Debate: passar muito tempo em frente ao computador afeta os relacionamentos sociais?

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Não é segredo para ninguém o quanto a internet e os games tomam tempo dos jovens, tempo que poderia ser empregado para muitas outras tarefas, como estudos e contatos sociais. Mas existe um limite para que as pessoas possam ficar na frente dos computadores sem que isso afete sua vida social? É possível manter relacionamentos reais e virtuais em consonância?

O Portal Baixaki reuniu as opiniões de alguns dos mais influentes centros de pesquisa e opinião do mundo para dar embasamento suficiente para que você, usuário, forme a sua própria acerca desse tema polêmico que envolve uma ferramenta tão importante para a vida profissional, acadêmica e agora também para a vida social: o computador.

O debate começa

Há muitas informações que acusam os computadores e a internet de retirarem dos usuários a capacidade de viver em sociedade, pois transportam toda a carga emocional que seria utilizada na “vida real” para os relacionamentos virtuais. Mas há fontes que dizem justamente o contrário, que os relacionamentos virtuais contribuem para a formação do cidadão e são um alicerce às relações sociais, não um substituto.

O que diz quem acusa?

Apesar de alguns benefícios que a internet e os jogos de computador proporcionam, uma grande parte da sociedade diz o contrário, que na verdade os computadores fazem com que os usuários abstenham-se da vida em sociedade para se tornarem sujeitos alheios aos outros, tendo apenas relações sociais por meio das máquinas.

Essa corrente nega todos os argumentos dos defensores da internet como ferramenta de interação complementar, colocando em debate uma série de acusações, e todas têm um ponto em comum: afirmam que a internet impede os jovens de desenvolverem sua capacidade de cognição social.

Cuidados são  necessários

Games

Há alguns anos, as pessoas jogavam, por exemplo, video games diversos e precisavam ir às casas de seus amigos para disputar partidas. Com as crescentes possibilidades de jogar online contra outros jogadores, essa interação tornou-se mais escassa, além disso, começou a ser possível disputar partidas com usuários aleatórios, eliminando a obrigatoriedade do contato social para jogar.

Isso é provado quando são analisadas algumas das principais plataformas de jogos online da rede. A LIVE da Microsoft, a PSN da Sony e a Steam da Valve permitem que seus usuários criem partidas em seus variados jogos, incluindo nessas partidas milhões de jogadores que jamais tiveram ou terão conversado com o criador.

Apesar de colocar muitos jogadores em um ambiente comum (as salas de jogos), as pessoas que presentes estão apenas compartilhando o local, não há conversas profundas ou qualquer tipo de interação além das tradicionais mensagens enviadas durante as partidas, que geralmente são dotadas de uma carga negativa (com ofensas) e nada aproximativa.

Redes sociais

Quanto às redes sociais, elas por muito tempo foram utilizadas para que os usuários encontrassem seus amigos de épocas passadas, como colegas de escola ou de trabalho, mas de um tempo para cá essa função ficou obsoleta para as redes como o Orkut, Facebook e similares.

Utilizando a  internet como auxílio

As comunidades deixaram de ser criadas no intuito de reencontrar velhos conhecidos e começaram a reunir pessoas desconhecidas com interesses em comum. Logicamente isso trouxe algumas vantagens para os usuários que puderam interagir com pessoas que jamais fariam parte de seus círculos sociais, devido às distâncias ou mesmo por nichos.

O problema é que isso acarreta muito mais dificuldades do que vantagens para as pessoas, há muitos usuário mal-intencionados na internet, o que causa uma desconfiança geral (e entendível) sobre todo e qualquer novato que se aproxime. Essa falta de confiança é responsável pela ausência de sinceridade nas relações criadas a partir da web.

Criam-se personagens idealizados para as interações, pois esses personagens é que são aceitos por todos os outros usuários. Quando os jovens ou adultos percebem que apenas os personagens é que são aceitos, justamente por serem diferentes do perfil real daquela pessoa, problemas graves podem ser iniciados, como depressão, ingresso em mundos fantasiosos ou total não aceitação da realidade.

