Ciência no Brasil: pesquisadores da Capes pedem renúncia coletiva

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Um grupo de 52 pesquisadores ligados às áreas de Matemática e Física da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal do Ensino Superior (Capes), fundação vinculada ao Ministério da Educação (MEC), renunciaram coletivamente aos seus cargos conforme cartas divulgadas na semana passada e na segunda-feira (29). Segundo o G1, os servidores justificam a decisão como um protesto contra a “falta de apoio e respaldo ao trabalho deles”.

De acordo com a Folha de S. Paulo, os pesquisadores trabalhavam nos processos de avaliação do sistema de pós-graduação do país. Os seis coordenadores demissionários haviam sido originalmente nomeados pela Capes para um mandado de quatro anos, enquanto os outros 46 trabalhavam como assessores.

Na carta divulgada na segunda (29), pesquisadores da área de Matemática afirmam qua a Capes não tem se empenhado para defender a Avaliação Quadrienal dos cursos de pós-graduação, suspensa desde setembro pela Justiça. Por outro lado, afirmam os signatários, o órgão tem feito uma "corrida desenfreada" pela abertura de novos cursos de pós a distância, que deveria ocorrer somente após a Avaliação Quadrienal.

Uma explosão de universidades particulares

Falando ao jornal Estado de S. Paulo, um dos demissionários, o professor Roberto Imbuzeiro, do Instituto de Matemática Pura e Aplicada (Impa), disse que a situação ficou insustentável quando a Capes pediu que a equipe refizesse toda a regulamentação do ensino a distância na pós-graduação em um prazo de dois dias, prazo considerado insuficiente para "estabelecer parâmetros para a expansão com qualidade do EaD".

O servidor teme "que sejam tomadas atitudes que, em vez de prezar pela qualidade da pós-graduação, sejam atitudes em prol da quantidade (de cursos), para universidades abrirem programas sem tantos critérios". Segundo Imbuzeiro, isso poderia gerar uma verdadeira explosão de universidades particulares com "muitos programas que não prezam pelo mérito científico".

Como a condução das avaliações dos cursos de pós-graduação depende da formação de comissões específicas em cada uma das 49 áreas do conhecimento existentes, a saída desses pesquisadores faz com que a Capes tenha que promover uma reestruturação das equipes que avaliam as duas áreas que ficaram desfalcadas de seus analistas.

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