Como proteger a sua privacidade ao cruzar fronteiras de outros países

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Agentes de fronteira dos Estados Unidos já fuçaram em mais de 30 mil dispositivos eletrônicos de viajantes durante 2017. Em 2015, esse número foi de 8 mil. Os dados indicam uma tendência preocupante: a vigilância de Estado reforçada, pareada com uma necessidade de segurança suposta que ameaça as liberdades individuais e mina a privacidade de cidadãos, está crescendo.

Saiba que se você não permitir a busca em smartphones e notebooks ao entrar em um país, provavelmente sua entrada será negada

O ProtonMail, conhecido por um dos emails mais robustos no que toca a criptografia do mercado, resolveu abordar esse tema: “Atravessar uma fronteira internacional é muitas vezes uma experiência estressante. Torna-se ainda mais estressante se você for puxado para uma inspeção adicional. Buscas de fronteira, inclusive em smartphone e notebook, se tornaram mais comuns nos últimos anos, particularmente nos Estados Unidos. Mas os EUA não são o único país onde seu dispositivo pode ser investigado, apreendido ou analisado na fronteira. O Reino Unido, o Canadá e muitos outros com proteções de privacidade ainda mais fracas (Israel, Turquia etc.) permitem buscas semelhantes. Mas e se você não quiser perder seu direito à privacidade e segurança de dados apenas porque viaja?”.

Dessa maneira, o ProtonMail resolveu abordar maneiras diferentes de o cidadão proteger seus direitos e continuar com o máximo de privacidade possível durante uma busca em aparelhos digitais — “incluindo o que a polícia de fronteira pode e não pode fazer e os passos que você pode tomar para minimizar seus riscos”.

Logo de cara, saiba que, se você não permitir a busca em smartphones e notebooks ao entrar em um país, provavelmente sua entrada será negada. Também vale notar que não há uma diretriz muito clara sobre quem terá seus pertences investigados: os agentes de fronteira simplesmente definem por fatores que envolvem desde problemas na documentação até escolha aleatória.

Adicionando, existem dois tipos de buscas:

  • Básica: inspeção de dados, apps, fotos e arquivos no aparelho.
  • Avançada: inspeção de dados, apps, fotos e arquivos no aparelho; equipamentos apropriados para recuperação de dados deletados, análise e cópia de dados.

Detenção (válido para ambos os casos): tudo que é investigado também fica em posse dos agentes enquanto o trabalho acontece.

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Protegendo meus dados

Vale notar que, ao entrar em um país, ser verdadeiro e cordial é sempre o melhor caminho. Aliás, isso é a coisa mais importante quando falamos sobre uma polícia que pode prendê-lo, acusá-lo de um crime e até subjugá-lo fisicamente.

“A Electronic Frontier Foundation (EFF) também recomenda que você não tente nenhum truque técnico (como usar uma segunda senha que desbloqueia uma conta de usuário simulada, disfarçar dados etc.) que possa ser visto como mentira. Seja calmo e educado, mas assertivo”, adiciona o ProtonMail.

O caminho mais seguro, direto e reto para proteger seus dados de aplicativos é apagando praticamente todos eles de seu smartphone, tablet ou notebook. Existem softwares no mercado que simplesmente eliminam completamente os dados.

É interessante apagar os aplicativos e programas porque eles armazenam informações em cache

“Mas os dados são importantes para mim”, você pensa. Também existem soluções no mercado de armazenamento em nuvem que resolvem essa questão. Um HD externo, que não sai de sua casa, é um ponto extra de armazenamento seguro.

Quando falamos sobre entrar nos Estados Unidos, os agentes de fronteira não podem fuçar seus dados na nuvem, apenas o que está presente dentro de um dispositivo eletrônico. Por isso, caso seja necessário, abuse desse ponto.

O ProtonMail deixa claro outro detalhe: não deixe seu smartphone ou notebook vazio. Um aparelho “em branco” pode aumentar as suspeitas, e você também pode ficar marcado por isso. O que isso significa? Você não precisa apagar o Tinder ao cruzar a fronteira.

Dificultando a vida dos escavadores ou Movimento arriscado

Muitos smartphones atualmente utilizam tecnologias de criptografia para trancar o disco rígido e a memória de notebooks e smartphones enquanto eles estão desligados. Vamos usar a Samsung como exemplo: a linha Galaxy S oferece o Knox, que trava o dispositivo até liberação do usuário. Por isso, o ProtonMail recomenda que deixar o smartphone desligado no momento do desembarque é interessante para dificultar o acesso aos dados que você decida não entregar a senha de desbloqueio.

É possível tentar uma 'carta branca' caso você seja advogado, médico ou jornalista

Como foi notado anteriormente, não facilitar a investigação pode lhe causar problemas futuros. Nos EUA, a diretriz deixa claro que viajantes são obrigados a “ajudar” agentes de fronteira.

Vale notar que é possível tentar uma “carta branca” caso você seja advogado, médico ou jornalista: o privilégio da conversa entre advogado e cliente, médico e paciente, jornalista e fonte. A privacidade desse tipo de interação é inviolável — ou deveria ser. Então é uma alegação válida para que os agentes não realizem investigações nos aparelhos.

criptoCriptografia

Criptografia e registros

“Normalmente, a senha que você insere para desbloquear o dispositivo restringe apenas o acesso aos seus dados não criptografados. Isso não impedirá que agentes de fronteira acessem seus dados usando ferramentas forenses. No entanto, o uso da criptografia de disco completo pode bloquear o acesso, desde que eles não aprendam sua senha de descriptografia”, afirma o ProtonMail.

Acreditamos que o seu direito à privacidade não deve ser infringido apenas porque você está cruzando uma fronteira

A empresa também deixa claro que você pode e deve anotar os passos de sua experiência, caso seja escolhido para uma busca. Anotar nomes de agentes, números de crachás e agências podem ser dados importantes caso você decida abrir uma reclamação ou um processo.

“Lidar com agentes de fronteira é sempre estressante. Confrontá-los com seu direito à privacidade pode tornar a experiência ainda mais angustiante, para não mencionar inconveniente. No ProtonMail, acreditamos que o seu direito à privacidade não deve ser infringido apenas porque você está cruzando uma fronteira”, finaliza a empresa.

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