Review Xiaomi Mi 8: o top do ano passado ainda vale a pena?

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“Eu quero um celular com câmera boa e que não trave!” Essa é a frase que eu mais escuto quando alguém vem me pedir conselhos antes de comprar um novo smartphone.

Isso me faz acreditar que as pessoas dão muita importância para a experiência de uso — mesmo quando elas não sabem exatamente o que é isso — e para a qualidade das fotos que seus dispositivos são capazes de gerar. Curiosamente, essas mesmas pessoas também não querem um celular absurdamente caro.

Essas exigências diminuem consideravelmente as possibilidades de compra, mas existe uma opção que se encaixa nesses parâmetros: o Xiaomi Mi 8.

mi 8

O Mi 8 foi o meu celular principal nas últimas semanas, e tive a oportunidade de viajar com ele no bolso e realmente testar com calma suas qualidades e seus defeitos. Quando voltei a usar meu próprio aparelho, até senti falta de algumas coisinhas do modelo da Xiaomi, o que é bastante incomum.

O TecMundo decidiu testar o Mi 8 pelo simples fato de que ele é, agora, o top de linha da geração passada da Xiaomi e vem aparecendo em promoções aqui e ali, tanto em lojas brasileiras quanto nas internacionais. Em suma, queríamos saber se ele ainda valia a pena, considerando a chegada do Mi 9 ao mercado.

Se você já estava ou ficou curioso com isso agora, eu o convido a avaliar comigo os principais pontos negativos e positivos do celular da chinesa e descobrir se ele se encaixa no seu cotidiano.

Câmera

Vamos começar pela câmera por dois motivos. O primeiro seria o fato de eu perceber que esse ponto é realmente importante para as pessoas que estão em busca de um novo smartphone. O segundo seria o simples fato de esse celular ser muito competente nesse aspecto.

Ele tira ótimas fotos em praticamente qualquer situação de iluminação. Enquanto eu testava o Mi 8, vários amigos que viam a qualidade dos resultados ficavam impressionados com o “alcance dinâmico” do conjunto duplo de câmeras traseiro. Isso quer dizer que é surpreendente a capacidade do aparelho de equilibrar e deixar bem expostas áreas muito claras ou muito escuras de uma foto.

mi8

Isso aconteceu particularmente quando registrava uma paisagem onde aparecia vegetação na parte inferior da imagem e o céu com nuvens encobrindo o Sol acima. Um amigo tentou fazer várias fotos desse mesmo cenário com seu aparelho, mas os resultados foram ruins: ficava muito claro ou muito escuro. Nunca equilibrado. Já o HDR do Mi 8 conseguiu dar conta do recado, deixando céu e a vegetação bem expostos.

Só que esse HDR, muitas vezes, pode ser muito agressivo, tornando o céu exageradamente azul ou mostrando umas sombras esquisitas nas nuvens. A foto que você vê a seguir mostra tudo isso.

mi8Vermelho: sombras estranhas nas nuvens geradas artificialmente pelo HDR - Azul: cor exagerada e inconsistente no céu gerada pelo HDR - Branco: vegetação com cor bastante distorcida

Ademais, o conjunto de câmeras consegue fazer boas fotos à noite, e as duas lentes com distâncias focais diferentes são bem utilizadas. Uma delas é grande angular para capturar ambientes de forma mais ampla, e a outra é uma telefoto, que proporciona zoom óptico de 2x. No app de câmera, você consegue alternar entre elas com um simples toque, e as fotos acabam muito boas com ambos os sensores.

O desfoque do fundo das imagens, feitas tanto com a câmera da frente quanto com a de trás, fica muito natural

Outro destaque é o modo retrato. Esse aparelho — e todos os top de linha mais recentes da Xiaomi — consegue fazer isso com excelência. O desfoque do fundo das imagens, feitas tanto com a câmera da frente quanto com a de trás, fica muito natural. O contorno desse desfoque em volta do sujeito também impressiona, com poucas ou nenhuma falha.

