Novo Modo IA da busca do Google é 'roubo', diz grupo de veículos de imprensa
News/Media Alliance reclama de recurso de pesquisa que 'absorve' conteúdos de sites e gera o próprio texto sem qualquer compensação para as fontes, como renda ou acessos

22/05/2025, às 12:30
Atualizado em 24/06/2025, às 17:36
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Um consórcio sem fins lucrativos formado por uma série de empresas de jornalismo e publicação de conteúdo criticou o Modo IA (AI Mode) da Google. Segundo o grupo, o novo modo de pesquisa que mistura busca e inteligência artificial (IA) prejudica essas organizações e o mercado digital como um todo.
A News/Media Alliance critica o funcionamento da nova ferramenta, que muda a interface do buscador e reduz o espaço destinado aos endereços com as fontes consultadas pelo chatbot. Os problemas estariam na combinação entre o uso do conteúdo para gerar algo com IA, a falta de compensação financeira e a queda de visibilidade aos sites que originalmente publicaram um conteúdo.
"Os links eram as últimas qualidades compensatórias da busca que davam à imprensa tráfego e receita. Agora, a Google só pega o conteúdo na base da força e usa ele sem retorno, que é a definição de roubo", diz a nota, assinada pela presidente e CEO do consórcio, Danielle Coffey.
A News/Media Alliance é uma organização que representa cerca de 2,2 mil veículos responsáveis por jornais, revistas e outras formas de publicação jornalística nos Estados Unidos. A declaração pede ainda que o Departamento de Justiça dos Estados Unidos tome alguma atitude para remediar essa situação "para prevenir a dominação contínua da interne por uma só companhia".
O que é o Modo IA da Google
O Modo IA da Google é uma opção de busca para você transformar a tradicional barra de pesquisa em uma conversa com um chatbot. Ele é uma espécie de evolução do AI Overview, o resumo em tópicos produzido pelo buscador que atualmente ocupa o topo da página de resultados de uma pesquisa.
- Nessa plataforma, é possível perguntar o que quiser ao buscador e aguardar a criação de um conteúdo com a resposta. Para fazer isso, a IA do Google visita uma série de páginas que seriam exibidas ao usuário e cria ela mesma um resumo do que foi solicitado;
- O usuário pode pedir algo por texto, voz ou imagens e fazer perguntas complementares ou com várias etapas. A resposta também é multimodal e pode incluir até gráficos e tabelas;
- Em alguns casos, a Google indica links complementares direto no texto. Em outros, as fontes consultadas pela IA de busca são listadas em uma coluna lateral, com menor visibilidade do que antes;
- Por enquanto, o Modo IA está disponível apenas para usuários dos Estados Unidos. O recurso foi lançado inicialmente em março deste ano e está em expansão gradual, sem previsão de chegar a outras regiões;
IA e conteúdos protegidos por direitos autorais
Para além das críticas do News/Media Alliance, empresas como a OpenAI já foram alvo de ações judiciais envolvendo o possível plágio de conteúdos copiados sem autorização de editoras e veículos jornalísticos, como o tradicional The New York Times.
Além disso, o julgamento ainda em andamento sobre o possível monopólio da Google no campo das buscas trouxe novas informações sobre o funcionamento desses modos: a empresa optou por não colocar uma opção para que veículos não autorizem o uso do conteúdo especificamente pelo Modo IA.
Na verdade, como aponta a Bloomberg, só é possível fazer isso ao pedir a exclusão dos serviços da empresa como um todo, o que prejudicaria ainda mais o tráfego das páginas. Segundo o depoimento de Liz Reid, atual gerente de buscas da Google, seria "desafiador" e "custoso" ter modelos separados e autorizações individuais para os modelos de IA da marca.
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