Estudo contesta efeito de música de Mozart no alívio da epilepsia

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Uma metanálise publicada no início deste mês na revista Nature Scientifice Reports, testou pela primeira vez uma teoria popular que dura pelo menos cinquenta anos: a de que ouvir música clássica, especialmente uma obra do compositor Wolfgang Amadeus Mozart, pode ajudar a reduzir os sintomas da epilepsia refratária. O estudo estatístico foi conduzido por dois psicólogos da Universidade de Viena, na Áustria.

Os efeitos positivos da música de Mozart começaram a ser considerados cientificamente positivos depois que um estudo publicado em 1993, por pesquisadores da Universidade da Califórnia em Irvine, atestou que estudantes que ouviram dez minutos da sonata para piano do compositor austríaco (KV448) tiveram um incremento temporário na pontuação de QI no quesito de testes espaciais.

A divulgação da publicação reavivou diversas crenças sobre o poder da peça musical para aumentar a produtividade das vacas, a inteligência em adultos, crianças e fetos no útero, e até o funcionamento das bactérias em estações de tratamento de esgotos. Para aumentar a força dessas histórias, uma pesquisa do final da década de 1990 sugeriu que ouvir a KV448 causava uma redução aguda das crises epilépticas.

Como foi feita a metanálise?

A técnica estatística conduzida pelos pesquisadores Sandra Oberleiter e Jakob Pietschnig, da Faculdade de Psicologia da Universidade de Viena, teve como base oito estudos independentes sobre o tema, abrangendo uma amostra total de 207 participantes. Mesmo atendendo aos critérios de inclusão, alguns estudos tiveram que ser excluídos por insuficiência de relatórios ou recusa dos autores em fornecer dados.

Após diversas análises de viés e sensibilidade, os pesquisadores apuraram que esse suposto "efeito Mozart" pode ser atribuído à omissão de estudos individuais (relatórios seletivos), amostras pequenas e práticas inadequadas de pesquisa. "A música de Mozart é linda, mas, infelizmente, não podemos esperar alívio dos sintomas da epilepsia dela", concluem em comunicado os pesquisadores.

O que preocupa, diz o estudo, é que, apesar do valor indefinido dos resultados – a maioria deles não documentados de forma transparente –, a crescente atenção do público afetado pela doença e da comunidade científica por resultados alegadamente espetaculosos pode levar a uma falsa impressão de autoridade. No caso presente, havia apenas pouca evidência para um resultado mundialmente desejado.

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