7 tecnologias à frente de seu tempo

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O mundo da tecnologia é feito de constantes revoluções. A cada nova criação, seja ela um produto ou apenas uma tecnologia inovadora, o mercado se agita e se reestrutura por conta dessas “novas tendências”, além de sempre empolgar o público ávido por novidades. Quantas vezes você já ouviu que determinado lançamento iria “reinventar” a forma de se fazer algo?

Entretanto, nem sempre essas promessas são verdadeiras. Os motivos são variados e vão desde o simples fato de a tecnologia não atender às expectativas criadas até problemas de marketing ou o surgimento de um forte concorrente que conquiste o usuário.

Por outro lado, há aquelas que realmente trazem um conceito inovador, útil e interessante, mas que não conseguem se popularizar. São tecnologias que realmente revolucionam, mas não obtêm o sucesso merecido por possuírem um conceito para o qual o público ainda não está preparado. É como se elas estivessem à frente de seu tempo.

Mesmo que consideremos os tempos atuais como o suprassumo da evolução tecnológica, ainda encontramos exemplos de conceitos que parecem estar deslocados do momento de tão ambiciosos e futuristas que são. Conheça agora alguns daqueles que ainda precisam de tempo para amadurecer.

Projetos prematuros

Helicóptero de da VinciA melhor forma de entender do que se trata uma “tecnologia à frente de seu tempo” é imaginá-la como algo que foi criado antes do que deveria, seja por falta de suporte para pô-lo em prática ou pelo fato de as pessoas ainda não estarem prontas para utilizar algo desse nível.

Exemplos não faltam. No século XV, Leonardo da Vinci projetou uma espécie de máquina de voo bastante semelhante com o helicóptero, que só foi construído da forma que conhecemos hoje - quase 500 anos depois.

Algo semelhante aconteceu com o efeito 3D, tão popular nas salas de cinema atuais. Seu conceito original data do ano de 1800. Apesar disso, tornou-se popular nos anos de 1950 e voltou a cair no esquecimento até ser o grande destaque de 2010.

A própria Apple foi vítima de sua genialidade. Na década de 80 ela lançou o Newton, um computador portátil em que o usuário controlava todas as ações por meio de uma tela sensível ao toque, mas foi considerado um dos maiores fracassos da empresa. Essa descrição faz com que você se lembre de algo, não? O Newton foi o primeiro tablet da marca de Steve Jobs e é o “pai” do iPad, o grande sucesso de vendas deste ano.

Newton, o primeiro tablet da Apple

Mas o que fez esses três casos falharem nas primeiras tentativas e voltarem com força tempos depois? Como dito anteriormente, o maior problema enfrentado pelas três tecnologias foi a falta de suporte existente na época de criação. O maior exemplo disso é o 3D, que devido aos recursos de antes, gerava um efeito impreciso e incômodo, que muitas vezes causava dor de cabeça ao usuário.

Já o Newton e o helicóptero também mostram que a sociedade precisa estar pronta para receber determinado tipo de conceito Quando o Newton foi lançado, no início dos anos 80, os computadores pessoais ainda estavam dando os primeiros passos e se popularizando. Oferecer ao usuário uma alternativa portátil e sem teclado e mouse era algo estranho, pois não havia a mesma necessidade de mobilidade de hoje.

Mesas digitais

Microsoft SurfaceSe essas tecnologias já se consolidaram depois de fracassar no passado, significa que outras surgiram para ter o título de “à frente de seu tempo”. Entre elas, uma das mais significativas é a mesa digital.

Nunca ouviu falar? Não se desespere, pois você não é o único, já que esse tipo de dispositivo não se tornou tão popular quanto se esperava e o máximo que conseguiu foi impressionar com projetos ousados e vídeos bem feitos no YouTube.

