Expressas em diversos painéis e discussões ocorridas durante a COP-26, conferência do clima das Nações Unidas realizada no início deste mês, as ameaças climáticas já começam a ser percebidas no Brasil em um importante setor, o dos portos públicos. Um estudo divulgado na segunda-feira (22) mostrou a necessidade da elaboração de medidas urgentes para evitar prejuízos aos usuários e à economia do país.
Elaborado conjuntamente pela Agência Nacional de Transportes Aquaviários (Antaq) e pela agência alemã de desenvolvimento sustentável GIZ (Deutsche Gesellschaft für Internationale Zusammenarbeit), o relatório contém um mapeamento das principais ameaças climáticas, riscos e impactos da mudança do clima. Os dados foram organizados em forma de um ranking dos 21 portos públicos brasileiros com maior risco climático hoje.
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De acordo com o documento, são os vendavais a maior ameaça do clima para o setor. Entre as estruturas portuárias ameaçadas, o Porto de Santos (SP), a maior delas, ocupa o desconfortável primeiro lugar, seguido pelos portos de Imbituba (SC), Recife (PE), Rio Grande (RS), Salvador (BA), Paranaguá (PR) e Itaguaí (RJ). Quando os ventos fortes atingem esses sete locais, que podem chegar a 16 em 2050, causam instabilidades nos equipamentos e até o fechamento do porto.
Como preparar os portos brasileiros para esses impactos?
O Porto de Paranaguá é um dos que sofrem riscos com a elevação do nível do mar até 2030 (Fonte: Shutterstock/Reprodução)
Tão importante quanto a compreensão dos impactos das mudanças climáticas no setor portuário é elaborar medidas capazes de preparar essas estruturas, tendo em vista a sua relevância para a economia brasileira e global. Segundo a Antaq, os portos brasileiros movimentam anualmente cerca de R$ 293 bilhões, o que representa 95% do volume do comércio exterior brasileiro.
O estudo também lista uma série de medidas adaptativas para encarar as ameaças climáticas que, além dos vendavais, incluem também tempestades e uma consequente elevação do nível do mar. Das 55 ações relacionadas, 21 delas são estruturais e 34 não estruturais. As medidas incluem: diversificação das ligações terrestres para o porto; construção de abrigos; ampliação das dragagens; e melhoria da qualidade dos acessos aos terminais.
Como o próprio relatório apurou que são poucos os portos que implementam medidas de adaptação aos novos cenários, a Antaq reconhece que não tem ideia de como essas mudanças serão financiadas, um assunto a ser debatido com o Governo Federal. A entidade não descarta a busca por auxílio do exterior.
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