Entenda por que o YouTube brasileiro está passando por uma 'idiotização'

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O YouTube brasileiro está passando por um processo de ''idiotização'' marcado por pequenos gestos que podem significar muito – positiva e negativamente. Essa é a opinião de Andrei Bedene, dono e criador do canal Você Não Sabia, parceiro da network do Grupo NZN na rede social de vídeos. Tivemos a oportunidade de conversar com ele sobre esse assunto e entender melhor o que está acontecendo com o site aqui no Brasil.

A reprodução que abre esta notícia sintetiza a opinião de Bedene sobre esse tema: apesar de o YouTube se caracterizar por ser uma plataforma livre em que qualquer um pode se registrar, ainda é preciso pensar nas consequências dos seus atos e como eles podem afetar outras pessoas. Afinal, toda ação tem uma reação e é importante saber até que ponto podemos ir sem que isso comece a gerar um efeito negativo nos demais.

Como assim?

Hoje, o YouTube é composto por diversos canais que têm como audiência crianças e adolescentes. Essas pessoas encaram os youtubers como ídolos e levam para a vida os ensinamentos aprendidos durante horas de audiência, sejam eles bons ou ruins. É por isso que os criadores de conteúdo precisam ter consciência de que as suas ações podem ter reflexos profundos na construção de caráter de uma pessoa.

Bons exemplos disso são aqueles youtubers que propagam o ódio – mesmo que em brincadeiras – e não estão nem aí para as consequência de seus atos, como é o caso daquele que quebrou a placa do YouTube e outro que queimou o livro da Kéfera, uma grande personalidade e influenciadora da rede social. Esses atos, por mais simples que sejam, chamaram atenção e contribuíram para incentivar outros a fazerem o mesmo ou realizar com atos semelhantes.

Qual é o problema?

O problema é que esse tipo de comportamento, aqui no Brasil, tem sido permitido. Ou pior ainda: incentivado ou mesmo premiado. Há pessoas que aprovam esse tipo de atitude e ainda contribuem para que mais sementes assim sejam plantadas. E quem recebe toda essa carga de ensinamos, em sua maioria, são crianças e adolescentes, pessoas que estão em fase de desenvolvimento de suas personalidades.

Bedene lembra uma máxima que todos aqueles que querem viver de YouTube deveriam saber: construir uma reputação, ganhar inscritos e alcançar milhões de visualizações leva tempo e exige muito trabalho e dedicação. Porém, para destruir o que já foi erguido não é preciso muito. Basta apenas um pequeno fiasco para ver a estrutura desmoronar. Porém, mesmo isso não parece assustar alguns.

Espelho do brasileiro

"O YouTube é assim porque o brasileiro é assim". Esse é o argumento de muitas pessoas, que também aproveitam a analogia para a apontar o dedo para a maior emissora de televisão aberta do Brasil. Para esses, a Rede Globo – e, por extensão da definição, a rede social de vídeos da Google – é um reflexo do que o povo da nossa nação é e busca em entretenimento.

Um bom exemplo é a existência de um reality show como o Big Brother Brasil. Apesar de muitos reclamarem desse programa, a emissora o mantém porque há pessoas que consomem esse conteúdo e o sustentam. A "idiotização" do YouTube pode estar seguindo o mesmo caminho: há quem não goste e desaprove alguns comportamentos, mas é porque o permitimos – ou mesmo sustentamos – que esse processo ainda está acontecendo.

Não é só do Brasil

"Não vamos ser injustos. Esse processo também acontece em outros países. É uma questão de cultura. Nos Estados Unidos, onde há uma outra cultura, talvez existam casos mais isolados de vídeos pendendo para essa 'idiotização'. São casos menores e quando acontece algo mais grave ou de mau gosto, a própria comunidade rechaça, desaprova, vai contra ao que foi mostrado", explicou Bedene.

É óbvio que essa "idiotização" pode ser somente um processo de maturação de uma mídia que está completando apenas 10 anos. Um conteúdo desse nível, com essas características, sempre existirá em todo tipo de veículo, querendo ou não. Esse pode ser apenas o nascimento e a diversificação do YouTube, que ainda dará luz para uma infinidade de outros tipos de materiais – sejam eles bons e ruins.

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