Como o próprio nome sugere, as mesas digitais são uma espécie de computador com formato que se assemelha ao móvel de cozinha. Com tela multitoque, câmeras de infravermelho e vários outros recursos tecnológicos, esperava-se que elas fizessem sucesso devido às infinitas possibilidades de uso oferecidas.

A própria Microsoft decidiu apostar no formato com o Microsoft Surface. Entre os diversos vídeos promocionais do produto é possível ver sua utilização em bares e restaurantes, tornando o atendimento muito mais prático, intuitivo e rápido. Entretanto, o sonho de ter o controle de tudo na ponta dos dedos não aconteceu.

Surface em ação só na teoria

A grande barreira que esse tipo de tecnologia enfrentou foi o preço elevado das mesas digitais. Cada unidade do Microsoft Surface, por exemplo, custa em torno de 12 mil dólares. Já imaginou quanto custaria equipar um restaurante inteiro com uma belezinha dessas?

Serviços por voz

Quantas vezes você viu em filmes de ficção científica computadores capazes de realizar qualquer tipo de operação apenas com um comando de voz do usuário? Apesar de ainda não existir nenhum tipo de ferramenta desse nível, os serviços de voz já são uma realidade. Ou melhor, são uma tentativa.

Ainda não é dessa vez

Se no futuro esperamos que tudo possa ser feito apenas com a fala, hoje temos uma limitação tecnológica que restringe esse tipo de serviço a apenas algumas funções, que nem sempre são realizadas com perfeição.

Muitos celulares já são capazes de realizar ligação quando o usuário fala o nome de algum contato registrado no aparelho, mas o recurso ainda não funciona de maneira precisa. Como essa associação é feita a partir de uma gravação de voz, qualquer diferença no timbre ou entonação faz com que o equipamento não encontre a pessoa para quem você pretende ligar.

Um pouco mais no futuro, quem sabe...

Além disso, outro sistema que utiliza a voz, mas que não deu tão certo são os programas que permitem você controlar o computador por meio da voz. Da mesma forma que existem problemas de reconhecimento nos celulares, nos PCs não é diferente. Aplicativos que transcrevem conversas, por exemplo, apresentas falhas em identificar certas palavras, seja por não encontrá-las em seu dicionário ou por uma dificuldade de reconhecimento.

O principal problema desse tipo de tecnologia é encontrar um padrão universal de tons, além de um extenso vocabulário. Em um idioma como o português, que possui diversas variações, além de sotaques e expressões regionais, criar uma unidade é um desafio para o futuro.

Tradutores

Apesar de o Google Tradutor já estar presente em nossas vidas e ser amplamente utilizado, ainda há a sensação de que ele é um projeto prematuro em que há muita coisa para ser melhorada.

Tradução instantânea: ainda precisa amadurecer

Quem já utilizou a ferramenta sabe que ela possui vários problemas de concordância e interpretação. Isso acontece porque a tradução é feita a partir de algoritmos, uma lógica matemática de dados, ou seja, um processo inteiramente mecânico. Qualquer termo que esteja fora ou discorde da diretriz principal não é interpretado.

Isso não significa que os tradutores são uma tecnologia que falhou, mas que precisa de mais tempo para amadurecer. Quem sabe no futuro essa limitação seja eliminada e todos os idiomas possam ser compreendidos e traduzidos claramente, assim como víamos nos seriados de ficção científica.

Teclado virtual

As teclas fazem falta

Conectar-se em qualquer lugar e utilizar um computador sem a limitação do mouse e do teclado. Por muito tempo isso foi desejado e finalmente chegamos a um estágio em que é possível, não é mesmo, tablets?

Porém, o resultado é um tanto quanto aquém daquilo que esperávamos. Enquanto a substituição do mouse pelo touchscreen foi bastante natural e funcional, o teclado não teve a mesma sorte.

Por mais que a virtualização apenas reproduza o formato do periférico na tela do equipamento, a sensação de digitar é completamente diferente. O próprio iPad, da Apple, recebeu críticas em relação a isso, já que muitos usuários não aprovaram a utilização da tela para escrever suas mensagens.

