Como as séries retratam a geração Z?

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Imagem: Netflix

Cada geração que surge causa estranhamento na geração que a antecede. É praticamente natural que isso aconteça: todos nós chocamos a geração dos nossos pais, que também escandalizaram os nossos avós, e assim por diante. A bola da vez é a chamada geração Z, que envolve as pessoas nascidas (em datas aproximadas) entre os anos 2000 e 2010. Ou seja: falamos aqui da geração que hoje está na adolescência ou chegando  à idade adulta.

Estes jovens têm sido alvo de muito escrutínio, já que têm características consideradas bastante específicas. Para exemplificar: eles não priorizam os critérios de sucesso valorizado pelas gerações anteriores, como adquirir um carro ou construir uma carreira sólida em uma empresa apenas. Eles pensam em constituir família muito mais tarde. Eles têm uma sexualidade muito mais fluida, e livres de rótulos que eram fortes nas gerações anteriores. E, claro, eles têm muitas angústias em relação ao futuro que os espera, já que crescem em um mundo com recursos naturais praticamente esgotados.

E como temos contato com tudo isso – especialmente, caso você não seja um membro da geração Z? Uma das respostas, claro, está no retrato que as séries de TV fazem dela. Vale lembrar aqui que a própria ideia de falar do perfil de uma geração envolve colocar um rótulo – o que, por vezes, pode ser bem redutor da complexidade que envolve milhares de pessoas.

Por isso, um passeio pelas séries presentes nos streamings consegue nos trazer boas pistas de que nem todo jovem representa as mesmas características de uma geração. E essa é a parte mais legal: de ver o quanto estas narrativas têm a capacidade de nos fazer adentrar em outras mentes, outras idades, outras lógicas. Por isso, caso você queira saber mais sobre a geração Z, talvez seja uma boa ideia assistir às séries que indicamos aqui.

Euphoria

(Fonte: HBO)(Fonte: HBO)Fonte:  HBO 

É impossível falar de geração Z e não mencionar Euphoria. A série sensação da HBO é uma febre entre muitos adolescentes e jovens adultos – e, se isso acontece, temos aqui uma boa pista de que, de fato, Euphoria está representando os anseios destas pessoas.

Euphoria trata do cotidiano de um grupo de amigas que cursa o ensino médio numa cidade interiorana nos Estados Unidos. O fio condutor é Rue (vivida pela atriz Zendaya, que se tornou praticamente um símbolo desta geração), uma adolescente que enfrenta um vício fortíssimo em drogas, o qual é tratado de forma bastante franca na narrativa em off com a qual ela conduz os episódios.

Em volta dela, aparecem suas amigas, que são bem diferentes umas das outras. Cassie (Sidney Sweeney) é uma moça voluptuosa e sensível, que não consegue ficar solteira, nem deixar de sofrer por cada namorado; Maddy (Alexa Deme) encontra a sua identidade a partir da expressão de sua autoconfiança, ainda que seja sistematicamente abusada pelo namorado; Kat (Barbie Ferreira) é uma adolescente que começa a série como patinho feio do grupo e, muito rapidamente, se empodera ao assumir-se como mulher gorda capaz de conseguir o que quiser; e Jules (Hunter Scheffer) é uma adolescente trans, que tem suas próprias questões com sua sexualidade e, por isso, costuma se colocar em situações arriscadas com homens desconhecidos.

O retrato feito aqui desta juventude não tem nada de leve. Euphoria é uma série densa, que vai muito além do tema “sexo e drogas”, como algumas pessoas acreditam. Na verdade, ela retrata uma espécie de desilusão inerente numa geração que, muitas vezes, sente-se abandonada pelo próprio mundo. Rue, por exemplo, sabe que tem um sério problema com drogas, mas não consegue se afastar do vício – até porque não há nada mais importante na sua vida que isso.

Sex Education

(Fonte: Netflix)(Fonte: Netflix)Fonte:  Netflix 

Sex Education, da Netflix, faz um retrato oposto e leva a sexualidade adolescente para um campo mais voltado ao humor. A premissa é bem interessante. Otis (Asa Butterfield) é um adolescente meio tímido que, paradoxalmente, tem uma mãe bem prafrentex - a terapeuta sexual Jean (Gillian Anderson, de Arquivo X). Por um acaso, ele acaba se tornando uma espécie de terapeuta para os colegas de escola, todos cheios de crises com suas vidas sexuais.

O mais curioso é que o próprio Otis tem as suas dificuldades. Ele enfrenta uma barreira com o próprio corpo, e não consegue colocar em prática aquilo que aconselha aos colegas. Ao mesmo tempo, todos os seus amigos trazem suas questões: Eric (Ncuti Gatwa) luta para adquirir popularidade no colégio; Maeve (Emma Mackey) é uma moça inteligente que descobre uma gravidez não planejada; Adam (Connor Swindells) precisa lidar com a dureza que é ter um pai ultra rígido.

Existe na série uma espécie de discussão sobre se ter acesso ilimitado à informação (característica das atuais gerações) significa, necessariamente, estar mais informado e liberto de tabus.

Atypical

(Fonte: Netflix)(Fonte: Netflix)Fonte:  Netflix 

Atypical, da Netflix, é uma série muito querida do público jovem. Ela foca na vida de Sam Gardner (vivido por Keir Gilchrist), que é um autista de 18 anos que luta por buscar sua independência. Durante as temporadas, ele batalha por conquistas sucessivas: ter uma namorada, entrar na faculdade, morar sozinho.

A série é bastante sensível e consegue trazer identificação aos adolescentes - independente de serem pessoas neurodivergentes ou não. Isto porque a vida de Sam envolve não apenas as suas dificuldades, mas as de sua família. O pai e a mãe passam alguns conflitos conjugais, agravados pelo fato de terem que lidar com um filho autista; e a irmã, Casey (uma personagem também muito amada pelo público, vivida pela atriz Brigette Lundy-Paine) está num processo de descoberta da própria sexualidade.

Eu Nunca...

(Fonte: Netflix)(Fonte: Netflix)Fonte:  Netflix 

Mais uma série de Mindy Kaling (que produz também A vida sexual das universitárias, da HBO), mas esta mais voltada ao público que ainda está no colégio. Ela foca na história de uma garota indiana (assim como a própria Kaling) que lida com a morte do pai e com seus demais conflitos. Entre eles, a descoberta dos primeiros amores (ela fica dividida entre um garoto popular e um nerd) e a relação conturbada com a sua própria cultura (a princípio, ela rejeita suas origens indianas).

Eu Nunca..., portanto, é uma série sobre amadurecimento – tema que, é claro, tem apelo universal, pois diz respeito à vida de todo jovem que já passou por esse mundo. Mas talvez a grande riqueza destas séries sobre a geração Z, diferente das narrativas adolescentes de outras décadas (alguém lembra de Anos Incríveis ou Barrados no Baile?), é que elas não se esforçam em passar lições de moral, ou discursos edificantes. Elas parecem apenas querer retratar a adolescência como ela é.

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