Prêmio Jabuti desclassifica livro ilustrado com ferramenta de IA

Uma obra contendo ilustrações feitas com inteligência artificial (IA), selecionada como finalista do Prêmio Jabuti 2023, foi desclassificada pela organização da premiação nesta sexta-feira (10). A decisão veio após uma grande polêmica envolvendo o uso da tecnologia.

Concorrendo na categoria de Melhor Ilustração de 2023, o livro em questão é uma nova edição do clássico Frankenstein, de Mary Shelley. A obra foi publicada no ano passado pelo Clube da Literatura Clássica, trazendo em torno de 50 imagens geradas por IA.

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A obra envolvida na polêmica foi lançada em 2022.Fonte:  Facebook/Clube de Literatura Clássica 

Na ocasião, o designer Vicente Pessôa chegou a fazer uma live explicando ao público como utilizou ferramentas de inteligência artificial para ilustrar o livro. De acordo com a Folha de S.Paulo, o programa usado pelo profissional para a geração das ilustrações foi o MidJourney, que cria imagens a partir de descrição textual.

Porém, o desenhista André Dahmer, um dos jurados desta categoria do Prêmio Jabuti, disse que não sabia do uso da tecnologia para a criação da ilustração quando votou. Em seu perfil no X, ele afirmou que não conhece os nomes dos programas de IA e revelou que a organização também não sabia disso.

O que disse a CBL?

Em comunicado, a Câmara Brasileira do Livro (CBL), responsável pelo tradicional prêmio literário, informou que a desclassificação do livro feito com IA se deu após uma revisão da lista de indicados pela curadoria. Conforme a entidade, o uso da tecnologia não é contemplado nas regras da premiação.

Ainda de acordo com a organização, a produção de livros com inteligência artificial será objeto de discussão para as próximas edições do Prêmio Jabuti. Os demais concorrentes da categoria não foram afetados e seguem na disputa, que terá os nomes dos vencedores anunciados no início de dezembro.

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Entrevistado pelo Estadão, o designer que criou as ilustrações com IA para o livro Frankenstey criticou a decisão. Para ele, a entidade mudou as regras “no meio do jogo”, com medo da opinião pública, punindo-o por um descuido cometido pela própria CBL.