Mau uso de antibióticos na pandemia fez superbactérias triplicarem

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Segundo a Fiocruz, o uso desmedido de remédios pouco eficazes no combate à covid-19 fez triplicar a detecção de bactérias resistentes a antibióticos (superbactérias) durante a pandemia.

Os antibióticos são ferramentas importantes no tratamento de inúmeras doenças causadas por bactérias. Em pacientes de covid, doença que é causada por um vírus, os antibióticos são recomendados apenas para os casos com suspeita de infecção bacteriana associada à infecção viral.

O mau uso desses medicamentos, em conjunto com a desinformação a respeito do coronavírus, causou um aumento das chamadas “superbactérias”, cuja resistência aos antibióticos pode reduzir a eficácia do tratamento.

O surgimento das superbactérias segue as regras da seleção natural: quando enfrentam os antibióticos, algumas bactérias conseguem sobreviver e se reproduzir. Com isso, criam uma geração mais resistente aos medicamentos, que segue o mesmo ciclo e amplia o número de superbactérias.

Uso indevido de remédios pouco eficazes contra a Covid-19, como a cloroquina, aumentou a resistência antimicrobiana durante a pandemia, podendo dificultar o tratamento de outras doençasUso indevido de remédios pouco eficazes contra a Covid-19, como a cloroquina, aumentou a resistência antimicrobiana durante a pandemia, podendo dificultar o tratamento de outras doençasFonte:  Shutterstock 

A resistência aos antibióticos reduz as opções de tratamento. Em casos em que a infecção é causada por uma bactéria multirresistente (que resiste a diferentes antibióticos), é possível que o paciente nem sequer consiga ser medicado.

Por isso, quanto maior o uso indevido desses remédios, mais bactérias resistentes podem aparecer, dificultando o combate a doenças e podendo causar até mesmo novas epidemias.

Um alerta de outubro da Opas (Organização Pan-Americana de Saúde), braço da OMS nas Américas, mostrou que as bactérias têm resistido até mesmo a medicamentos com maior eficácia e usados apenas em último caso, como os carbapenemas. Os microrganismos também assumiram uma magnitude e complexidade nunca vista antes.

Em agosto, a Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) reforçou que os medicamentos contra bactérias não são indicados no tratamento de rotina para a Covid-19.

Apesar disso, o uso indevido dos medicamentos continua tendo força. Nas Américas, ainda de acordo com a Opas, entre 90% e 100% dos pacientes hospitalizados pela covid receberam antimicrobianos (antibióticos, antimaláricos, antifúngicos e outros) durante o tratamento, embora apenas 7% tenham tido uma reinfecção que exigisse esses medicamentos.

O uso dos antibióticos adequados de acordo com a condição do paciente é um passo fundamental para combater as superbactérias.

No caso da covid-19, a luta contra a desinformação e a favor da vacina, que é comprovadamente eficaz contra a doença, também pode reduzir o surgimento das bactérias resistentes.

Na terça-feira (7), a Conitec (Comissão de Incorporação de Tecnologias ao Sistema Único de Saúde) rejeitou o uso do “Kit Covid”, que inclui a cloroquina e a ivermectina, para pacientes infectados pelo coronavírus. A medida é mais um passo no combate à resistência antimicrobiana e à desinformação.

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