O Menu: filme de suspense é bom ou peca no sabor? (Análise e crítica)

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Imagem: Searchlight Pictures
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E se nós te oferecêssemos uma experiência incrível e exclusiva, na qual você e um acompanhante podem ir à um restaurante cinco estrelas, comandado por um dos melhores chefs do mundo, em uma ilha deserta. Você aceitaria ou ficaria com um pezinho atrás?

Bem, antes de responder, você precisa assistir O Menu, pois o filme de suspense e terror, lançado no final de 2022, narra exatamente essa situação. Em um primeiro momento, ela parece mágica, mas, com o passar do tempo, prova que nem sempre tudo é o que parece ser.

Dirigido por Mark Mylod e escrito por Seth Reiss e Will Tracy, O Menu traz um elenco principal de peso, com nomes como Anya Taylor-Joy (O Gambito da Rainha), Ralph Fiennes (Harry Potter) e Nicholas Hoult (Mad Max: Estrada da Fúria), que se juntam a Hong Chau, Janet McTeer, John Leguizamo, Reed Birney, entre outros.

Um pouco de terror, uma porção de suspense, pitadas de comédia, um ótimo elenco e uma história interessante. Será que essa mistura de ingredientes rendeu um bom prato principal ou O Menu acabou pecando no sabor?

Se você já degustou ou pretende degustar O Menu, fique por aqui, pois fiz uma análise narrativa e crítica completa da obra, que surpreende bastante ao apostar na imprevisibilidade.

O que é O Menu (SEM SPOILERS)

Como de costume, antes de mergulharmos na análise narrativa e crítica de O Menu, que tal entendermos um pouco mias da história da produção?

Pois bem, O Menu acompanha um grupo de pessoas ricas (e problemáticas, cada uma à sua maneira) que têm algo em comum: todas elas vão jantar no restaurante Hawthorne, um verdadeiro templo culinário, que fica localizado em uma ilha deserta, onde tudo é preparado de maneira artesanal.

O local é comandado pelo chef Julian Slowik (Fiennes), um dos profissionais mais renomados do mundo da gastronomia, que cria e serve seus pratos com a ajuda de um time altamente treinado, que engloba sua gerente, Elsa (Chau), e vários cozinheiros talentosos.

Na ocasião "especial", portanto, somos apresentados aos convidados da noite, que incluem pessoas que pagaram para ir ao Hawthorne, como Richard (Birney) e Anne (Judith Light), e outras que foram convidadas, como a pretensiosa crítica gastronômica Lillian (McTeer) e o jovem casal Tyler (Hoult) e Margot (Taylor-Joy).

A princípio, tudo parece perfeito e os clientes da noite se mostram impressionados com as instalações do requintado restaurante. Fascinação que só aumenta ao passo em que Slowik começa a servir o menu especial pensado para o jantar, no qual cada prato é apresentado de maneira única, recebendo contextos ricos e histórias envolventes.

Todavia, no decorrer da noite, as coisas mudam completamente de patamar quando Slowik revela seus verdadeiros planos para o jantar, que envolvem ingredientes e temperos pelos quais nenhum dos clientes do Hawthorne esperavam.

Bem como uma cebola, ingrediente indispensável em qualquer restaurante, O Menu é um filme de várias camadas.Bem como uma cebola, ingrediente indispensável em qualquer restaurante, O Menu é um filme de várias camadas.Fonte:  Searchlight Pictures 

ATENÇÃO: ALERTA DE SPOILERS! SE VOCÊ AINDA NÃO ASSISTIU O MENU, NÃO CONTINUE LENDO A PARTIR DESTE PONTO! 

O Menu: análise narrativa e crítica (COM SPOILERS)

Sem delongas, O Menu é um ótimo filme gastronômico no qual a gastronomia não é o prato principal. Ficou confuso? Explico: o longa utiliza a haute cuisine (alta cozinha) como pano de fundo para tratar de temas maiores, como, por exemplo: pretensão, vaidade, reconhecimento, distinções sociais e obsessão.

Como você bem sabe, o menu do chef Slowik tem como objetivo matar todos os presentes no Hawthorne até o fim da noite. E não é de prazer. Por isso, cada prato do estabelecimento é apresentado com contextos levemente perturbadores, cujos objetivos narrativos são os de justificar as motivações do personagem.

Algo que funciona bem dentro da trama, pois é por meio dessas histórias que descobrimos mais sobre o passado de Slowik e sobre as razões que o levaram àquele momento. Nesse sentido, fica claro, portanto, que cada um dos convidados da noite está ali por um motivo específico, já que eles representam tudo aquilo que frustra o chef na área gastronômica e em sua vida pessoal.

Os significados por trás dos personagens

A pretensão, por exemplo, é personificada por Lillian, que não consegue não tecer comentários maldosos e desnecessários sobre os restaurantes que visita. Basicamente, para a crítica culinária, nada está bom, nada presta e o que é bom poderia ser melhor. Acredito que todos nós já conhecemos alguém assim, não é mesmo?

Já a vaidade estaria presente no casal Richard e Anne, ricaços que vão ao Hawthorne com frequência, mas apenas por aparência, já que nem sequer sabem os nomes dos pratos ou o que gostam neles (como o próprio chef Slowik revela em uma conversa com eles).

O Menu traz a atriz Anya Taylor-Joy como uma das protagonistas e peças chave da narrativa.O Menu traz a atriz Anya Taylor-Joy como uma das protagonistas e peças chave da narrativa.Fonte:  Searchlight Pictures 

A obsessão, por outro lado, é completamente incorporada por Tyler, que tem uma necessidade doentia de ser notado por Slowik e de demonstrar que entende de gastronomia a cada novo prato que surge. Aliás, a obsessão do jovem é tão grande que ele não se importa em passar por cima de Margot repetidamente, a tratando mal e a ignorando em prol de seu "amor" pela cozinha.

Por fim, todas essas pessoas problemáticas seriam um exemplo claro, na cabeça de Slowik, de uma grave distinção social e comportamental com a qual ele não concorda. Para ficar mais claro: enquanto o chef e sua equipe representam a classe trabalhadora, que veio de baixo e trabalhou duro para ascender, o grupo de convidados seria uma espécie de recorte da classe dominante e esnobe que não valoriza pessoas como ele e serviços como os que seu time presta.

Essa crítica social fica ainda mais clara dentro da narrativa de O Menu quando, por exemplo, Slowik pergunta a uma das convidadas se ela financiou sua faculdade e, quando a mulher responde negativamente, o chef diz que, então, ela vai morrer junto com os demais. Ou quando ele reconhece em Margot uma "semelhante" e lhe oferece a opção de ficar do lado dele e de sua equipe, reforçando a ideia de "nós contra eles".

O Menu, portanto, intriga ao mostrar que todos os envolvidos na narrativa podem vestir máscaras de vilões. Slowik é um ser humano frustrado que busca vingança e cada um dos convidados, como a história revela, apresenta traços comportamentais questionáveis e passados condenáveis. Os pratos preparados no Hawthorne podem ser lindos e dignos de aplausos, mas as pessoas que os comem, em contrapartida, nem tanto.

Ao tecer todos esses comentários de uma maneira bem interessante, utilizando-se do terror, do suspense, do drama e até da comédia para tanto, O Menu consegue criar uma narrativa bem imprevisível e sólida, que nos mantém entretidos do início ao fim, esperando ansiosos pelo prato final e pela sobremesa, que não decepciona.

Porém, fica o aviso: se te chamarem para um restaurante chique em um ilha deserta, pense duas vezes e, caso decida ir, desafie o chefe a fazer um hambúrguer.

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