Minha única reclamação referente ao modo retrato é que ele deixa as imagens consideravelmente mais escuras do que elas ficariam no modo automático normal. De qualquer forma, é bem fácil contornar isso com qualquer app de edição ou mesmo com os ajustes do Instagram.

mi8Modo retrato com a câmera frontal

Temos também o uso de inteligência artificial no app de câmera que consegue detectar cenas de forma automática. Assim que você aponta o celular para algo, ele automaticamente identifica o que aquilo pode ser — pessoa, paisagem, comida etc. — e ajusta as configurações da câmera para aquela situação.

Eu não consigo ter certeza do quão eficiente esse recurso é, pois ele não dá um retorno com o nome da cena identificada, mas presumo que funcionou bem. Isso porque nunca precisei ficar mexendo demais no app de câmera antes de fazer qualquer captura.

mi8Modo retrato com a câmera traseira

E isso é o que realmente importa em uma câmera de celular: você ter a confiança de tirar o aparelho do bolso, fotografar algo sem preocupações e confiar que os resultados serão bons.

Design

Embora o Mi 8 tenha me impressionado com suas câmeras, me decepcionou quanto ao design. Não é um celular cheio de falhas, mas é inegável que se trata de uma cópia dos iPhones XXs da Apple. É inclusive um dos que mais se parecem com os aparelhos da Maçã, considerando que até o software tenta imitar a concorrente em alguns elementos.

Por exemplo, os planos de fundo na tela de bloqueio são muito parecidos com o que a Apple mostrou no iPhone X de 2017, com cores meio foscas se movendo na tela quando o aparelho é “acordado”. A própria MIUI também imita até certo grau alguns aspectos do iOS.

mi8

O que me incomoda em tudo isso é a falta de originalidade — não a aparência em si. Naturalmente, muita gente simplesmente não se importa com essas questões, mas para mim é algo que precisa ser pelo menos pontuado.

Ademais, o Mi 8 tem uma excelente qualidade de construção. A traseira de vidro se integra muito bem com a moldura metálica, sem frestas ou qualquer tipo de aresta afiada. É impressionante a qualidade de fabricação que a Xiaomi consegue alcançar mesmo vendendo seus smartphones muitas vezes pela metade do preço dos concorrentes.

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Tela

Este é outro ponto forte do top de linha do ano passado da Xiaomi. O Mi 8 tem um display muito vivo e brilhoso. Você consegue usar o smartphone em qualquer ambiente, claro ou escuro, e sempre enxergar em detalhes tudo o que a tela mostra.

Ele não é exageradamente saturado, como vemos em muitos aparelhos baratos. Economiza no ponto certo, deixando passar a resolução 2K e ficando com o tradicional Full HD+. Isso torna o display mais barato e poupa bateria sem comprometer significativamente a visualização dos elementos na tela. Mais empresas deveriam apostar nessa configuração em seus top de linha, já que o 2K só traz vantagens perceptíveis quando celulares são comparados lado a lado.

Resolução 2K só traz vantagens perceptíveis quando celulares são comparados lado a lado

Mas eu tenho uma reclamação a fazer sobre esse display. Não tem a ver exatamente com o painel, mas sim com o sensor de luminosidade — ou com o software —, que reage muito lentamente a mudanças na iluminação do ambiente em que você se encontra.

Em outras palavras, quando você sai de um ambiente fechado para a parte externa, a tela do Mi 8 demora para ajustar seu brilho e compensar a luminosidade do Sol. Esse ajuste é praticamente instantâneo no meu OnePlus 5T e também é o caso em quase todo celular que uso.

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Curiosamente, eu já havia notado esse problema — ou talvez seja uma configuração consciente — em outros celulares da Xiaomi. Portanto, não foi uma surpresa. Só foi um pouco irritante porque, com alguma frequência, eu precisava ajustar o brilho manualmente.

É bom destacar que, apesar de vir desligado por padrão, esse smartphone tem o recurso de “Display Always On”, que mostra data e ícones de notificações mesmo com a tela desligada. Você também pode ajustar o celular para ligar a tela sempre que tocar nele ou levantá-lo da mesa.

