Saiba mais sobre o exoplaneta gigante que orbita um par de estrelas

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Imagem: ESO

*Este texto foi escrito por uma colunista do TecMundo; saiba mais no final. 

E no céu do hemisfério Sul, visível a olho nu, encontra-se a estrela que hospeda o sistema planetário mais massivo e mais quente ja descoberto. De fato, não se trata de uma estrela, mas de um sistema binário de estrelas, conhecido como b Centauri, localizado na constelação do Centauro.

Localização do sistema b Centauri, na constelação Centauro, visível a olho nú no hemisfério SulLocalização do sistema b Centauri, na constelação Centauro, visível a olho nú no hemisfério SulFonte:  ESO 

A uma distância aproximadamente de 325 anos-luz, as duas estrelas do sistema possuem, em conjunto, mais de 6 massas solares. Antes dessa detecção o sistema planetário mais massivo possuía cerca de 3 massas solares, o que muda a nossa visão de formação planetária em estrelas quentes e massivas.

“Encontrar um planeta ao redor de b Centauri é muito empolgante, pois muda completamente a imagem das estrelas massivas como os hospedeiras do planeta”, afirma Markus Janson, primeiro autor do trabalho publicado na Nature, astrônomo da Universidade de Estocolmo, na Suécia.

A grande questão é que planetas precisam de matéria prima para se formar. E, no caso, isso significa o que sobrou no processo de formação das próprias estrelas hospedeiras. Para o nascimento da estrela, acontece o colapso de uma grande nuvem molecular. Mas uma pequena parte desse material não é utilizada, formando um disco ao redor da recém-nascida, de onde nascem os planetas. Uma vez que a estrela nasce e "liga", ela começa a produzir energia, o que dispersa o material ao seu redor.

Região de formação estelar na nebulosa do Girino. É possível notar a novas estrelas dispersando o gás e poeira presentes na regiãoRegião de formação estelar na nebulosa do Girino. É possível notar a novas estrelas dispersando o gás e poeira presentes na regiãoFonte:  APOD 

No Universo existe uma relação clara entre massa e energia. No caso, estrelas de maiores massas liberam maiores energias. O que explica a surpresa da equipe de pesquisadores. Já que um sistema massivo iria dispersar o material restante mais rapidamente, tornando o nascimento do planeta gigante ainda menos provável. É uma questão de escala de tempo e em sistemas massivos existe menos tempo para um planeta se formar. Além disso, essas estrelas também emitem bastante nas faixas do raio-x e ultravioleta, que são faixas de alta energia e trabalham contra a formação planetária. Em resumo, é um sistema hostil para formação de planetas, mas mesmo assim, um exoplaneta existe.

Entretanto, parece que essa questão possui uma resposta. Isso porque o exoplaneta gigante está bem distante das suas estrelas hospedeiras. De fato, esse exoplaneta está a uma distância maior que 100 vezes a distância Sol-Jupiter.  Além de estar seguramente distante, o exoplaneta é também considerado gigante, com 10 vezes a massa de Júpiter, o maior planeta do nosso sistema planetário.

Concepção artística de um exoplaneta massivo próximo a sua estrela hospedeira. No caso, o sistema HD 189733bConcepção artística de um exoplaneta massivo próximo a sua estrela hospedeira. No caso, o sistema HD 189733bFonte:  ESA 

“O planeta em b Centauri é um mundo estranho em um ambiente completamente diferente do que vivenciamos aqui na Terra e em nosso Sistema Solar. É um ambiente hostil, dominado por radiação extrema, onde tudo está em uma escala gigantesca: as estrelas são maiores, o planeta é maior, as distâncias são maiores", explica o doutorando Gayathri Viswanath, parte da equipe por trás da descoberta.

Apesar da descoberta ter sido anunciada e publicada no mês de Dezembro de 2021, na verdade não é a primeira vez que esse exoplaneta foi detectado. De fato, existem observações desse objeto celeste que datam mais de 20 anos atrás. Acontece que ele não foi identificado como um exoplaneta então.

Camila de Sá Freitas, colunista do TecMundo, é bacharel e mestre em astronomia. Atualmente é doutoranda no Observatório Europeu do Sul (Alemanha). Autointulada Legista de Galáxias, investiga cenários evolutivos para galáxias e possíveis alterações na fabricação de estrelas. Está presente nas redes sociais como @astronomacamila.

Fontes

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