Cientistas explicam mistério da nuvem de 1.800km do vulcão em Marte

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Imagem: ESA/GCP/UPV/EHU Bilbao

Um fenômeno misterioso ocorrido em Marte, que tem intrigado os cientistas (e também os internautas a partir de 2018), começa a ser explicado com a ajuda de diversos instrumentos presentes na órbita do planeta: uma curiosa nuvem longa e fina que se estende diariamente por até 1,8 mil quilômetros a oeste do vulcão Arsia Mons.

Considerada na internet como uma erupção vulcânica em 2018, o que seria impossível visto que o vulcão onde o fenômeno ocorre está extinto há cerca de 50 milhões de anos, segundo a NASA, a nuvem gigante aparece diariamente durante vários dos meses mais quentes, exatamente no mesmo local do planeta vermelho.

Conforme estudo publicado no final do ano passado na revista JGR Planets, uma equipe de pesquisadores passou a investigar o ciclo de vida da nuvem, utilizando uma câmera apelidada de “webcam de Marte” que fica a bordo da sonda espacial Mars Express, da Agência Espacial Europeia (ESA).

Nova missão para uma câmera velha

Como a nuvem gigante aparece apenas sazonalmente, nem sempre foi possível observá-la porque sua eclosão não coincide com as órbitas das espaçonaves que circundam o planeta vermelho. Após ser observada pela primeira vez por uma sonda russa nos anos 1970, a nuvem foi filmada em setembro de 2018, justamente pela webcam da Mars Express que foi o instrumento utilizado na pesquisa atual.

A webcam de Marte, oficialmente conhecida como Visual Monitoring Camera (VMC), tem a mesma resolução de uma câmera web dos computadores de 2003, quando a missão foi lançada, mas tem um amplo campo de visão, e este foi o motivo pelo qual os pesquisadores resolveram reativá-la.

Em um comunicado publicado no site da ESA na terça-feira (9), o principal autor da pesquisa, Jorge Hernández Bernal, da Universidade do País Basco em Bilbao na Espanha, explicou que a VMC foi instalada originalmente apenas para fazer a confirmação da separação do módulo de pouso Beagle 2, da sonda.

O que é na verdade a nuvem?

Fonte: ESA/DivulgaçãoFonte: ESA/DivulgaçãoFonte:  ESA 

Após religar a câmera que estava desativada, para o que chamaram “um uso emocionante e não-intencional”, os cientistas observaram que a nuvem se forma durante a primavera e o verão no hemisfério sul de Marte, quando amanhece no flanco do vulcão Arsia Mons.

De acordo com o comunicado da ESA, o fenômeno atmosférico é uma nuvem orográfica, “o que significa que se forma como resultado do vento sendo forçado para cima por características topográficas (como montanhas ou vulcões) em uma superfície planetária".

Ou seja, da mesma forma que acontece com colinas, montanhas ou cordilheiras terrestres, o Arsia Mons influencia a atmosfera marciana para desencadear a formação da nuvem: o ar úmido é soprado pelos flancos do vulcão em correntes ascendentes que, posteriormente, se condensam nas elevadas altitudes mais frias.

Assim que surgem os primeiros raios de sol, uma nuvem, composta por vapor de água e cristais de gelo, se eleva a uma altitude de cerca de 40 km, bem acima dos 17 km dos flancos do vulcão. Os ventos conduzem a nuvem na direção oeste a uma velocidade de 600 km/h por quase 2 mil quilômetros. O "espetáculo" ocorre durante duas horas e meia até se dissolver completamente.

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