SOSCiência: Cientistas fazem manifestação virtual contra cortes na pesquisa

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Nesta semana, cientistas brasileiros de norte a sul participaram de uma manifestação virtual no Twitter (tuitaço) contra o corte de verbas para o CNPq e a Capes, principais agências de financiamento de pesquisas no país. A mobilização aconteceu após a renúncia coletiva de 52 pesquisadores vinculados ao MEC.

O movimento foi levantado pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).

A SBPC é a principal organização de cientistas do país. Fundada em 1948, a entidade atua no aperfeiçoamento do sistema nacional de ciência e tecnologia, e na difusão da ciência no País. Além do tuitaço, houve ato presencial em frente ao ministério da economia e ato virtual transmitido via YouTube.

Alguns pesquisadores aproveitaram para comentar as dificuldades e perrengues enfrentados no país. A intenção foi atrair a atenção da comunidade científica internacional para a situação de calamidade da pesquisa aqui.

"É verão no Brasil agora, e também a estação chuvosa, então nós descobrimos os lugares onde as rachaduras do teto, que sempre mudam, permitem agora o vazamento da água da chuva. Esse ano tivemos sorte: a principal goteira (e ela é substâncial!) é justamente no lugar onde nós deixamos nosso leitor de placas."

"E eu digo sorte porque o leitor de placas não está atualmente lá: ele quebrou meses atrás, e nós o enviamos para reparo, que está atrasado enquantos as partes importantes dele [não chegam]. Importar qualquer coisa aqui leva no mínimo 3 meses. Então nossa goteira principal no lab está uma bancada vazia agora."

Adesão de universidades e pesquisadores

A mobilização foi endossada por universidades públicas do país, como a Universidade Federal de Uberlândia (UFU), que aproveitou para divulgar pesquisas relacionadas ao coronavírus.

Durante o último governo, o orçamento da ciência tem sofridos grandes cortes, criando precariedade na área. O CNPq, agência de fomento nacional vinculada ao MCTI, sofreu um apagão no servidor esse ano por falta de verba, causando transtornos para pesquisadores. O problema demorou 20 dias para ser resolvido.

O corte de verbas reduz o dinheiro disponível para a realização de pesquisas. Estudos importantes, como do HIV e do câncer, são ameaçados pela falta de dinheiro. O governo aprovou agora mais um corte de R$600 milhões, que gerou a mobilização.

A Capes, vinculada ao MEC, foi outro órgão de fomento mencionado. Voltada à formação profissional, é a principal pagadora de bolsas na graduação e pós-graduação no Brasil.

Universidades e instituições públicas de pesquisa também foram lembradas. A maior parte dos estudos científicos feitos no país são realizados dentro dessas instituições, ou em parcerias entre elas e o setor privado.

Preocupação com o pagamento de bolsas

Professores mostraram preocupação pelo futuro de seus alunos de pós-graduação.

Os pesquisadores aproveitaram para denunciar os valores baixos das bolsas de pós-graduação. Os valores não são reajustados desde 2013. Estudantes altamente qualificados, de mestrado e doutorado, recebem pagamentos muito abaixo do mercado.

Também é exigido dedicação exclusiva dos bolsistas, o que significa que eles não podem acumular outras fontes de renda ao valor recebido. Alunos de pós expuseram a situação complicada em que vivem na rede.

Alguns pesquisadores chamaram atenção para a fuga de cérebros no Brasil. O país figura entre os 20 maiores produtores de estudos no mundo, mas a falta de perspectiva faz com que os jovens cientistas busquem carreiras no exterior.

No final, resta a esperança

Os cientistas, sobretudo, mostraram garra e vontade de transformar a realidade do país, e prometeram seguir lutando pela defesa da ciência.

"Mas, sobretudo, eu tenho certeza de que nós, cientistas brasileiros, iremos perseverar. Nós apenas temos que focar, todos os dias, em dar passos adiante na nossa ciência e nas políticas científicas. A maré está mudando, e nós somos unidos, fortes e resilientes. Posturas anticientíficas não prevalecerão!"

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