Carros autônomos são mais propensos a acidentes, mas a culpa não é deles

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Pensando em comprar um carro autônomo? Infelizmente, essa ainda não é uma boa ideia, segundo um estudo recente feito pelo Instituto de Pesquisa em Transportes da Universidade de Michigan: ao que parece, esses veículos são vítimas de acidentes com maior frequência do que os automóveis comuns.

O estudo utilizou como base os registros de acidente das companhias Google, Delphi e Audi, entre 2012 e 2015, comparando-os com os mesmos registros para os carros comuns no ano de 2013. Com isso, eles concluíram que há uma taxa de acidentes de 9,1 por milha percorrida para os veículos autônomos, contra apenas 4,1, para os carros comuns. Não apenas isso: a taxa de ferimentos nesses caso também foi maior, com 3,29 por milhão de milhas contra 1,02.

Antes que você pense que se trata de mais casos de “suicídio” como o que aconteceu recentemente com alguns veículos da Tesla Motors, vamos deixar claro que a história é bem diferente do que os números fazem parecer.

 Mais batidas de veículos autônomos, até agora, não querem dizer necessariamente menos seguro

O fato é que a pesquisa traz dados que impedem uma comparação realmente equilibrada. Novamente, os números explicam: foram registrados um total de apenas 1,2 milhões de milhas percorridas pelos carros automáticos, limitados a territórios específicos dos EUA, contra as 3 trilhões de milhas anuais que os automóveis normais acumulam anualmente só no país. Os próprios pesquisadores do estudo admitem que a diferença nesses números geram uma enorme margem de erro, mesmo com todos os esforços para compensar as informações.

De quem é a culpa?

Mais importante do que isso, no entanto, é que nenhum dos casos de acidentes já registrados foram causados por um erro no sistema de direção automatizada da Google. Em todos eles, os carros da gigante de Mountain View foram as vítimas, na verdade. E o motivo? Sempre por falha humana dos pilotos dos outros carros.

“Alguém poderia concluir que veículos auto-dirigidos são mais perigoso, mas eu não penso que os dados realmente querem dizer isso. Eles parecem ser mais suscetíveis a se envolverem em batidas em geral (embora não sejam os culpados e sempre sendo atingidos por veículos convencionais), mas os ferimentos que ocorreram foram menos severos, e todos menores, até agora”, disse Brandon Schoettle, um dos pesquisadores envolvidos no estudo, ao jornal NBC News.

De fato, é difícil imaginar que os veículos autônomos tenham sido realmente os culpados – a não ser, é claro, se você considerar que o carro não ter saído da frente de um motorista esquentadinho o torne culpado. Para você ter uma ideia, 73% dos acidentes envolvendo um carro automático ocorreram quando o veículo estava parado ou andando a menos de 10 km/h.

Schoettle também nota que os acidentes, embora mais frequentes e causassem ferimentos com mais facilidade, jamais envolveram qualquer fatalidade. “Eles não estiveram envolvidos em alguns dos tipos de batida mais severos, como batidas frontais ou aquelas envolvendo pedestres. Mais batidas de veículos autônomos, até agora, não querem dizer necessariamente menos seguro”, explica ele.

Desatenção é o verdadeiro culpado

Se você ainda tem dúvidas, vale notar que até mesmo a Google veio dar um parecer sobre o assunto, reforçando o que já foi dito: de acordo com a companhia, a verdadeira falha não está nos carros ou em seu software, mas apenas nos motoristas humanos e seus erros.

“Em mais de 1,2 milhões de milhas de direção autônoma desde o começo de nosso projeto em 2009, nem mesmo uma vez nosso carro autodirigido foi a causa de uma colisão. Nós publicamos os detalhes de todas as batidas em que nós nos envolvemos em nossa página a cada mês, e há uma clara presença do erro humano e desatenção”, disse um porta-voz da empresa.

Mesmo que a culpa não seja dos carros autônomos, talvez ainda seja uma boa ideia ficar longe desse tipo de veículo. Ao menos enquanto a grande maioria das pessoas ainda utilizar automóveis comuns.

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