Salário ou bem-estar? O que as gerações Z e Y buscam no mercado de trabalho

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Não seria grosseiro dizer que as gerações Y e Z são as protagonistas do atual mercado de trabalho. Millennials e centennials foram marcados pela revolução tecnológica desde a infância, cada um a sua maneira, é claro.

Essas gerações têm influenciado, não apenas a forma como as empresas funcionam, mas também redefinindo as expectativas e prioridades no ambiente profissional. Identificar essas mudanças e analisá-las são passos obrigatórios se objetivo é alcançar o sucesso mercadológico.

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Veja o que impulsiona as essas gerações, como são percebidas no mercado de trabalho e qual o impacto que estão causando em um ambiente que precisa lidar com quatro perfis totalmente diferentes — os Baby Boomers,  Gen X, Millennials e Centennials .

O que atrai a geração Y no mercado de trabalho?

A geração Y, também conhecida como millennials, compreende aqueles nascidos entre 1980 e 1994. Embora compartilhem algumas características com a geração Z, existem diferenças notáveis em suas abordagens ao mercado de trabalho. Confira:

Equilíbrio entre vida profissional e pessoal

A geração Y valoriza profundamente o equilíbrio entre vida profissional e pessoal, buscando empregos que permitam ter tempo para se dedicar à família, interesses pessoais e outras aspirações além da carreira profissional.

Para os millennials, trabalho e lazer tem igual importância.Para os millennials, trabalho e lazer tem igual importância.Fonte:  GettyImages 

Um levantamento feito pelo pesquisador Pompílio Arthur de Faria Rosa para o seu mestrado na FVG aponta que 58% dos entrevistados da geração Y desistiriam de um cargo mais alto na hierarquia da empresa para manter o "work-life balance".

O que faz sentido quando esses profissionais priorizam se candidatar a empresas que ofereçam políticas de flexibilidade, horários condizentes e apoio ao bem-estar geral.

Reconhecimento e feedback constante

Feedback regular e reconhecimento pelo trabalho desempenhado são fundamentais para os millenials. Conforme o artigo publicado na Revista de Carreiras e Pessoas da PUC-SP, essa geração deseja saber que seu trabalho é valorizado e que há oportunidades claras de progresso na carreira.

Inovação e desafios constantes

Profissionais da geração Y são atraídos por organizações inovadoras que oferecem desafios constantes. Projetos interessantes, oportunidades de liderança e ambientes dinâmicos são fatores de grande apelo para essa geração.

O que a geração Z busca no mercado de trabalho?

A geração Z, nascida entre meados dos anos 1995 e 2010, cresceu em um mundo imerso em tecnologia, conectividade e informações instantâneas. Recorrer à internet, aplicativos e telas é a única realidade que os centennials conhecem.

As consultorias McKinsey e Box1824 analisaram o comportamento dessa faixa etária no Brasil e concluíram que esses jovens profissionais trazem consigo uma abordagem única ao trabalho, valorizando aspectos que vão além do salário. Em suas buscas por oportunidades profissionais, alguns critérios se destacam para a geração Z:

Propósito e causas sociais

A geração Z tem um forte senso de responsabilidade social e busca organizações que compartilham valores alinhados aos seus. Empresas com iniciativas sustentáveis, preocupações sociais e programas de responsabilidade corporativa têm maior apelo.

Para Kit Yarrow, psicóloga americana especialista em consumo, “o propósito não pode ser apenas uma tática, tem de fazer parte da estratégia de longo prazo e deve estar alinhado com os valores internos da empresa" se a organização deseja atrair talentos e clientes.

Flexibilidade

A flexibilidade no ambiente de trabalho é crucial para eles, pois a geração Z aprecia a liberdade de horários e modelo de trabalho remoto. No mundo corporativo, essa característica ganha relevância quando os processos da empresa são menos burocráticos ou permitem que os centennials simplifiquem as tarefas para melhorar a produtividade da equipe.

A geração Z valoriza a liberdade proporcionada pelo home office.A geração Z valoriza a liberdade proporcionada pelo home office.Fonte:  GettyImages 

Por outro lado, o pragmatismo da geração Z pode resultar em impaciência e desânimo quando há poucas oportunidades para ser proativo e fazer várias tarefas ao mesmo tempo. Um traço esperado de quem nasceu na cultura dos dispositivos com recursos multitarefas e aplicativos de sucesso como Netflix, Uber e Spotify.

Ambientes colaborativos

Ambientes de trabalho que estimulam a troca de ideias e a inovação ganham pontos na avaliação dos centennials! A pesquisa divulgada pela Inc confirma esse cenário: 90% da geração Z prefere pessoas inovadoras no local de trabalho ao invés de uma nova tecnologia.

O comportamento compassivo, empático e comunicativo dessa geração se identifica com equipes diversas e relações criadas a base do diálogo e conciliação.

