As 2 luas de Marte foram formadas pela ruptura de um asteroide, diz estudo
O estudo propõe uma explicação alternativa para a formação de Fobos e Deimos: a fragmentação de um asteroide capturado pela gravidade de Marte.

Por Jorge Marin
27/11/2024, às 18:16
Atualizado em 27/11/2024, às 14:20
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Fonte: NASA
Massa, campo gravitacional e processos de formação tornam os planetas gasosos mais propensos a terem múltiplas luas (Júpiter tem 95 e Saturno, 83). Com menor massa e, consequentemente, campos gravitacionais mais fracos, planetas rochosos, como a Terra e Marte, obtêm suas luas por processos variados, como colisões durante sua fase inicial de formação.
Aqui na Terra, temos praticamente certeza de que a formação da nossa Lua foi o resultado de uma colisão entre o nosso planeta e um protoplaneta do tamanho de Marte, chamado Theia, há cerca de 4,5 bilhões de anos, quando o Sistema Solar ainda estava em formação. Mas, e o planeta Marte? Como as luas Deimos e Fobos surgiram?
Na falta de rochas marcianas (por enquanto), um estudo recente da NASA, publicado na revista Icarus, usou uma série de simulações de supercomputadores, e descobriu que um asteroide passando perto do planeta vermelho poderia ter sido despedaçado pela gravidade e formado eventualmente os dois satélites naturais marcianos.
Cenários do surgimento de Fobos e Deimos
Para testar essa nova cadeia hipotética de eventos, os pesquisadores trabalharam com um código de computação de alto desempenho e código aberto, chamado SWIFT, e sistemas de computação da Universidade de Durham, no Reino Unido. Eles avaliaram centenas de simulações para o impacto inicial, com um código, e as órbitas dos detritos, com outro.
De todos os cenários obtidos, dois deles se destacaram. O primeiro propõe que as luas marcianas eram originalmente asteroides, que foram capturados inteiros pela gravidade de Marte. Essa hipótese pode ser comprovada pelas formas irregulares e não esféricas de Fobos e Deimos, semelhantes às de asteroides.
Parecida com a da Terra, a segunda hipótese propõe que um impacto colossal na superfície do planeta juntou em uma única explosão materiais de Marte e do impactador em um grande disco que, posteriormente, deu origem às duas luas.
O que diz a nova teoria sobre a formação das luas de Marte?
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A terceira possibilidade proposta no estudo atual sugere que um asteroide passou tão perto de Marte que acabou capturado e fragmentado pela força de maré (diferença na aceleração gravitacional entre dois pontos de um mesmo corpo). Exercida pelo planeta, essa força foi tão intensa que pode ter deformado ou despedaçado o asteroide, fenômeno conhecido como limite de Roche.
Tendo suas força de coesão interna superadas pela maré marciana, o asteroide "esticou" e se partiu em pedaços. Nessa simulação, os fragmentos resultantes não escaparam da força gravitacional e formaram um disco de detritos na órbita marciana que, com o passar do tempo, se agregaram, formando os satélites que hoje chamamos de Fobos e Deimos.
Além de fornecer uma terceira via para explicar o surgimento das luas marcianas, as simulações podem ser adaptadas para explicar outros casos de interações entre planeta e corpos menores durante a história do Sistema Solar.
Mantenha-se atualizado com os últimos estudos e descobertas astronômicas aqui no TecMundo. Se desejar, aproveite para conhecer os detalhes da missão da NASA para aterrizar em Marte prevista para os anos 2030. Até mais!

Por Jorge Marin
Especialista em Redator
Redator do Mega Curioso e do TecMundo, Jorge Marin escreve sobre Ciências e Tecnologia desde 2019, conectando conhecimento acadêmico com experiências humanas do dia a dia. É psicólogo, cinéfilo e botafoguense inveterado.