O iPhone matou a BlackBerry, admite ex-CEO da RIM

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Imagem: The New York Times

Já faz um bom tempo desde que a BlackBerry não está nada bem das pernas. Desde seus tempos de glória, apenas cinco anos atrás, a empresa deixou de dominar 50% do mercado de smartphones para possuir apenas uma minúscula fatia dela; inclusive, vendo o valor de sua companhia cair de 83 bilhões de dólares para meros 5 bilhões.

Se você acha que os figurões da empresa nem imaginavam o que estava para ocorrer com ela, saiba que é bem o contrário: Jim Balsillie, de fato, sabia bem demais o destino da empresa. Por isso mesmo que, além de ter deixado seu cargo de CEO da companhia há três anos, ele também preferiu vender todas as ações que possuía da RIM – e eram muitas, considerando que o homem era o terceiro maior investidor do grupo, na época.

Mas o que teria acontecido para a questão chegar a esse ponto? Por um bom tempo isso permaneceu um mistério, visto que Balsillie não deu declarações públicas desde que saiu da empresa.

Recentemente, porém, o executivo participou de uma sessão de perguntas e respostas com Jacquie McNish e Sean Silcoff, autores do novo livro “Perdendo o Sinal. A Espetacular Ascensão e Queda da BlackBerry”. Nela, o ex-CEO revelou o momento exato em que percebeu que a empresa seria incapaz de competir no mercado: no lançamento do BlackBerry Storm.

Porque a pressa é inimiga da perfeição

Em resumo, o aparelho foi o simples resultado de um trabalho apressado para bater de frente com a Apple e seu iPhone. O Storm, que prometia ser um competidor forte, acabou tendo uma taxa de retorno de 100%, por culpa de sua tela de toque defeituosa – o que obviamente deixou a BlackBerry em maus lençóis com a Verizon, uma das maiores operadoras dos Estados Unidos e sua maior cliente da fabricante.

BlackBerry Storm vs Apple iPhone - não precisamos nem dizer quem ganhou a briga.

“Com o Storm, nós tentamos fazer demais. Ele era uma tela de toque, era uma tela clicável, ele tinha novos aplicativos, e foi tudo feito em um período de tempo incrivelmente curto e isso se voltou contra nós”, disse Balsillie. “Essa foi a hora em que eu sabia que nós não podíamos competir no hardware de alto desempenho”, continuou.

Mesmo com o fracasso, a companhia continuou a ser a empresa com maior crescimento do mercado por dois anos. Mas isso foi apenas resultado das vendas de dispositivos de entrada para os mercados emergentes. O golpe final, no entanto, veio quando a Apple recebeu enorme apoio da AT&T na criação de diversos serviços online, enquanto a BlackBerry demorou para tentar se adaptar ao conceito online.

Quando a arma-secreta chega tarde demais

Curiosamente, Balsillie sugeriu uma solução que poderia não apenas ter impedido a empresa de cair, como tinha chances de tê-la lançado para o topo novamente: disponibilizar o aplicativo BlackBerry Messenger para as outras plataformas.

Infelizmente, muitos nem lembram que o BBM ainda existe

Infelizmente, a ideia foi barrada pela empresa, na época, e o aplicativo só veio a chegar para Android e iOS tempos depois de Balsillie deixar a companhia – época em que vários outros aplicativos de mensagens já haviam dominado o mercado. Mas é só imaginar que, se o app tivesse chegado naquela época, quando a empresa ainda tinha grande renome, podíamos muito bem ver o BlackBerry Messenger com mais sucesso do que o próprio WhatsApp.

Visto que é tarde demais para isso, restou à BlackBerry tentar tornar-se uma companhia focada na segurança empresarial e em softwares. Quanto a essa empreitada, Balsillie apenas deseja boa sorte ao atual chefão da empresa.

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