Clima noturno de Vênus é revelado pela primeira vez

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Imagem: NASA/Bill Dunford

Pesquisadores revelaram como é o clima noturno em Vênus. O trabalho, publicado em 21 de julho na revista Nature, desenvolveu uma nova maneira de utilizar os sensores infravermelhos do orbitador climático japonês do planeta — a sonda Akatsuki —, que orbita Vênus desde 2015. Os sensores do aparelho encontraram nuvens noturnas e alguns padrões estranhos de circulação de vento.

Planeta VênusImagem mostra o planeta Vênus

Vênus é um planeta que está relativamente perto da Terra — a apenas um planeta de distância —, o que permitiu com que a primeira sonda chegasse ali ainda em 1978. Mas até agora se sabia muito pouco sobre o clima por lá à noite.

O clima de Vênus

Assim como a Terra, Vênus está na "zona habitável" do nosso sol, tem uma superfície sólida e uma atmosfera que tem clima. Para entender o clima de um planeta, os pesquisadores estudam o movimento de suas nuvens na luz infravermelha. No entanto, enquanto a atmosfera do planeta gira rapidamente, Vênus tem a rotação mais lenta entre os grandes planetas de nosso sistema solar — o que significa que o dia e a noite duram muito tempo, cerca de 120 dias terrestres cada um.

Até hoje, apenas o clima diurno de Vênus era facilmente observável porque, mesmo no infravermelho, é difícil ter uma visão clara do lado noturno de Vênus. Com a sonda Akatsuki — primeira sonda japonesa a orbitar outro planeta —, que foi projetada para monitorar Vênus e seu clima, os pesquisadores conseguiram "ver" indiretamente o clima noturno venusiano, já que sonda possui um gerador de imagens infravermelho que não precisa da luz do sol.

Apesar de o gerador de imagens da sonda não ser capaz de capturar observações detalhadas do lado noturno de Vênus, um novo método analítico para lidar com os dados capturados pela sonda foi. "Os padrões de nuvem em pequena escala nas imagens diretas são tênues e frequentemente indistinguíveis do ruído de fundo", explicou o coautor do estudo Takeshi Imamura, professor da Graduação em Ciências Fronteiriças da Universidade de Tóquio, em um comunicado da instituição à imprensa.

"Para ver os detalhes, precisávamos suprimir o ruído", disse ele. "Na astronomia e na ciência planetária, é comum combinar imagens para fazer isso, já que recursos reais dentro de uma pilha de imagens semelhantes escondem rapidamente o ruído. No entanto, Vênus é um caso especial, pois todo o sistema climático gira muito rapidamente, então tínhamos que compensar esse movimento, conhecido como super-rotação, a fim de destacar formações interessantes para estudo", explicou o professor.

A equipe observou os ventos norte-sul do planeta à noite e descobriu algo estranho: "O que é surpreendente é que eles correm na direção oposta aos seus análogos diurnos. Essa mudança dramática não pode ocorrer sem consequências significativas. A observação pode nos ajudar a construir modelos mais precisos do sistema climático venusiano, e esperamos resolver algumas questões de longa data sem resposta sobre o clima do planeta e provavelmente da Terra também", disse Imamura.

De acordo com o comunicado, a expectativa entre a comunidade científica é a de que o novo método possa revelar novos detalhes sobre o clima da Terra e de outros planetas, como Marte.

Em breve, Vênus irá receber três novas missões que devem continuar a expandir a compreensão sobre o planeta e seu clima. A NASA anunciou recentemente duas novas missões: DAVINCI+ e VERITAS. A Agência Espacial Europeia, por sua vez, se prepara para lançar a missão EnVision. As três naves devem ser lançadas para a órbita de Vênus entre o final desta década e o início de 2030.

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