Smart City Expo Curitiba 2024 reuniu lideranças globais em governança inteligente

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Entre os dias 20 e 22 de março deste ano, Curitiba foi palco de um dos maiores encontros sobre cidades inteligentes do mundo, o Smart City Expo Curitiba 2024. Após ser eleita pela Fira Barcelona a cidade mais inteligente do mundo, no World Smart City Awards, a capital paranaense recebeu as principais lideranças globais no assunto.

Confira alguns destaques do evento, que reuniu mais de 20 mil pessoas, e os principais pontos abordados pelos debatedores de diversos locais do mundo no evento. O já tradicional congresso teve a sua 5ª edição e é organizado pelo iCities, um hub que tem como propósito aproximar governantes e empresas na criação de projetos e soluções para smart cities.

Cidades inteligentes

Os três dias de evento apresentaram as melhores experiências de inovação na área pública. Gestores, pesquisadores e especialistas em tecnologia e urbanismo debateram como dinamizar a vida nas cidades, integrando diferentes setores.

Ricardo Zapatero, diretor de Negócios Internacionais da Fira Barcelona, defendeu que as cidades mais dinâmicas precisam ser um polo propulsor de tecnologias disruptivas a serviço de uma governança inteligente.

A cidade anfitriã apresentou um caminho: o prefeito Rafael Greca anunciou durante o evento a criação de uma secretaria municipal dedicada à inteligência artificial, pensada para dar suporte às diferentes áreas de atuação do Executivo. Somando-se às atividades do Vale do Pinhão, a capital pretende aprimorar sua expertise e seguir na dianteira de projetos que unem sofisticação tecnológica com cuidado social.

A boa e velha escuta

Smart City CuritibaTecnologias de comunicação devem aproximar a gestão pública do cidadão e aprimorar serviços. (Fonte: Lívia Inácio/Reprodução)

Os melhores cases apresentados durante o evento foram aqueles que usaram novos suportes computacionais e modelos de governança para permitir um contato mais efetivo com a população. Um deles vem da Colômbia: Medelim, conhecida historicamente pela violência e favelização, é hoje um dos destinos mais visitados da América Latina e um dos centros de negócios mais ativos do continente.

Para Santiago Uribe, diretor-executivo da Corporación Oficina de Resiliência da cidade colombiana, algumas estratégias usadas foram fundamentais para a transformação. Uma delas partiu de dados públicos para mapear desafios locais. Outra saída foi escutar a periferia, abrindo canais eficientes.

Niterói também foi destaque ao mostrar como usa a tecnologia para tornar a tomada de decisão mais próxima das pessoas. Nos últimos 10 anos, o município aprimorou instrumentos de interação digital como o aplicativo Colab e se tornou mais permeável às demandas da população.

"Não só enviamos informação, mas nos preparamos para trocar, ouvindo as pessoas", conta Fernando Stern, coordenador de Comunicação Digital e Relacionamento com o Cidadão da cidade fluminense.

Como resultado do investimento, as consultas públicas ganharam robustez e a gestão em diferentes áreas - mobilidade urbana, serviços de zeladoria, educação, saúde - passaram a ser coordenadas com o auxílio de ferramentas de participação virtual. "Em 2019, tivemos 18 mil interações com usuários. Neste ano, a expectativa é finalizar com mais de 60 mil atendimentos, com quase 90% de resolução", diz Stern.

Governança inteligente

B2B. B2C, B2G... por trás dessa sopa de letrinhas, que dizem respeito a criar conexões com empresas, usuários e governo, está a necessidade de construir modelos de governança que atravessem a agenda pública e envolvam diferentes atores na busca de soluções conjuntas.

Isso é especialmente importante porque, junto ao tamanho das cidades, cresce o nível de complexidade das decisões. Basta pensar que, nos últimos 100 anos, a quantidade de centros urbanos com mais de 1 milhão de habitantes subiu de 12 para mais de 600, ao redor do mundo. Ou seja, não é possível gerir as cidades como se fazia há décadas.

Eduardo Vale, da Americanet, conta que é preciso conciliar o melhor das ferramentas tecnológicas com a resolução das dores das necessidades sociais. "Tecnologia por tecnologia é custo. Ela só é investimento quando resolve uma dor e atende diferentes aspectos ao mesmo tempo", diz.

Um exemplo são as câmeras de segurança, já presentes no dia a dia das cidades. Quando unidas a softwares de gestão inteligente, são capazes de otimizar a atuação na segurança pública, mas também servir de suporte a outras decisões, como o monitoramento de tráfego. Por isso, a governança de processos sociais precisa estar articulada com a governança de dados e seguir uma estratégia macro que otimize os recursos públicos.

Mobilidade sustentável

Cuidado com o meio ambiente foi outro eixo destacado pelas intervenções do Smart City Expo Curitiba 2024. E, para tornar o planejamento urbano mais verde, é necessário se preparar a longo prazo para uma série de transformações. "Não se dorme diesel e se acorda elétrico", provoca Mariana Batista, da C40 Cities.

Um bom roteiro foi apresentado por Ciro Pirondi, da Associação Escola da Cidade, Arquitetura e Urbanismo de São Paulo. Ele sugere inverter as prioridades urbanas atuais. "Hoje, a ordem de prioridade das cidades é: veículo motorizado próprio, depois veículo motorizado alugado, depois veículo motorizado coletivo, depois modais não motorizados e, enfim, os pedestres. É necessário fazer justamente o inverso", diz.

Além disso, é interessante pensar em novos modos de se deslocar usando a geografia urbana, como o hidro-urbanismo. "Por que não usar os rios das grandes cidades para trafegar nelas?", questiona Pirondi.

Também nesse aspecto, vale um consenso apresentado por diferentes especialistas presentes no evento: é importante pensar grande e começar pequeno, ganhando escalabilidade ao longo do caminho. Cidades inteligentes não são aquelas que têm uma solução mágica para seus problemas, e sim aquelas que se mostram capazes de trabalhar juntas, abordar desafios de modo inovador e aprender durante o processo.

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