Sozinho na multidão

Segundo pesquisa  realizada pelo instituto de pesquisas GfK (um dos maiores do mundo, oriundo da Alemanha), metade dos internautas brasileiros utiliza a internet para acessar redes sociais. Mais tempo é gasto nelas do que fazendo pesquisas acadêmicas, trocando emails ou lendo matérias jornalísticas.

Essa é só mais uma prova de que a utilização dos computadores afeta negativamente as relações sociais reais das pessoas. Tem-se mais acesso às informações sobre notícias pouco relevantes do que acerca dos principais acontecimentos do mundo. Ocorre uma inversão cruel, as redes que deveriam ser utilizadas para comentários sobre o mundo acabam se tornando em principal fonte das informações.

Encontros virtuais e linguagem

Mais um estudo , desta vez encomendado pela BBC, afirma que uma em cada três pessoas prefere buscar novos relacionamentos na internet, ao invés de conhecer pessoas em locais físicos, como bares ou shoppings. Essa preferência revela um alto nível de insegurança dos usuários com seus dotes sociais, pois mostra o quanto é mais confortável estar “escondido” em um computador.

Personagens ou pessoas reais?

Isso sem falar no quanto a internet atrapalha no desenvolvimento de vocabulário. Não é novidade para ninguém o quanto os computadores contribuem para o desmantelamento do português correto. Linguagens como “miguxês” e “tiopês” estão frequentemente presentes nos textos feitos por quem passa tempo demais no computador.

O que diz quem defende?

É fato que na década de 1990 apenas um em cada dez adolescentes possuía um computador com acesso à internet. Nesse contexto era comum encontrar quem utilizava o computador para suprir as necessidades de relações sociais que eram deixadas de lado quando essa mesma pessoa estava em ambientes que envolviam mais pessoas.

Tal fato era muito visível em escolas e universidades, já que era comum estudantes mais tímidos e introvertidos serem os mesmos jovens a possuírem os poucos computadores da época. Esses jovens usufruíam da internet em todas as suas (ainda que limitadas) possibilidades, inclusive para conhecer outras pessoas e criar laços de amizade que não conseguiam ter na vida real.

Relacionamentos virtuais são alicerces

Mas isso é passado, estudos de pesquisadores holandeses - publicados na revista reconhecida internacionalmente Current Directions in Psychological Science – mostram que hoje os relacionamentos mantidos pela internet são apenas pontos de sustentação daqueles em outros locais, não há mais a substituição de um pelo outro.

Com essa modificação no perfil de um relacionamento pela web, pode-se dizer que houve uma aproximação da internet com a realidade. O que antes eram dois mundos distintos, com pessoas nem sempre reais (ou seja, que criavam personagens para navegar), tornou-se um ponto de encontro para amigos ou colegas de trabalho ou escola.

Internet a favor da inteligência

Além disso, há outros estudos da Universidade de Elon que afirmam que a internet deixa as pessoas mais inteligentes, tanto no sentido literal da palavra (que envolve raciocínio e lógica), quanto no sentido de inteligência emocional. O argumento é que as relações via internet forçam os usuários a entenderem melhor os próprios sentimentos e também os alheios.

Computadores também aproximam

Isso ocorre porque os contatos virtuais não são tão dinâmicos quanto os pessoais, o que permite uma maior racionalização do que será dito para os envolvidos em determinado assunto. Mensurando melhor o que é dito, os usuários aprendem inclusive a pensar nas consequências das palavras, antes de as falarem.

Nos games

Processo parecido acontece quando se fala em jogos. Hoje os games não têm mais a mesma estrutura linear de início, meio e fim, isso porque muitos dão liberdade de escolha aos jogadores, permitindo que vários caminhos sejam traçados e hipóteses devem ser criadas rapidamente na cabeça do jogador.

Assim o usuário tem estimulado também seu senso crítico e sua noção de possibilidades. Pois é assim que a vida funciona, as pessoas precisam fazer escolhas e saber que elas afetarão todo o futuro. Com os jogos exigindo o mesmo, pode-se dizer que existe nos video games um treino para a vida em sociedade.

Agora é sua vez!

Você já leu vários argumentos de cada um dos lados deste debate. Teve acesso às informações que condenam o uso excessivo da internet e também às que aprovam a utilização da rede. Agora conte ao Portal  Baixaki qual é a sua visão acerca do assunto!

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