Teremos que nos vacinar contra a covid-19 todo ano?

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À medida que o processo de vacinação vai ocorrendo, uma grande preocupação toma conta das comunidades, principalmente daquelas nas quais a velocidade do processo de imunização é inferior à capacidade de evolução do coronavírus em desenvolver novas variantes antigênicas no decorrer do tempo. Afinal, com qual periodicidade as vacinas contra a covid-19 deverão ser reavaliadas?

Pessoas que tomam vacinas regularmente, como idosos, sabem que os vírus da gripe, por exemplo, são hábeis "dribladores" do sistema imunológico humano. As mudanças deles são tão rápidas, que os anticorpos produzidos pelo nosso sistema imune se tornam ineficazes na ação de neutralizá-los com o passar do tempo. É por isso que a vacina contra a influenza sazonal é repetida todos os anos.

Com o acompanhamento diuturno do Sars-CoV-2, os cientistas já aprenderam que as mutações desse vírus produziram uma série de variantes, sendo que algumas delas, como a chamada sul-africana, já consegue escapar parcialmente da resposta imunológica natural do corpo. Considerando isso, fabricantes de vacinas já começaram a desenvolver novas versões de imunizantes — será que teremos de nos vacinar regularmente contra a covid-19?

Estudando a gripe para entender a covid-19

Fonte: Mike Morones/The Free Lance-Star/AP/ReproduçãoFonte: Mike Morones/The Free Lance-Star/AP/ReproduçãoFonte:  Mike Morones/The Free Lance-Star/AP 

Para avaliar se, a longo prazo, o Sars-Cov-2 demonstrará a mesma capacidade de esquiva do vírus da gripe, virologistas da Charité – Universitätsmedizin Berlin, na Alemanha, compararam a evolução genética de alguns tipos de coronavírus inofensivos (causadores de “resfriados comuns”) com a dos vírus da gripe.

A atenção foi voltada de forma especial para dois coronavírus mais conhecidos (o 229E e o OC43) que vêm, há 40 anos, mudando a proteína spike, a mesma do coronavírus causador da covid-19. Segundo a primeira autora do estudo, Dra. Wendy D. Jó, há uma característica comum entre esses três tipos de vírus: "a substituição repetida de uma variante de vírus circulante por outra que traz uma vantagem de aptidão". Isso significa que os coronavírus também conseguem driblar o sistema imunológico.

Resultados do estudo comparativo coronavírus vs. vírus da gripe

Fonte: CubaActualidad/ReproduçãoFonte: CubaActualidad/ReproduçãoFonte:  CubaActualidad 

Ao compararem as taxas de evolução de todos os vírus, os pesquisadores observaram que o da gripe acumulou 25 mutações por 10 mil nucleotídeos (blocos de construção genéticos) por ano. No mesmo período, os coronavírus acumularam cerca de 6 dessas mutações, isto é, a taxa de alteração dos coronavírus endêmicos foi 4 vezes mais lenta do que a do vírus influenza.

Focando especificamente no Sars-Cov-2, a estimativa é de que ele apresente 10 mutações por 10 mil nucleotídeos por ano, o que é uma velocidade de evolução superior à dos coronavírus endêmicos, mas inferior à da gripe. Mas, segundo o comunicado divulgado pelos autores, isso se deve às altas taxas de infecção observadas durante a pandemia.

Um dos autores, o professor e doutor Jan Felix Drexler, disse esperar “que o Sars-CoV-2 comece a mudar mais lentamente quando as infecções começarem a diminuir, ou seja, uma vez que uma grande proporção da população global desenvolver imunidade, seja como resultado da infecção, seja por meio da vacinação”.

O que se espera é que as vacinas contra a covid-19 sejam monitoradas regularmente durante a pandemia e atualizadas se necessário. "Uma vez que a situação se estabilize, as vacinas provavelmente permanecerão eficazes por mais tempo", afirmou Drexler.

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