Activision Blizzard e Xbox: o que acontece após bloqueio da compra?

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A indústria dos games foi pega de surpresa nesta quarta-feira (26). A Competition and Markets Authority (CMA), que é o órgão comercial regulador do Reino Unido, bloqueou a compra da Activision Blizzard pela Microsoft ao rejeitar os argumentos de que a aquisição não seria danosa para o mercado ou prejudicaria as concorrentes.

Com a decisão, o negócio de quase US$ 70 bilhões está seriamente ameaçado por discordâncias entre Microsoft e CMA, em especial uma preocupação sobre o tratamento que a empresa daria à distribuição de jogos da desenvolvedora na nuvem e também a situação de lucrativas franquias como Call of Duty, Overwatch e Warcraft.

Mas quais são os possíveis desdobramentos dessa decisão? Há hipóteses extremas e outras mais razoáveis, mas o que parecia encaminhado agora virou um cenário imprevisível.

Microsoft vai recorrer e tentar aquisição

A situação mais otimista possível para a Microsoft é que a empresa apele da decisão inicial da CMA e, na próxima resposta do órgão regulador, os britânicos mudem de ideia e liberem que a aquisição aconteça. Por enquanto, não há um prazo para que essa etapa comece, mas a gigante teria que sanar todas as dúvidas sobre as "insuficiência significaticas" apontadas pelos britânicos.

"Nós nos mantemos totalmente comprometidos com essa aquisição e vamos recorrer. A decisão da CMA rejeita um caminho pragmático para tratar de concorrência, preocupa e desencoraja em relação à inovação tecnológica e aos investimentos no Reino Unido", diz a Microsoft em comunicado. A marca alega que está desapontada após "longas deliberações" e que essa decisão "reflete uma compreensão falha do mercado e como tecnologias na nuvem de fato funcionam".

Para convencer a CMA a mudar de ideia, a empresa terá que produzir novos relatórios que comprovem que ela não terá um domínio sobre a distribuição de jogos na nuvem. Em nota, a Activision Blizzard também reforça que está disposta a fazer parte desse projeto conjunto e vai recorrer.

Mais bloqueios podem ocorrer

Com a falta de aprovação na CMA, a compra fica bloqueada em curto prazo. Porém, esse não é o único obstáculo restante para Microsoft e Activision Blizzard: outros órgãos reguladores importantes ainda não divulgaram as decisões sobre a aprovação ou não dessa aquisição.

São aguardadas as decisões da Federal Trade Commission (FTC), dos Estados Unidos, e da European Comission, da União Europeia. Ambas são essenciais para que as negociações avancem e não estão muito inclinadas a aceitarem a situação atual — algo que pode acontecer especialmente após a decisão da CMA.

Algumas das séries envolvidas na compra.Algumas das séries envolvidas na compra.Fonte:  Microsoft 

No caso norte-americano, há preocupações com a competitividade entre Xbox e PlayStation após a adição de um enorme catálogo de franquias e licenças ao acervo da Microsoft. Já os europeus, para evitar o surgimento de um potencial monopólio, podem fazer exigências que envolveriam até a venda da franquia Call of Duty para outro estúdio.

Além de Reino Unido, outros órgãos já se manifestaram sobre o caso: o Brasil aprovou a negociação rapidamente e, meses depois, foi seguido pelo Japão.

O que acontece se a compra for anulada?

Outra possibilidade ruim para a Microsoft envolve toda a burocracia de uma negociação de grande porte: esses processos levam tempo e a compra tem um prazo para ser aprovada por todos os órgãos reguladores e ser oficializada.

O prazo final para a confirmação do acordo é 18 de julho de 2023. Entretanto, a decisão da FTC deve sair apenas no início do ano que vem, talvez já com a aquisição confirmada ou encerrada.

Aprovação nos principais órgãos reguladores do mercado é indispensável para compra acontecer.Aprovação nos principais órgãos reguladores do mercado é indispensável para compra acontecer.Fonte:  Microsoft 

Um caso parecido aconteceu com a Nvidia, que teve o acordo com a ARM anulado após não conseguir a aprovação de órgãos fiscalizadores no tempo necessário — em especial por preocupações sobre a formação de um monopólio e a pressão de concorrentes, situação similar à atual.

Activision pode voltar ao mercado (e ser comprada por outra)

Caso a Activision Blizzard de fato não seja mais comprada pela Microsoft, o conglomerado voltaria à situação anterior de empresa no mercado de ações. Se a desistência de fato acontecer, a Microsoft teria que pagar uma multa de US$ 3 bilhões para a Activision Blizzard. Além disso, nada impediria que ela fosse comprada por outra gigante interessada.

O problema aqui é o alto valor envolvido (US$ 69 bilhões, no caso da oferta da Microsoft), que não é uma verba baixa mesmo para gigantes da tecnologia, e ter que passar novamente pelos órgãos reguladores, sob as mesmas desconfianças do caso atual.

É possível que a Activision Blizzard esteja disposta a ser comprada, já que a companhia passa por momentos de instabilidade após mudanças corporativas decorrentes de inúmeros processos por assédio e denúncias trabalhistas, em uma situação que colaborou para que ela aceitasse a oferta.

Por outro lado, o chefe da divisão de games da Microsoft, Phil Spencer, já afirmou em entrevista que a marca Xbox continuará existindo normalmente, mesmo se o acordo não der certo.

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