Quais são os tipos de comédia presentes nos serviços de streaming?

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Poucos gêneros são tão complexos quanto a comédia. Pode parecer que a única coisa em comum entre as narrativas cômicas seja a possibilidade de provocar o riso, mas isso não é verdade: talvez não haja gênero mais diverso do que esse.

Duvida? Então vejamos. Há a comédia pastelão, com um humor mais físico e infantil, estilo “torta na cara” – e que pode, inclusive, descambar para cenas de violência. Há o humor negro, de fundo mais sombrio, em que muitas vezes rimos para não chorar. Há as famosas comédias românticas, que nos envolvem de forma emocional, em um estilo que muitos chamam de “água com açúcar”. E não dá para esquecer a comédia sustentada em bordões, que nos diverte justamente pela previsibilidade – vide, por exemplo, as frases que já sabemos de cor no seriado Chaves e nos personagens da Escolinha do Professor Raimundo. 

Os formatos não se esgotam por aqui. Mas caso você seja assinante dos tantos serviços de streaming que temos disponíveis no Brasil, saiba que tem um bom cardápio de estilos de comédia para que você possa conhecer mais a fundo. Nesse texto, você encontra uma seleção de indicações para que possa desfrutar e aprender mais sobre esse gênero tão necessário.

Sitcoms

A sitcom Modern Family gira em torno de uma família.A sitcom Modern Family gira em torno de uma família.Fonte:  Poltrona Nerd 

Um dos formatos mais populares da comédia televisiva é o que se chama de “comédia de situação” (no original, em inglês, são as famosas sitcoms). Elas se caracterizam por serem narrativas de humor extensas, que duram várias temporadas, e são ambientadas em algum tipo de cenário ou situação – como em famílias (como em Modern Family, disponível na Netflix), um grupo de amigos (como Friends, disponível no HBO Max, e How I Met Your Mother, no Amazon Prime), ou numa delegacia de polícia (como Brooklyn Nine-Ninena Netflix).

As sitcoms costumam ser gravadas em um palco em que as cenas são exibidas para uma plateia, que costuma rir – e essa risada vai ao ar, fazendo o espectador também se divertir quase por “contaminação”. Também é comum que esses programas usam a “claque”, aquela risada gravada que toca no fundo e marca as piadas. Outra característica comum é o tempo: um episódio de sitcom normalmente tem entre 22 e 30 minutos.

Comédia pastelão

Em Lady Night, Tatá Werneck usa recursos da comédia pastelão.Em Lady Night, Tatá Werneck usa recursos da comédia pastelão.Fonte:  Seriemaniacos 

A comédia pastelão (no inglês, o gênero é chamado de slapstick) remete a um tipo de humor que se caracteriza por estímulos físicos, muitas vezes violentos: do tipo gente que escorrega em casca de banana, tapa e torta na cara, piadas escatológicas que remetem a questões intestinais, etc. Muitas vezes, é entendida como uma comédia menos refinada por conta de sua acessibilidade (as crianças costumam rir bastante com programas desse tipo), mas há aí um engano: é possível montar uma comédia bem original e que mesmo assim se insira nesse estilo. Basta ter talento.

Quer um exemplo? O talk show Lady Night (disponível no Globoplay), estrelado por Tatá Werneck, tem muito de pastelão: ela usa caretas e o próprio corpo para provocar o riso em seus convidados – e, consequentemente, na plateia que a assiste. O clássico desenho animado South Park (disponível na Pluto TV) tem um tanto de pastelão também – com muitos palavrões e um personagem que morria em cada episódio.

Comédias de humor negro

O seriado Trailer Park Boys diverte pelo constrangimento.O seriado Trailer Park Boys diverte pelo constrangimento.Fonte:  Maximum Cinema 

Já a comédia de humor negro diverte por um motivo inóspito: ela causa incômodo em quem assiste. É um mecanismo paradoxal – muitas vezes, a risada funciona como uma válvula de escape para uma situação de constrangimento.

Temos comédias premiadas dentro dessa linha, como The Office (disponível no Amazon Prime e HBO Max), a clássica série que se passa dentro de um escritório de uma empresa de papel. A graça dos episódios é o de acompanhar os apuros que os funcionários passam nas mãos do chefe, Michael Scott (Steve Carell). Já um exemplo menos conhecido é Trailer Park Boys (na Netflix), que mostra a vida miserável de moradores de trailers no Canadá. Ambas as séries também se encaixam no formato mockumentary, uma espécie de documentário falso criado para fins de humor.

Programas com esquetes

A trupe canadense Kids in the hall é uma referência nos programas de esquetes.A trupe canadense Kids in the hall é uma referência nos programas de esquetes.Fonte:  CBC 

Diferente de uma sitcom, em que há uma história central que se repete durante todos os episódios e temporadas, as comédias de esquetes se fundamentam em histórias curtas isoladas, com personagens que nem sempre são retomados.

Quem assina o Amazon Prime tem acesso a um clássico, que é o programa Kids in the hall. A trupe de comediantes canadenses é uma referência para vários shows – a produtora Porta dos Fundos (que tem uma temporada disponível no Amazon Prime e filmes e especiais na Netflix) já o citou como uma de suas inspirações. No Brasil, o programa de esquete também é comum: dois exemplos é o Zorra e o Tá no Ar – A TV na TV (ambos disponíveis no Globoplay).

Stand-up comedy

Hannah Gadsby fez muito sucesso na Netflix com seu show Nannette.Hannah Gadsby fez muito sucesso na Netflix com seu show Nannette.Fonte:  Netflix 

Este formato é autoexplicativo: trata-se de um comediante sozinho em um palco proferindo piadas para uma plateia que está à sua frente. É um humor bastante sofisticado, uma vez que não há muitos recursos: é apenas um texto e um sujeito que se arrisca perante um público que pode achá-lo sem graça.

Nos últimos anos, a stand-up comedy se tornou muito popular no mundo todo. Por isso mesmo, os catálogos de streaming estão cheios de opções desse estilo. A Netflix, por exemplo, disponibiliza shows de comediantes brasileiros como Rafinha Bastos, Whindersson Nunes, Wanda Sykes (a Barb de The News Adventures of Old Christine, uma sitcom) e Maurício Meirelles, entre muitos outros.

A Netflix também chamou a atenção no stand-up comedy nos últimos anos por dois episódios, um bom e outro ruim. O show Nanette, da comediante australiana Hannah Gadsby, foi elogiadíssimo em 2018 e comoveu gente em todo o planeta. O espetáculo pretende subverter o formato stand-up, fazendo rir e chorar e abrindo mão de piadas mais óbvias.

O outro episódio é recente: em outubro, o famoso comediante Dave Chapelle soltou na Netflix seu especial The Closer e foi sumariamente “cancelado” porque fazia piadas sobre órgãos sexuais de pessoas trans. A Netflix, por sua vez, foi muito criticada por não retirar o especial do seu catálogo.

Por fim, uma recomendação que reúne elementos de vários dos formatos tratados aqui. A comédia Hacks, do HBO Max, aborda a tensão entre duas comediantes de diferentes gerações. Uma faz um show de stand-up comedy old school, e outra defende um humor mais político e uma abordagem mais inovadora em relação ao público. Ao trabalharem juntas, elas acabam por dar várias aulas a nós, os espectadores, sobre os mecanismos desse cultuado (e inesgotável) gênero chamado comédia.

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