Ciência

Astrônomos classificam 2 exoplanetas como verdadeiros ‘mundos aquáticos’

Com o uso de telescópios espaciais da NASA, pesquisadores encontraram evidências de que 2 exoplanetas, a 218 anos-luz de distância da Terra, devem ser compostos principalmente por água; veja

20/12/2022, às 11:00

Astrônomos classificam 2 exoplanetas como verdadeiros ‘mundos aquáticos’

Fonte:  Universidade de Montreal/Reprodução 

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Um estudo da Universidade de Montreal (Canadá) classificou 2 exoplanetas conhecidos como verdadeiros “mundos aquáticos”, em razão de grande parte de seus volumes serem compostos por água. Eles orbitam uma estrela anã vermelha a 218 anos-luz de distância da Terra, na constelação de Lyra, e são diferentes de qualquer planeta do nosso Sistema Solar.

Os exoplanetas são quase idênticos e foram descobertos em 2014 pelo Kepler, telescópio espacial da NASA, razão de serem denominados Kepler-138c e Kepler-138d. Com ajuda de dados dos satélites Spitzer e Hubble, os astrônomos descobriram que cada um deles é cerca de 50% maior do que a Terra, com o dobro da massa, mas com metade da densidade do nosso planeta.

Essa proporção fez com que os pesquisadores descartassem a possibilidade de se tratar de mundos rochosos, conforme se acreditava. Vale destacar que a água não foi diretamente detectada, mas sugerida através de modelos. Dessa forma, a comparação de seus tamanhos e massas em simulações levou à conclusão de que esses planetas devem ser feitos de materiais mais leves do que a rocha, mas mais pesados do que hidrogênio ou hélio, sendo a água o candidato mais comum.

Ao contrário da hidrosfera da Terra, a água nos exoplanetas Kepler-138c e Kepler-138d se dá através de vapor na atmosfera e em zonas de alta pressão nas profundezasAo contrário da hidrosfera da Terra, a água nos exoplanetas Kepler-138c e Kepler-138d se dá através de vapor na atmosfera e em zonas de alta pressão nas profundezas

No entanto, os planetas distantes não devem apresentar oceanos em suas superfícies, ao contrário do que ocorre em nossa hidrosfera. Isso porque as temperaturas de Kepler-138c e Kepler-138d passam do ponto de ebulição da água, cujo estado líquido que domina a superfície na Terra dá lugar a uma atmosfera de vapor espessa e densa. Somente sob essa atmosfera de vapor poderia haver água líquida, em alta pressão nas profundezas.

Assim, o trabalho que foi publicado na revista Nature Astronomy aponta que muitas Superterras — planetas com massa superior à da Terra — conhecidas também podem ser mundos aquáticos. Nesse sentido, a expectativa é a de que novas técnicas e instrumentos mais sensíveis possam no futuro encontrar e estudar com mais detalhes outros planetas com a mesma natureza do Kepler-138c e Kepler-138d.