Desempenho

Na minha experiência com o Mi 8, não há tarefa simples ou pesada que o celular não consiga tirar de letra. Ele é muito ágil em tudo o que faz e consegue deixar para trás muitos modelos mais caros em alguns aspectos.

Isso se deve bastante ao software da Xiaomi, que é otimizado para interagir de maneira bem rápida com o usuário, mas também tem a ver com o hardware. Temos um chipset Snapdragon 845 e opções de 6 GB ou 8 GB de RAM. Isso garante que o celular consiga dar conta de qualquer tipo de jogo que você possa encontrar na Play Store e muito mais.

mi8Mi 8 à esquerda e Mi MIX 2S à direita

Essa combinação de hardware top de linha e software bem otimizado faz com que a experiência de uso — que muita gente não sabe bem o que é, mas espera que seja boa — seja excelente nesse modelo. Você nunca se sente irritado com a demora no carregamento de alguma coisa, a interface é sempre muito suave e consegue manter uma consistência bonita de ver, e tudo o que você abre carrega em um instante.

O smartphone também se saiu bem nos nossos testes de benchmark. Confira os resultados:

mi8O app AnTuTu 7.0 permite testar interface, CPU, GPU e memória RAM dos dispositivos. Os resultados são fornecidos individualmente e somados para gerar uma pontuação total. Quanto mais pontos, melhor.

mi8O Geekbench 4 é um teste multiplataforma que avalia o desempenho do processador com um sistema de pontuação duplo. Ele estressa cada núcleo do chipset individualmente com uma carga de trabalho que simula atividades de uso real e, em seguida, faz o mesmo teste estressando todos os núcleos em conjunto. Os resultados “Single” são referentes ao teste para núcleos individuais, e os “Multi” representam o conjunto como um todo.

mi8O PCMark mensura o desempenho do celular durante tarefas comuns de produtividade, como navegação na web, edição de vídeos e fotos e trabalho com documentos e dados em geral. Assim como nos outros casos, totais de pontuação maiores significam resultados melhores.

Software

Retomando essa questão da boa interação entre software e hardware, é curioso levantar uma questão que, até pouco tempo atrás, não era discutida. A MIUI, que é pesadamente modificada em relação ao “Android Puro” da Google, consegue entregar mais consistência e fluidez para os celulares da empresa do que vemos em Pixels da Google.

Há inúmeros relatos de que Pixels 33XL começaram a apresentar problemas de desempenho depois de algumas atualizações do Android. E a Google é a empresa que, teoricamente, teria mais insumos ou capacidade para manter o Robô rodando bem nos seus próprios celulares. Em vez disso, Xiaomi e companhia estão na dianteira nesse aspecto.

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Até a OnePlus, com o Android 9 Pie, começou a pisar na bola. O meu OnePlus 5T inclusive começou a apresentar aqueles pequenos engasgos nas animações que não são travamentos — apenas inconsistências. A MUIU 10 (Android 9) no Mi 8, que não é a versão que esse aparelho recebeu de fábrica, nunca apresenta qualquer coisa desse tipo.

Além disso, essa mesma MIUI recebeu uma série de melhorias no visual que a tornaram muito mais amigável para alguém acostumado com o visual do Android tradicional. Por conta de melhorias na área de notificações, nas chavinhas de ligar e desligar WiFi, Bluetooth etc., agora consigo me ver usando esse software diariamente sem ficar irritado o tempo todo. Em suas versões anteriores, a MIUI simplesmente não era para mim.

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Bateria para o dia todo

Eu passei a confiar tanto na autonomia de bateria do Mi 8 que, muitas vezes, acabei esquecendo de carregar o aparelho à noite. Na outra manhã, ele ainda estava lá, com bateria suficiente para que eu conseguisse chegar ao trabalho e, só então, plugá-lo à tomada.

O Mi 8 consegue durar um dia todo com uma carga completa, mesmo que você tenha um padrão de uso mais intenso

O Mi 8 dura um dia todo com uma carga completa, mesmo que você tenha um padrão de uso mais intenso. Isso é possível graças ao fato de ele conseguir manter sua bateria muito bem enquanto não está sendo usado ou em stand-by.

