Astrônomos detectam ondas de rádio antigas de 8 bilhões de anos em explosão cósmica

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Imagem: ESO/M. Kornmesser

Usando uma fonte detectada pelo Very Large Telescope (VLT) do Observatório Europeu do Sul (ESO), uma equipe internacional de astrônomos detectou a explosão rápida de ondas de rádio (FRB) mais distante já observada até hoje. Demorando 8 bilhões de anos para chegar até nós, o brevíssimo sinal de um milissegundo liberou energia equivalente à emitida pelo Sol em 30 anos.

Identificado no estudo como FRB 20220610A, o sinal remete a um aglomerado em fusão de duas ou três galáxias. De acordo com os pesquisadores, essa rajada rápida de rádio tem potencial para avaliar a quantidade de matéria oculta existente entre as galáxias, podendo apresentar, na prática, uma nova forma de 'pesar' o Universo.

A abordagem se baseia em uma teoria apresentada em 2020 pelo astrônomo australiano Jean-Pierre "JP" Macquart. Ele demonstrou que quanto mais distante está uma FRB, mais gás difuso ela é capaz de revelar entre as galáxias. Esse princípio, que passou a ser conhecido como "relação de Macquart", significa que quanto mais longe é a origem da FRB, mais matéria ela encontrou, o que poderia ser uma pista para estimar a massa total do Universo.

Explosão de rádio em busca de matéria oculta no Universo

A FRB de 8 bilhões de anos foi detectada no Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP).A FRB de 8 bilhões de anos foi detectada no Australian Square Kilometre Array Pathfinder (ASKAP).Fonte:  CSIRO/Wikimedia Commons 

Autoexplicativo, o termo "rajadas rápidas de rádio" são pulsos curtos e poderosos de ondas de rádio de fontes extragalácticas. Embora continuem sendo um mistério, pois suas origens não são conhecidas, a FRB atual pode trazer alguma luz nesse campo tradicional obscuro.

A FRB 20220610A foi detectada pelo Australian Square Kilometer Array Pathfinder (ASKAP), um conjunto de radiotelescópios instalados na Austrália Ocidental.

Em um comunicado, o autor principal do estudo, Stuart Ryder, explicou que a variedade de pratos do ASKAP permitiu determinar com precisão a origem da fonte de rádio. “Depois utilizámos o Very Large Telescope (VLT) do ESO no Chile para procurar a galáxia fonte, descobrindo que ela era mais antiga e mais distante do que qualquer outra fonte FRB encontrada até esta data", concluiu o astrónomo do Universidade Macquarie.

'Sentindo' o material ionizado do Universo

Representação artística do percurso da rápida explosão de rádio FRB 20220610A.Representação artística do percurso da rápida explosão de rádio FRB 20220610A.Fonte:  ESO/M. Kornmesser 

Com base nas descobertas de JP Macquart, que podem abranger mais da metade do Universo segundo as medições atuais, os cientistas pressupõem que a matéria perdida, ainda não detectada ou observada até hoje, pode estar “escondida” no espaço intergaláctico.

A má notícia é que ela pode estar em uma forma tão dispersa e aquecida, que as técnicas hoje existentes de observação não são capazes de detectá-la.

Na falta da luz, as FRBs podem fazer essa tarefa pois conseguem “sentir” o material ionizado. “Mesmo no espaço quase perfeitamente vazio, elas podem 'ver' todos os elétrons, e isso nos permite medir quanta matéria existe entre as galáxias”, conclui o coautor Ryan Shannon, professor da Universidade de Tecnologia de Swinburne, na Austrália.

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