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Que fim levou o Orkut, a primeira grande rede social da história?

Plataforma que nasceu dentro da Google por iniciativa de um engenheiro turco conquistou o país, mas perdeu espaço na empresa e não superou chegada de concorrentes.

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

schedule06/12/2025, às 09:00

Que fim levou o Orkut, a primeira grande rede social da história?

Como uma rede social consegue se manter viva na memória de gerações inteiras, mesmo uma década após o fechamento? O Orkut, plataforma criada por um engenheiro que trabalhava na Google e compartilha o mesmo nome com a sua criação, é um exemplo vivo disso no contexto brasileiro.

Seja por não ter tantas concorrentes no início, trazer recursos atrativos e jogos viciante, misturar relacionamentos com debates e servir de espaço virtual para a criatividade — ou tudo isso misturado —, o Orkut marcou época na internet.

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Mas você sabe o que aconteceu para esse serviço antes tão adorado não ser mais uma referência nesse mercado? E será que ele realmente voltou ou está prestes a retornar? Conheça ou relembre a seguir essa trajetória.

O início do Orkut

O responsável pelo projeto é Orkut Büyükkökten, um engenheiro de origem turca que foi para a tradicional Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, para o doutorado em ciência da computação. No coração do Vale do Silício e já com duas redes sociais de pequeno porte criadas, ele recebe uma proposta para trabalhar como desenvolvedor na Google.

Usando parte do expediente para trabalhar em um projeto paralelo, como era incentivado pela própria companhia, ele lança em 24 de janeiro de 2004 a sua ideia: o Orkut, uma rede social em lançada quando esse tipo de site ainda era pouco conhecido.

A proposta do Orkut era bem eclética. Você podia criar um perfil com seus gostos, adicionar amigos, ter uma pontuação (por ser sexy, legal e confiável), publicar recados no mural de outras pessoas (scraps) e receber homenagens em forma de textos (depoimentos).

O destaque, porém, eram as comunidades: espaços em que membros podiam ler discussões, iniciar tópicos e compartilhar conteúdos. Elas eram tanto locais para brincadeiras e debates quanto para serviços paralelos — a "Eu Odeio Acordar Cedo" não tinha um foco definido, enquanto a "Discografias" reunia links para download de álbuns piratas.

Da ascensão à queda

O Brasil foi um dos públicos prioritários da plataforma, talvez por pura coincidência e também por rivais como o MySpace não decolarem fora de certos públicos. Já no segundo semestre de 2004, o Brasil já tinha 700 mil cadastrados lá, ou 51% do público total do site.

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O perfil do dono da plataforma. (Imagem: Reprodução/Vox.com)

A popularidade nacional foi tanta que o escritório do Orkut passou em 2008 para Belo Horizonte, principal cidade da presença da Google por aqui. No ano seguinte, o site passa por uma reformulação na interface e passa a ganhar mais novidades.

É deste período que surgem recursos como o Buddy Poke e jogos como a Colheita Feliz. No auge, foram mais de 300 milhões de usuários em todo o mundo — um número relevante para o período, ainda com mais da metade do público composto por brasileiros.

Entretanto, o auge do site passou e o serviço rapidamente encarou momentos de crise. Em agosto de 2011, o Facebook virou a maior rede social do Brasil oficialmente e foi adotada por ter alguns pontos em comum com o rival, por mais que a proposta fosse diferente.

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A maior comunidade do Brasil e de toda a plataforma. (Imagem: Reprodução/Orkut)

O próprio ambiente da plataforma já era bem diferente: foi já no Orkut que descobrimos que redes socais podem ser espaço para a prática de crimes, disseminação de discurso de ódio e muitas mensagens que na verdade eram spam ou malwares disfarçados.

O fim da rede social

Em 30 de junho de 2014, a Google anunciou que o Orkut seria oficialmente desativado três meses depois, em setembro daquele ano. Novos cadastros foram encerrados e, quando a data chegou, já não era mais possível publicar novos conteúdos.

Durante dois anos, a empresa liberou um arquivo de comunidades públicas para consulta e uma ferramenta para facilitar a exportação de dados, como álbuns de fotos. Depois desse prazo, o site foi totalmente desligado e os arquivos foram apagados sem chance de recuperação.

Por que o Orkut acabou?

Foram vários os motivos que levaram ao fim da rede social, por mais que ela ainda tivesse um espaço carinhoso no coração do público brasileiro:

  • O principal deles foi uma série de mudanças de rumo na Google, que passou a priorizar outros projetos internos com foco social, como o mal sucedido Google+ — que foi incorporado a YouTube, Blogger e até Gmail;
  • A falta de popularidade em mercados importantes, como Estados Unidos e países da Europa, concentrando usuários na Índia e principalmente no Brasil;
  • A queda de usuários frequente, registrada em especial para um já gigante Facebook;
  • Uma ausência sentida pelos usuários por funções mais avançadas oferecidas por outras plataformas, além de pouca inovação e modernização em interface e recursos;

O Orkut voltou ou vai voltar?

Não, o Orkut não voltou oficialmente em nenhum momento depois do fim oficial da plataforma em 2014. Porém, alguns clones da rede social surgiram com o tempo e há até ensaios de um possível retorno do site a partir do próprio criador.

O principal deles no meio internacional foi o russo VKontakte ou VK, criado por Pavel Durov, futuro idealizador do Telegram. O site russo chegou até a receber ondas migratórias de ex-usuários do Orkut depois do fim da plataforma. 

Outra tentativa de reviver os bons tempos foi o Orkuti, um projeto não oficial que copiava a interface e várias das funções da plataforma original.

Após o fim do seu principal projeto, o engenheiro Orkut lançou a rede social Hello. A plataforma de 2016 era baseada em conhecer pessoas com gostos parecidos e formar amizades, já em um tempo em que curtidas e outras métricas de engajamento passaram a virar prioridade. 

Além disso, o site original da plataforma foi revivido em 2022 com uma mensagem do fundador, avisando que novidades estavam a caminho — algo que, três anos depois, ainda não virou realidade.

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O recado de retorno do serviço. (Imagem: Reprodução/Orkut)

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