Em dias em que fiz apenas o essencial, usando o aparelho para comunicação e navegação em redes sociais, terminei vários dias de teste com mais de 40% de carga sobrando. Nos dias mais intensos, quando tirei muitas fotos, usei GPS para navegar pelas ruas da cidade e trabalhei com ele durante uma viagem, ainda tive um dia todo de autonomia.

Foi depois disso que o aparelho me fez confiar em sua bateria. Eu carrego um powerbank na mochila sempre que viajo, mas não precisei usar o acessório em momento algum para carregar o Mi 8. Meu colega que tem um iPhone qualquer, por outro lado, precisou emprestar o carregador portátil em várias ocasiões.

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Nos nossos testes, ele também se saiu bem. Com uma carga completa, estimamos que ele consiga rodar 8 horas e 20 minutos de vídeo de forma contínua no YouTube, com brilho da tela no máximo e WiFi ligado.

Extras

Há uma câmera infravermelha logo acima da tela para oferecer reconhecimento facial, e isso garante uma biometria prática e rápida. Esse mesmo sensor também ajuda nas selfies em modo retrato. Temos ainda um leitor de digitais na traseira, mas o Mi 8 não conta com plugue para fones de ouvido. Na caixinha, você encontra um adaptador que “resolve” essa situação.

O celular ainda dispõe de carregamento rápido Quick Charge 4+ e serve como powerbank para outros aparelhos via USB-C. Outro ponto interessante é o GPS de frequência dupla, que garante mais precisão para a navegação com mapas. Se você dirige para apps como Uber e 99, o Mi 8 certamente é uma boa opção.

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Vale a pena?

O Mi 8 tem um excelente conjunto de câmeras e boa qualidade de construção. O software é muito ágil e bem construído, e o aparelho ainda consegue dar conta de qualquer game disponível na Play Store. Ele também lida com qualquer atividade cotidiana como se não fosse nada e é uma ótima opção para quem usa muito a navegação por GPS.

Entre os pontos negativos, citamos o design, que foi praticamente “xerocado” do iPhone X, além do fato de o aparelho não ser vendido oficialmente no Brasil. Isso quer dizer que ele não tem garantia da fabricante ou assistência técnica por aqui. Mas, se você fizer a compra em uma loja brasileira de confiança, essa questão do suporte pode ser mais ou menos contornada.

No Brasil, é possível encontrar o Mi 8 em sites como Mercado Livre e Amazon Brasil com facilidade por preços que variam de R$ 2,2 mil a R$ 2,4 mil. Esse valor é interessante considerando que, importado direto da China, ele custaria hoje praticamente o mesmo e correria o risco de ficar “parado para sempre” na Anatel ou nos Correios por conta das novas políticas para encomendas internacionais.

Em outras palavras, a importação de sites internacionais deixou de ser aquela opção atraente que já foi; agora, é muito mais lenta e burocrática. Fora isso, há um alto risco de a Receita Federal cobrar imposto de importação.

Mesmo com esses problemas, eu ainda acho que o Mi 8 vale a pena por conta de tudo de bom que ele oferece. Na minha opinião, o principal concorrente desse Xiaomi aqui no Brasil hoje é o Galaxy S9, que custa apenas cerca de R$ 100 a mais em lojas online.

A bateria do Mi 8 é mais confiável, e a experiência de uso oferecida pelo produto chinês também é superior

O modelo da Samsung é mais interessante em termos de design e câmera e por contar com suporte oficial e de qualidade no Brasil. No entanto, a bateria do Mi 8 é mais confiável, e a experiência de uso oferecida pelo produto chinês também é superior, na minha opinião.

Para se decidir, você precisa definir quais são as características mais importantes para o seu uso diário. Seja qual for a escolha, certamente você terá no seu bolso um dos melhores smartphones da geração passada.

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Opções de compra: R$ 2.197 - Versão com 64 GB

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