O motivo? Depois de tantos anos apertando teclas e ouvindo o “tec tec” dos botões, a utilização de teclados virtuais causa estranhamento na maioria das pessoas. A perda de referencial é um dos principais fatores que fazem com que esse tipo de ferramenta precise de uma segunda chance para ter o reconhecimento que merece.

Nem mesmo o teclado do iPad escapou

Kinect – ou o antigo Projeto Natal

OK, sabemos que o Kinect (ou Projeto Natal, se preferir) ainda não foi lançado, mas uma coisa é certa: já está gerando polêmica. Da mesma forma que o teclado virtual ainda sofre com a perda de referencial, a falta de um joystick é o principal motivo para que muitos jogadores olhem com estranheza para a grande novidade da Microsoft para seu console.

Kinect

Um dos primeiros vídeos de divulgação do acessório foi duramente criticado por conta dos movimentos desengonçados que as pessoas faziam para realizar os movimentos em frente ao video game.

Sem um controle, as pessoas simplesmente tendem a agir instintivamente para realizar as ações na tela, e como o equipamento possui um tempo de resposta de alguns segundos, o resultado é a insistência no movimento e a sensação de que aquilo tudo é bizarro. Torçamos para que, na prática, isso fique mais natural.

Computação nas nuvens

Outra tecnologia que é sempre vista como a grande tendência do momento, mas ainda precisa de um grande impulso para deslanchar é a computação em nuvens. O conceito de que nada precisa ser instalado em seu computador, já que tudo vai ser disponível online, é uma grande promessa que ainda precisa conquistar o público para se tornar realidade.

Google Docs: a maior aposta de computação em nuvens

Por mais que a Google invista pesado nesse setor com o Docs, Maps, Talk e o próprio iGoogle, os usuários ainda precisam se adaptar à proposta. Muitas pessoas já se tornaram adeptos desses serviços, mas a grande maioria está habituada ao padrão de ter seus arquivos e programas armazenados no disco rígido de seu computador.

Além disso, a empresa possui um projeto ainda mais megalomaníaco envolvendo a computação em nuvens. Seu sistema operacional, o Chromium OS, é totalmente baseado nessa tecnologia e dispensa a instalação de qualquer aplicativo. Resta saber se as pessoas vão trocar o atual formato por algo um tanto quanto “abstrato” para muitos.

Chromium OS

Realidade aumentada

Eis um grande exemplo de algo que assusta por parecer futurista demais. A interação entre o real e o digital está em alta no momento, mas de maneira bastante rudimentar. A realidade aumentada possui um potencial de uso muito grande e, por enquanto, só é utilizada para jogos e outros pequenos recursos.

Os motivos são simples. Uma utilização massiva necessitaria, primeiramente, de suporte. Alguns conceitos apresentam celulares que utilizam a câmera para criar um GPS inteligente, mas para isso seria preciso que uma boa parcela dos usuários tivesse um equipamento capaz de realizar esse tipo de função.

A grande utilização da realidade aumentada ainda é casual

Além disso, a sensação de interagir com algo inexistente ainda assombra e faz com que essa tecnologia fique restrita apenas a alguns segmentos, como os video games, que vêm explorando cada vez mais a realidade aumentada em seus jogos.

Todos merecem uma segunda chance

Estar à frente de seu tempo não significa que as tecnologias falharam em definitivo. Assim como o Newton e o 3D, todos os exemplos citados não tiveram a aceitação ou efetividade merecida por falta de amadurecimento, seja do recurso em si ou do próprio público.

Isso significa que para consolidar um conceito, não basta apenas revolucionar. Mudanças drásticas assustam o usuário e afugentam-no, como aconteceu com o Google Wave. Portanto, não é necessário apresentar uma tecnologia superior ou incrivelmente inovadora: basta que ela sacie a necessidade de quem vai utilizá-la.

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