Lee Kun-hee, o poderoso chefão da Samsung

3 min de leitura
Imagem de: Lee Kun-hee, o poderoso chefão da Samsung

A Apple tinha Steve Jobs e agora tem Tim Cook. A Microsoft tinha Bill Gates e agora tem Steve Ballmer. A Google tem Sergey Bin e Larry Page. Mas quem é o homem responsável por transformar a Samsung em uma das maiores empresas do planeta? Se você pensou um pouco e não conseguiu responder, não se assuste. Le Kun-hee, um dos homens mais ricos e poderosos do mundo da tecnologia, não é mesmo muito conhecido.

Aos 70 anos e com uma fortuna pessoal estimada em 7,4 bilhões, Lee Kun-hee é filho de Lee Byung-Chul, que fundou a companhia em 1938 inicialmente como uma loja que vendia peixe seco para a China. Mais de 70 anos depois, a empresa deixou de lado seu ramo original para expandir seus negócios por diversas áreas, desde aparelhos eletrônicos até a fabricação de navios.

República Popular da Samsung

A Samsung é vista hoje como um orgulho para a Coreia do Sul. Uma das empresas mais prestigiadas do planeta, ela reúne na atualidade as pessoas mais talentosas do país, e pelo menos 25% dos seus 254 mil empregados têm grau de doutor ou titulação equivalente. Não é pouca coisa.

Casado e pai de três filhos, todos eles trabalhando na Samsung e sendo preparados para integrar a linha de sucessão do grupo assim que Kun-hee se aposentar, o poderoso chefão da empresa sul-coreana é o principal responsável pelos negócios da marca há 25 anos. Hoje a empresa é 39 vezes maior do que quando ele a assumiu, em 1987, e responde por nada menos do que 20% do PIB da Coreia do Sul.

A hora da virada

Embora os números certamente qualifiquem Lee Kun-hee como um dos executivos mais importantes da história da indústria, isso não significa que ele esteja imune a uma série de controvérsias que marcaram a sua carreira. Acusações de corrupção, escândalos envolvendo desvios de dinheiro e batalhas judiciais intermináveis fizeram dele um homem temido por muitos.

(Fonte da imagem: Reprodução/The Verge)

Sob o seu comando, seis anos depois de ele assumir, a empresa promoveu uma verdadeira transformação, mudando desde a logo até os valores e a filosofia de trabalho. “Mudem absolutamente tudo, menos a esposa e os filhos”, teria dito à época aos funcionários do grupo. A aposta ousada, como percebemos anos depois, se mostrou uma decisão acertada.

Àquela época, o modelo da indústria de eletrônicos eram as eficientes companhias japonesas. Lee se inspirou no Ocidente para trazer para a Samsung o melhor dos dois lados do planeta, adotando incentivos para os funcionários baseados em méritos, além de compensações financeiras e promoções quando necessário. Somado a isso, manteve a qualidade característica das linhas de produção japonesas.

Gênio ou vilão?

Entretanto, nem tudo é perfeito nos bastidores da companhia. Um livro chamado “Think Samsung”, escrito por um ex-diretor da companhia, trouxe à tona alguns aspectos da corrupção pessoal de Lee Kun-hee. Ele teria desviado pelo menos US$ 10 bilhões das subsidiárias da Samsung, destruído as evidências e pago a membros do alto escalão do governo para que eles permanecessem em silêncio quanto a isso.

(Fonte da imagem: Reprodução/Business Week)

A reação à obra dividiu a Coreia do Sul. A mídia se recusou a dar muita atenção para o fato e muitos defenderam que atacar a companhia que é um dos orgulhos do país seria um insulto. Entretanto, após o escândalo, em 2008, Lee Kun-hee se demitiu da Samsung, sendo indiciado e considerado culpado por apropriação indébita e sonegação de impostos.

Apesar de ter sido condenado a uma pena de sete anos de prisão e multa de US$ 350 milhões, um recurso permitiu que ele cumprisse apenas três anos e meio de suspensão e se livrasse das acusações pagando “apenas” US$ 100 milhões de multa – o equivalente a menos de 2% do seu patrimônio.

Meses depois, Lee Kun-hee voltou à presidência da empresa e intensificou seu trabalho no Comitê Olímpico Internacional, organização da qual ele é membro e lidera um movimento para que a cidade de Pyeonchang, na Coreia do Sul, sedie as Olimpíadas de Inverno de 2018.

Gênio ou vilão, Lee Kun-hee tem os seus méritos por transformar uma companhia que era tida como “apenas uma entre tantas” em uma das mais rentáveis e lucrativas empresas do novo século. Até onde ela pode chegar é difícil dizer, entretanto não é nenhum exagero afirmar que, assim como tantos outros, Kun-hee já escreveu o seu nome na história.

Você sabia que o TecMundo está no Facebook, Instagram, Telegram, TikTok, Twitter e no Whatsapp? Siga-nos por lá.