The BRIEF

O futuro das IAs de música: gravadoras buscam acordo financeiro com serviços generativos

Startups como a Suno estão em negociações com gigantes do nível de Warner, Sony e Universal para ter acesso a músicas legalmente para treinar sistemas que criam canções por prompt de texto

Avatar do(a) autor(a): Nilton Cesar Monastier Kleina

02/06/2025, às 16:00

Atualizado em 02/06/2025, às 18:08

Um grupo de gravadoras iniciou negociações com duas startups do setor de inteligência artificial (IA) para legalizar o uso de músicas em serviços generativos de canções. A informação é da Bloomberg, mas ainda não foi confirmada oficialmente pelas companhias envolvidas.

De acordo com a reportagem, as empresas Udio e Suno, que são dois dos maiores nomes do campo da IA generativa de músicas, receberam propostas das gravadoras Universal Music Group, Warner Music Group e Sony Music Entertainment. Até o momento, ambas as partes não chegaram a um consenso.

As duas companhias de IA funcionam de modo parecido. Assim como em outro chatbots, o usuário pode solicitar a criação de uma música ao sistema usando uma descrição em texto — incluindo o gênero, os instrumentos e até algumas emoções que devem ser despertadas pela faixa. Em poucos minutos, o sistema envia o arquivo finalizado.

a janela de criação de música no Suno
A janela de criação de músicas em um dos apps do setor. (Imagem: Reprodução/Suno AI)

A ideia é que as negociações esfriem uma batalha judicial que já está acontecendo entre essas empresas. Em 2024, as plataformas foram processadas por um grupo que representa gravadoras nos Estados Unidos por infração de direitos autorais, solicitando US$ 150 mil (mais de R$ 850 mil) por faixa utilizada sem permissão — uma multa final que provavelmente chegaria na casa dos bilhões de dólares.

O que as gravadoras querem das IAs de música

  • A ideia das gigantes da indústria é até permitir o uso de materiais dos artistas para alimentar IAs dessas empresas e auxiliar na geração de áudios, mas com alguma compensação para os detentores dos direitos autorais;
  • Mais especificamente, as gravadoras querem maior controle sobre o uso do trabalho, incluindo quais materiais podem ou não ser usados, enquanto os serviços buscam "flexibilização" no acesso aos materiais;
  • O ponto mais difícil da negociação está nos valores: as startups buscam um valor bem menor do que o inicialmente estabelecido por Universal, Warner e Sony. Até agora, esses números não foram revelados;

Anteriormente, o YouTube também tentou negociar com gravadoras para que elas liberassem músicas para uso em ferramentas de IA generativa. Não houve acordo por enquanto e a Sony até já oficializou a proibição de uso do próprio catálogo para treinamento de plataformas como as duas já citadas.

IAs e direitos autorais

A tentativa de acordo entre gravadoras e as empresas de IA generativa de músicas é mais um entre vários capítulos de ações judiciais ou acusações de que ferramentas artificiais usaram materiais protegidos por direitos autorais sem permissão no treinamento dos sistemas. 

Do lado das companhias donas de modelos de linguagem, os argumentos são de que já não é mais possível voltar atrás na utilização de materiais que estavam disponíveis na internet sem custos e foram usados para alimentar as plataformas. Um ex-executivo da Meta sugeriu até que isso “mataria” o setor de IA .

Além disso, plataformas de streaming ainda tentam estabelecer parâmetros sobre como lidar com esse tipo de criação. No campo da música, por exemplo, o Spotify faz buscas constantes para encontrar músicas geradas com IA que se passam por gravações de verdade e só tentam acumular visualizações.

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Jornalista especializado em tecnologia, doutor em Comunicação (UFPR), pesquisador, roteirista e apresentador.


Fontes