NASA: sonda Parker é a primeira a 'tocar' o Sol

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Imagem: NASA/Johns Hopkins APL/Steve Gribben

Uma conferência de imprensa realizada no encontro de outono da União Geofísica Americana (AGU), realizada na terça-feira (14) em Nova Orleans, nos EUA, divulgou os resultados de um evento histórico para a heliofísica mundial: a primeira vez que uma nave terrestre tocou diretamente a superfície do Sol.

Parte do estudo “Sonda solar Parker entra na coroa solar magneticamente dominada”, publicado na terça-feira (14) na revista científica Physical Review Letters, o evento ocorreu no dia 28 de abril de 2021, às 5h33 no horário de Brasília. Naquele momento, a espaçonave não tripulada atingiu a camada mais externa da atmosfera do Sol, conhecida como coroa, e passou cinco horas ali.

Diferentemente da Terra, o Sol não possui uma superfície sólida. No entanto, tem uma atmosfera superaquecida, constituída por material solar que se liga à estrela através da gravidade e pelas forças magnéticas. À medida que o calor e a crescente pressão empurram esse material para longe do núcleo, ele atinge um ponto em que tanto a gravidade quanto os campos magnéticos tornam-se muito fracos para contê-lo.

Fonte: NASA/Johns Hopkins APL/Ben Smith/Reprodução.Fonte: NASA/Johns Hopkins APL/Ben Smith/Reprodução.Fonte:  NASA/Johns Hopkins APL/Ben Smith 

Entrando na atmosfera solar

O ponto de interseção entre o fim da atmosfera solar e o início do vento solar é chamado de superfície crítica de Alfvén, que marca o começo da borda externa do sol. O vento solar é feito do material solar com energia suficiente para atravessar essa fronteira crítica. Ele é tão forte que arrasta consigo o campo magnético do Sol enquanto cruza o sistema solar, em direção à Terra e além. Nesse movimento, as ondas internas do vento não têm velocidade para voltar.

No entanto, a localização exata da superfície crítica de Alfvén não era conhecida pelos cientistas. Estimativas feitas através de imagens remotas do envoltório luminoso indicavam para uma região entre dez e 20 raios solares da superfície do Sol, entre -7 a 14 milhões de quilômetros. "Estávamos esperando que, mais cedo ou mais tarde, encontraríamos a corona por pelo menos um curto período de tempo”, disse Justin Kasper, principal autor do artigo.

Foi somente durante o seu oitavo sobrevoo solar, no dia 28 de abril, que a Sonda Solar Parker localizou as condições magnéticas e de partículas específicas a 18,8 raios solares (ou 13 milhões de quilômetros) acima da superfície solar, o que indicou aos cientistas que a espaçonave havia cruzado Alfvén pela primeira vez, e entrado dentro da atmosfera solar. Nesse ponto, a Parker havia atravessado para dentro e para fora da coroa umas três vezes.

O manuscrito do estudo é de acesso aberto e pode ser baixado neste link.


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