
- a autobondade, capacidade de ser gentil e compreensivo consigo mesma, sem críticas ou julgamentos excessivos;
- a humanidade comum, consciência de que dificuldades são uma experiência humana universal;
- e o mindfulness, quando há aceitação dos próprios pensamentos e sentimentos, sem julgá-los.
Para avaliar a autocompaixão das participantes, foi aplicada uma escala psicológica em que afirmações foram classificadas entre 1 (quase nunca) e 5 (quase sempre). Exemplos de afirmação incluem “Tento ser gentil comigo mesma quando sinto uma dor emocional” e “Eu desaprovo e julgo minhas próprias deficiências e insuficiências”.
As pesquisadoras observaram que, entre as respondentes, as mulheres com maior autocompaixão tendem a ser mais velhas, fisicamente ativas e com menos sintomas depressivos. Estudos anteriores já haviam sugerido que a autocompaixão está relacionada a fatores como maior atividade física e aderência a tratamentos médicos, mas este foi o primeiro a examinar sua relação com doenças cardiovasculares.
Rebecca Thurston, uma das pesquisadoras, afirma que o estudo ressalta a importância de praticar bondade e compaixão, especialmente direcionadas a nós mesmos: “Nós estamos todos vivendo tempos extraordinariamente estressantes, e nossa pesquisa sugere que autocompaixão é essencial para ambas nossa saúde mental e física", diz Thurston.
ARTIGO Health Psychology: doi.org/10.1037/hea0001137
Fontes
- Escala de Autocompaixão – Versão Portuguesa of Self-Compassion Scale, original measure developed and validated by Kristin Neff (2003)
- Women who practice self-compassion are at lower risk of cardiovascular disease | EurekAlert!
- Carotid-Wall Intima–Media Thickness and Cardiovascular Events | The New England Journal of Medicine
- Medida da espessura das camadas íntima e média das artérias carótidas para avaliação do risco cardiovascular | Revista Brasileira de Hipertensão
- Por que a autocompaixão, e não a autoestima, pode ser a chave para o sucesso | BBC News Brasil
- Cardiômetro | Sociedade Brasileira de Cardiologia
- Cartilha de Prevenção Cardiovascular | Secretaria do Estado da Saúde de São Paulo
- Doença das Artérias Carótidas | Sociedade Brasileira de Angiologia e de Cirurgia Vascular
- Avaliação da espessura da camada íntima-média de carótidas, em crianças e adolescentes, com e sem obesidade | Santa Casa de Belo Horizonte