O 5G pode alavancar tecnologia de gestão ambiental no Brasil

O Brasil comemora o primeiro ano da implementação do 5G em julho, mês em que a tecnologia começou a operar em Brasília em 2022. De um ano para cá, os avanços não passaram despercebidos: a obrigação do edital para a data atual era o atendimento das 27 capitais, mas o 5G já está em cerca de 150 cidades, onde vivem 43% da população do Brasil.

Os benefícios da nova geração de transmissão de dados também têm desempenhado um papel cada vez mais importante na gestão ambiental. A necessidade de adotar medidas eficientes para proteger o meio ambiente e combater as mudanças climáticas tem impulsionado inovações que podem transformar a forma como lidamos com esses desafios. No Brasil, o 5G desponta como uma tecnologia revolucionária que pode contribuir significativamente nessa área.

O papel dessa tecnologia na sustentabilidade é tema de destaque em um estudo lançado no ano passado pela MIT Technology Review Insights. Esse estudo revelou três melhorias significativas na sustentabilidade proporcionadas pela conectividade e pelo 5G: eficiência energética, descarbonização baseada em dados e monitoramento em tempo real.

O 5G é um grande aliado para a otimização de processos referentes à sustentabilidade.

A eficiência energética é justamente um dos aspectos mais destacados quando se fala na grande capacidade de transmissão de dados do 5G. Um estudo realizado pela STL Partners, empresa de consultoria estratégica e pesquisa de mercado especializada no setor de telecomunicações e tecnologia, indica que a nova tecnologia pode ser até 90% mais eficiente em termos energéticos por unidade de tráfego do que suas predecessoras.

Isso significa que será possível quadruplicar a quantidade de informações transmitidas e recebidas sem um aumento significativo no consumo de energia. Outro ponto importante é a capacidade do 5G de permitir a otimização de sistemas, possibilitando que sejam mais eficientes e econômicos. Com o monitoramento em tempo real e a capacidade de agir de forma autônoma, os sistemas podem se tornar mais eficazes, resultando em redução de custos e economia de recursos.

A descarbonização baseada em dados é uma ferramenta fundamental para que as empresas reduzam a emissão desse elemento químico nocivo. Nesse sentido, é necessário encontrar formas mais eficientes de realizar operações usuais, utilizando menos recursos ou energia.

Para alcançar essas otimizações, é essencial medir e entender os pontos de contenção de forma consistente e contínua, visando alcançar o sistema mais eficaz possível. O 5G se mostra uma das tecnologias mais importantes nesse contexto, permitindo medição e atuação frequentes, especialmente quando combinado com outras tecnologias, como Edge Computing, Machine Learning e Inteligência Artificial.

O monitoramento em tempo real é outra vantagem proporcionada pelo 5G. Suas características técnicas, como baixa latência, alto volume e velocidade de transmissão, além de uma maior faixa de frequência operacional, permitem que os sensores e atuadores funcionem de forma mais confiável. Isso resulta em melhor coleta e transmissão de dados, além de maior resiliência para lidar com altas cargas de trabalho. Essa melhora na qualidade da informação coletada em campo é essencial para superar limitações dos sistemas atuais.

À medida que a rede 5G se expande e se torna mais amplamente utilizada, é possível utilizar dispositivos mais eficientes em termos energéticos, como aqueles que funcionam com baterias. Além disso, a integração de sistemas com redes mistas, combinando o 5G com outras tecnologias, como o LoRa (Long Range), torna esses sistemas mais acessíveis e versáteis.

O 5G é uma das tecnologias atuais mais promissoras no que faz referência a sustentabilidade e ESG.

Outra aplicação notável dessa tecnologia na gestão ambiental está na área da agricultura. Com a Internet das Coisas, sensores conectados em tempo real podem coletar dados precisos sobre a qualidade do solo, umidade, níveis de nutrientes e saúde das plantas. Essas informações são fundamentais para otimizar a produção agrícola, reduzir o uso de defensivos químicos e minimizar o desperdício de água.

Através de análises em tempo real, os agricultores poderão tomar decisões mais embasadas, impulsionando a agricultura de precisão e aumentando a sustentabilidade do setor.

Além disso, o 5G também pode contribuir para a preservação de ecossistemas sensíveis, como florestas e reservas naturais. O monitoramento remoto, por meio de câmeras e sensores conectados, pode ajudar na detecção de incêndios florestais, desmatamento ilegal e outras atividades prejudiciais ao meio ambiente. Com uma resposta rápida, as autoridades podem intervir e tomar medidas eficazes para combater esses problemas, minimizando os danos causados à biodiversidade e ao ecossistema.

Há vantagens também na mobilidade urbana sustentável: com a tecnologia 5G, será possível criar redes de transporte inteligentes, com sensores nas vias, semáforos conectados e sistemas de transporte público mais eficientes. Essas inovações podem ajudar a reduzir congestionamentos, melhorar o uso dos espaços urbanos e diminuir as emissões de gases de efeito estufa. Com uma gestão mais inteligente do tráfego, as cidades poderão promover uma mobilidade sustentável, proporcionando qualidade de vida aos cidadãos e preservando o meio ambiente.

No entanto, para que o 5G desempenhe plenamente seu papel na gestão ambiental é essencial que seja possível fazer os investimentos na infraestrutura necessária para sua implantação. A ampliação da cobertura, com a instalação de antenas, é fundamental para garantir uma conectividade eficiente em todo o país.

• Veja também: Qual é o papel das APIs em um mundo com 5G?

O Brasil tem a oportunidade de se tornar um líder na adoção do 5G e na implementação de soluções tecnológicas avançadas para a gestão ambiental. Com visão estratégica, investimentos adequados e uma abordagem colaborativa, podemos enfrentar os desafios ambientais e construir um país mais sustentável para as futuras gerações.