NASA: rover Perseverance usa plutônio como combustível

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Imagem: NASA/Reprodução

O rover Perseverance, da NASA, é a primeira espaçonave em anos que utiliza plutônio como combustível. O suprimento de energia baseado no material radioativo conduz as operações do veículo espacial em Marte e foi pensado para permitir a exploração de planetas mais distantes no Sistema Solar. Isso porque o material se apresenta como uma alternativa mais viável do que o uso de energia solar na alimentação de uma sonda.

À medida em que uma nave se move para mais longe do Sol no espaço, ela necessita da tecnologia nuclear para manter suas atividades. Dessa forma, a agência espacial reformulou uma parceria com o Departamento de Energia dos EUA para produzir e fornecer o combustível, o qual deve ser empregado em missões futuras. Antes do Perseverance, as espaçonaves Voyager, Cassini e New Horizons já utilizavam do plutônio como combustível.

“Nossa viagem para atingir descobertas requer que sejamos capazes de nos desvencilhar de nosso próprio Sistema Solar. Nosso fornecimento de energia não precisa depender de nossa própria estrela. Quanto mais avançamos [no espaço profundo], mais verdadeiro isso se torna”, comentou Abigail Rymer, cientista do laboratório de Física Aplicada da Universidade Johns Hopkins, em entrevista ao site Space.com.

A construção do Perseverance criou um compartimento para transportar o plutônioA construção do Perseverance criou um compartimento para transportar o plutônioFonte:  NASA/Reprodução 

O sistema, chamado de gerador termelétrico de radioisótopo dinâmico, é uma versão aprimorada e mais eficiente dos modelos utilizados nesses veículos. Apresenta também a vantagem de poder atuar em ambientes mais severos, como em locais de baixas temperaturas e alta radiação.

“Isso permite explorar locais onde a luz do sol não chega, mas também permite explorar ambientes hostis. A confiabilidade e outros tipos de fatores são realmente importantes para nossas missões — não poderíamos realizar algumas delas [sem levar isso em conta]”, disse June Zakrajsek, gerente do programa Radioisotope Power Systems da agência espacial.

Parceria da NASA com o Departamento de Energia

A próxima missão da NASA que utilizará combustível nuclear para alimentar a espaçonave será a Dragonfly. Ela está prevista para ser lançada em 2027 e terá como objetivo explorar Titã, lua de Saturno que recebe cerca de 1% da luz solar em comparação com a Terra, o que justifica a necessidade do plutônio. Vale lembrar que a Dragonfly faz parte do programa New Frontiers, ao lado da New Horizons, Juno e OSIRIS-REx.

A iniciativa tem como proposta explorar o Sistema Solar através de investigações em locais estratégicos, os quais podem fornecer grandes avanços para a ciência planetária. Zakrajsek avaliou a disponibilidade do combustível para esses projetos como “um grande negócio”.

O combustível permitirá a exploração de planetas mais distantes no Sistema SolarO combustível permitirá a exploração de planetas mais distantes no Sistema SolarFonte:  NASA/Reprodução 

Para ela, a nova fase do programa está alinhada com o planejamento anual da NASA para a preparação de vindouras missões, garantindo que terão o suprimento necessário para seus sucessos. Dessa forma, verifica-se esforços do Departamento de Energia dos EUA para fornecer o plutônio a ser aplicado nas construções dos veículos espaciais.

Tracey Bishop, membro do programa de infraestrutura nuclear do Departamento de Energia, revelou que a iniciativa parte da agência espacial, a qual comunica para o órgão público o interesse em desenvolver uma nova missão com base no combustível nuclear. “Uma vez que a missão terminasse, diminuiríamos a produção e colocaríamos em modo de espera até o próximo projeto”, falou.

Isso porque todo o sistema de fabricação estável em torno de um material específico — no caso o óxido de plutônio, também chamado de plutônio-238 — é feito exclusivamente para uso da NASA. Já em outras áreas, como armas e reatores nucleares, é utilizado um tipo de plutônio com um nêutron extra.

Com o plutônio, a NASA espera diminuir em dois anos o cronograma relacionado ao desenvolvimento do suprimento necessário para o lançamento e permanência de atuação das missões, processo que antigamente poderia levar até 10 anos.

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