Importante escudo protetor contra a radiação solar, o campo magnético da Terra não apenas protege a vida e a atmosfera do planeta, como funciona como uma espécie de GPS natural para a vida selvagem e amortece os distúrbios geomagnéticos que poderiam danificar redes elétricas e sistemas de comunicação terrestres.
Em um artigo para o site The Conversation, o físico Ofer Cohen, professor de Física Aplicada da Universidade de Massachusetts em Lowell, nos EUA, trata de um tema importante: as mudanças que ocorrem na localização dos polos magnéticos norte e sul do planeta durante séculos. Elas indicam alterações na geometria do campo magnético da Terra, e poderiam eventualmente ser o início de uma inversão entre os dois polos.
Cohen explica que, embora pequenas mudanças no polo norte não sejam relevantes, uma possível reversão pode representar um baita impacto no clima da Terra e em nossa moderna tecnologia. Mas tais reversões não acontecem da noite para o dia, e costumam ocorrer “ao longo de milhares de anos”.
Como é gerado o campo magnético da Terra?
Os campos magnéticos são gerados pelo movimento de cargas elétricas através de materiais condutores. No caso da Terra, isso consiste na passagem de cargas negativas, os elétrons, através do núcleo de ferro líquido do interior do planeta. As correntes se movem por todo o núcleo, e o próprio ferro líquido também se move e circula.
O movimento interno dessas camadas condutoras resulta em dois tipos de campos: os maiores, com rotações em grande escala, geram um campo magnético simétrico com um polo norte e um polo sul definidos; e fluxos menores, que não seguem o padrão, e se manifestam em pequenas anomalias que, com o passar do tempo, resultam em mudanças em grande escala.
Mudança nos polos e inversão do campo magnético da Terra
As localizações observadas do polo magnético norte de 1831 a 2007 são os quadrados amarelos.Fonte: Centros Nacionais de Informação Ambiental
Desde que os cientistas realizaram a primeira medição da forma e orientação do campo magnético da Terra, em 1831, a localização desse ponto extremo — que não coincide com o polo geográfico norte — já se deslocou cerca de 965 quilômetros. A velocidade da migração aumentou de 16 km/h para 54 km/h nos anos mais recentes.
No entanto, apenas 200 anos de dados é um período muito curto para se falar em uma inversão de campo. Essas inversões levam normalmente entre 100 mil e 1 milhão de anos para ocorrer, um lapso de tempo rápido em termos geológicos, mas muito longo para o contexto humano.
Embora uma inversão dos polos magnéticos leve alguns milhares de anos para ocorrer, durante esse período a orientação da magnetosfera (região do espaço onde o campo magnético terrestre interage com o vento solar) pode mudar e expor partes do nosso planeta à radiação cósmica, que pode alterar a concentração de ozônio na atmosfera.
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