Desenvolvimento profissional contínuo

A geração Z busca constante aprendizado e crescimento profissional. Programas de desenvolvimento, mentoria e oportunidades de capacitação são fatores que influenciam positivamente em suas escolhas profissionais.

A sua espontaneidade auxilia na transparência de suas atitudes, sem deixar que o medo impeça demonstrar fragilidades e intimidades.

Baixa tolerância à frustração

O imediatismo da revolução digital tecnológica foi incorporada pela geração Z, inclusive no seu ambiente de trabalho. O desejo por processos rápidos com resultados instantâneos impacta na capacidade dos Z's em lidar com a frustração e atrasos, sendo determinantes para a geração querer trocar de emprego com certa frequência.

Como as gerações Z e Y são percebidas no mercado de trabalho?

O mercado de trabalho, ao avaliar as gerações Z e Y, enfrenta o desafio de entender e incorporar suas expectativas. Ambas são frequentemente descritas como ávidas consumidoras de tecnologia, adaptáveis a mudanças rápidas e exigentes quanto a valores e propósito. Saiba mais:

Percepção positiva do desejo pela inovação

Ambas as gerações são vistas como impulsionadoras da inovação. Seu profundo entendimento e integração com tecnologias emergentes podem trazer novas perspectivas e soluções aos desafios empresariais.

Desafios em lidar com hierarquias rígidas

Tanto a geração Z quanto a Y têm mostrado resistência a estruturas organizacionais hierárquicas tradicionais. Elas preferem ambientes mais horizontais, onde a comunicação é livre e as contribuições individuais são valorizadas.

As diferenças geracionais são obstáculos frequentes no mercado de trabalho.As diferenças geracionais são obstáculos frequentes no mercado de trabalho.Fonte:  GettyImages 

O que representa uma grande adaptação para as organizações que estão no mercado de trabalho há décadas. O perfil de funcionário que "veste a camisa" da empresa cede lugar àquele que é mais desprendido de posse e pretende construir uma carreira onde melhor lhe convir.

Atenção voltada às redes sociais da marca

Segundo o relatório The State of Gen Z® 2018, a Geração Z utiliza principalmente o YouTube para obter mais informações sobre a marca empregadora antes de se candidatar a uma vaga.

Já os millennials ainda preferem acessar plataforma de vagas de emprego ou o site da empresa para procurar um novo cargo. Entender esse método de busca vem alterando as estratégias de employer branding do mundo corporativo.

Busca pela remuneração personalizada

Muitas empresas brasileiras têm adotado a abordagem da "prateleira de benefícios", um método que permite aos funcionários alocar um valor determinado entre vários benefícios, escolhendo aqueles que mais atendem às suas necessidades específicas.

Essa abordagem personalizada valida os aspectos cruciais para atrair e reter profissionais da geração Z, de acordo com o estudo divulgado pelo MIT Sloan School of Management.

Esses pontos destacam a importância de:

  • oferecer horários flexíveis (88%);
  • bônus (77%);
  • planos de saúde (69%);
  • acesso a academias ou creches (38%);
  • oportunidade de realizar trabalho voluntário durante o expediente (31%).

Alta rotatividade no currículo

De acordo com Paulo Sardinha, presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos (ABRH), as empresas precisam aceitar a realidade de que os funcionários da geração Z não têm a mesma perspectiva de permanência que as gerações anteriores, especialmente que atuam na área de tecnologia.

“Profissionais das gerações mais antigas dividem o mundo entre ‘empregados e desempregados’. Não era uma opção genuína ser um contratado temporário, um freelancer. Nessa nova geração, não, isso é aceito”, afirma Sardinha para a CNN.

Qual o impacto das novas gerações no mercado de trabalho?

As gerações Z e Y têm causado um impacto substancial no mercado de trabalho, influenciando a forma como as empresas captam talentos, estruturam suas equipes, operam e adaptam seus processos.

A demanda por flexibilidade e ambientes de trabalho mais adaptáveis tem levado as empresas a reavaliar e redesenhar seus modelos tradicionais. Afinal, as gerações Y e Z valorizam culturas organizacionais mais transparentes e autênticas.

Culturas organizacionais inclusivas contribuem mais um ambiente mais empático.Culturas organizacionais inclusivas contribuem mais um ambiente mais empático.Fonte:  GettyImages 

Empresas com propósitos claros e valores alinhados têm mais sucesso em atrair e reter esses profissionais. Assim como a necessidade de inovação constante do mercado, alimentada pela presença natural da tecnologia, pressionam as organizações a se manterem atualizadas e relevantes.

Mas, não podemos nos esquecer da importância de compreender que toda geração é heterogênea e que rotulá-las com estereótipos é cometer um erro recorrente na sociedade.

As acusações de egoísmo e busca por autoafirmação nas gerações mais novas são críticas que também foram feitas anteriormente sobre as gerações mais antigas. Prova disso são os artigos antigos que falam sobre Baby Boomers e geração X da mesma forma como a geração Z e Alpha são tratados atualmente.

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